quarta-feira, dezembro 16, 2015

David Gilmour emociona público em São Paulo com músicas de Pink Floyd

São Paulo é levado para outra dimensão pela primeira vez através da janela aberta por David Gilmour e seu conjunto impressionante de músicos.


A primeira vez de David Gilmour em São Paulo não poderia ter sido diferente. Após expectativas mil, finalmente a voz e guitarra do Pink Floyd toca na cidade da garoa. Lançando seu mais novo álbum, Rattle that Lock, Gilmour se apresentou diante de um estádio lotado, com 45.000 pessoas cantando suas músicas. O impressionante jogo de luzes, combinado com as imagens no telão redondo logo acima da banda, impressionava pela resolução e similaridade com o que foi utilizado na turnê de Pulse, do Pink Floyd. David Gilmour começa seu show com 5 A.M. de seu mais novo lançamento Rattle that Lock emendando com mais duas do mesmo álbum, Rattle that Lock e Faces of Stone - uma das músicas mais incríveis deste álbum novo. O primeiro clássico do Pink Floyd da noite levou as pessoas no estádio á loucura, Wish You Were Here foi comemorado como um gol do Palmeiras naquela noite - tendo em vista que o show ocorreu no Allianz Parque, novo estádio do time alviverde de São Paulo. Celulares iluminavam a arena como luzes numa árvore de natal. Incrível momento de união poderia ser sentido, exceto para algumas pessoas que eram intimadas a abaixarem seu celular pois constantemente filmavam o que acontecia no palco, incomodando aos que queriam ver o show. Antes de iniciar A Boat Lies Waiting, Gilmour pediu que a platéia fizesse silêncio para uma das músicas mais introvertidas do álbum Rattle that Lock. Era impressionante o talento dos backing vocals até agora, pois faziam uma harmonia incrível com a voz de Gilmour. Com a próxima música da noite, The Blue, do álbum On An Island (2006), Gilmour deixou a platéia extasiada com o grande trabalho de guitarra. O público voltou a agitar muito com Money, outro clássico do Pink Floyd vindo do grandioso multiplatinado The Dark Side of the Moon (1973). Destaque para o garoto João de Macedo Mello, o multi-instrumentista de 20 anos e seu saxofone, que levaram o público ao delírio com seu solo de de sax no ponto alto da música. Incrível!
O próximo gol da noite foi com Us And Them, também do álbum The Dark Side Of The Moon
(1973), mais uma vez provando que João não foi escolhido só por ser brasileiro, mas sim por ser um excelente músico. Com In Any Tongue, do álbum Rattle that Lock, Gilmour mostrou sua grande crítica ás guerras no telão, mostrando em desenhos, um soldado matando uma criança, por acaso e possivelmente inocentes em um ambiente que parecia ser o Iraque. O soldado entrou em conflito e seu coração não quis mais guerra - no final da música o mesmo soldado acaba morrendo naquele deserto, sozinho e um ciclo se fecha. O recado foi forte e me pegou de surpresa. Para aliviar a tensão o sino era iluminado por uma luz no palco e High Hopes, do álbum The Division Bell (1994), revelava suas primeiras notas. Que música incrível. A voz suave e mágica de Gilmour combinada com o piano vibravam pelo estádio, levando a maioria para aquele Mundo retratado no telão, com céu azul e campos que não possuíam fim. Com o fim da música, Gilmour anuncia que teremos 20 minutos de intervalo, deixando assim o palco. As luzes se apagam e a banda retorna para a segunda parte do show com Astronomy Domine, do álbum The Piper of the Gates of Dawn (1967), composta pelo guitarrista/vocalista Syd Barret, falecido em 2006 com 60 anos vítima do câncer ou do diabetes - não se tem certeza ao certo. A banda emendou logo com Shine On You Crazy Diamond, do álbum The Dark Side Of The Moon (1973) (levando mais uma vez o público ao delírio, e a cena do Mar de celulares ligados se repetia. O público em si fazia um show por si só, cantando as músicas de cabo a rabo em uníssono. Impressionante. Um dos momentos mais interessantes foi a escolha de Gilmour em tocar Fat Old Sun do álbum Atom Heart Mother (1970) - aquele da vaca na capa. Tenho certeza de que ele juntou o útil ao agradável, já que a música é de sua autoria - uma curiosidade é que Gilmour gravou todos os instrumentos quando a música foi gravada no Abbey Road Studios.
A maioria nem percebeu que aquela música se tratava de uma música de um dos melhores álbuns do Pink Floyd. Gilmour continuou seu set com a música do álbum On An Island (2006), chamada On An Island emendando em ritmo noir a incrível The Girl In The Yellow Dress e Today - que finalmente contou com solos de Phil Manzarena, ambas do álbum Rattle that Lock. Impressionante foi a escolha de Sorrow do álbum A Momentary Lapse of Reason (1987) para este show - outra música composta por David Gilmour para o Pink Floyd. Disse ele em algumas entrevistas que esta música foi escrita a princípio como um poema e depois a música foi escrita para ele - foi utilizada uma bateria eletrônica para esta música nas gravações. Com Run Like Hell, do The Wall (1974), muitos presentes confundiram esta com Another Brick In The Wall, do mesmo álbum, o que achei no mínimo estranho - pois havia muitos fãs de Pink Floyd na platéia. O guitarrista depois se despediu do público apenas para voltar novamente com Time, do álbum The Dark Side Of The Moon (1973) - um verdadeiro clássico do Pink Floyd, emendando com Breathe (In the Air) do mesmo álbum - um momento em que o ar já me faltava de tanta apreensão.
David Gilmour e sua guitarra havaiana (slide guitar) são simplesmente únicas e cativantes. O inglês terminou seu show com nada mais, nada menos que Comfortably Numb, do álbum The Wall, levando muitos a chorar copiosamente - principalmente na hora do solo de Gilmour, considerado um dos solos mais bonitos já criados para uma música. Assim terminava a catarse coletiva, um dos momentos mais incríveis já presenciadas por este que vos escreve. Fico feliz que David Gilmour continua tocando e criando músicas incríveis e que nunca se esqueça do que rolou naquele estádio. Certamente ocorrerá todas as vezes que voltará a tocar aqui. Inesquecível!

sexta-feira, dezembro 11, 2015

Coletiva de Imprensa David Gilmour

Antes dos shows que ocorrerão no Brasil e na América do Sul, David deu uma coletiva de imprensa, falando sobre o álbum novo Rattle That Lock e sua relação com Roger Waters.


David Gilmour, ex-guitarrista e vocalista da banda inglesa Pink Floyd, está no Brasil para uma série de apresentações. A primeira delas será nesta sexta-feira, 11, no Allianz Parque, em São Paulo, e a segunda no dia 12, sábado, no mesmo local. O restante dos shows no Brasil são Curitiba (14, Pedreira Paulo Leminski) e Porto Alegre (16 na Arena do Grêmio). O músico de 69 anos participou de uma entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, 10, ao lado do palco em que ocorrerão os shows em São Paulo.
Com bom humor, educação, mas bem ligado nas perguntas, Gilmour respondeu que não tem ainda opinião formada sobre o Brasil. Disse ele, que só conhece o que viu dentro da van – despertando risadas nos jornalistas presentes. “Eu desembarquei, passei rápido pelo hotel e vim para cá falar com vocês” – disse. Mas, óbviamente, disse que a primeira vez em um país é sempre estimulante, principalmente no Brasil. David disse que sempre quis vir ao Brasil e por sorte desta vez deu tudo certo e está aqui em um bom momento, disse o inglês com um sorriso no rosto. “Ainda estou vivo e minha vida é esta, tocar”, completou. David disse ainda que não tem nada de diferente ou especial preparado para o público brasileiro. Complementou garantindo,  no entanto, que o show por si próprio será algo bem especial.

Confessou para os jornalistas presentes não conhecer quase nada da música ou da cultura brasileira, mas também aliviou que agora tem uma conexão com o nosso país – o novo saxofonista dele, João de Macedo Mello, de 20 anos, que também estava na coletiva, nasceu no Paraná. Quanto ao setlist do show, será uma mistura de material solo, dando ênfase as faixas do Rattle That Lock, seu álbum solo mais recente, e algumas clássicas do Pink Floyd. Disse ainda que homenageará o cultuado Syd Barrett, primeiro guitarrista da banda, com a viajante e espacial “Astronomy Domine”. Gilmour no obstante garante que é difícil montar um repertório que agrade todo o mundo. “Eu tenho que ficar satisfeito com o que toco no palco, assim como o público, é claro”, diz ele. “Mas é muito material, muita coisa. É natural que algumas coisas fiquem de fora”, explica.
Também estavam na coletiva o guitarrista Phil Manzanera (ex-Roxy Music e produtor dos álbuns desde On an Island, de Gilmour) e Polly Samsom, esposa de Gilmour, escritora, letrista e jornalista do The Observer, resposnável pelas letras de The Division Bell (1994), do Pink Floyd, como também  auxilia nos projetos solos do marido. “Eu e a Polly colaboramos há mais de 20 anos. É uma satisfação trabalhar com Polly. Ela me ajuda de muitas formas. Polly também está no Brasil para divulgar o livro Um Ato de Bondade (The Kindness em inglês), que está saindo pela editora Record. O legal que David Gilmore pronunciou o nome do livro em português, levando todos na sala a se surprender com tal ousadia.
Sobre as comparações de seu álbum “Rattle that Lock” lançado este ano com o álbum mais pop de sua carreira, o ótimo “About Face” (1984), David disse que Phil somente juntou músicas que ele compôs e as produziu e que não era intenção de Phil, muito menos de David, fazer deste álbum novo, um álbum de fácil audição e sim, um álbum que retrata seu momento pessoal na vida. Como todos já devem saber, o Pink Floyd nunca mais retornará, apesar de Gilmour e o baixista Roger Waters não se odeiam mais tanto como nos anos 1980 e 1990. O guitarrista recorda que a última vez que os integrantes do Pink Floyd tocaram juntos, em uma ocasião especial no Live 8 em 2005, houve tensão e recordações indesejadas. “Aquela foi uma causa beneficente importante e não podemos falar não para os organizadores”, ele recordou. “Mas teve momentos de tensão e discussão. Eu pensava: ‘por qual motivo ainda estou ao lado dessa gente?’ E quanto ao Roger, eu tive que lembrá-lo que ele era apenas um convidado naquela ocasião. Ele interferiu, quis mexer no repertório, mas a minha palavra prevaleceu” -disse. Sobre seu aparecimento surpresa dele e do ex-baterista Nick Mason em um show de Waters no O2, em Londres, em 2011, Gilmour lembra: “Bem, aquilo começou como piada”, disse o guitarrista. “Nós iríamos cantar, só de brincadeira, ‘To Know Him is To Love Him’, dos Teddy Bears, ex-grupo do Phil Spector. Fazíamos essa nos ensaios do Pink Floyd. Mas resolvemos no final fazer 'Comfortably Numb', de The Wall. E deu certo”.

quarta-feira, novembro 18, 2015

Chuva, Emoção e muitos clássicos: Pearl Jam em São Paulo

Pearl Jam veio á São Paulo e fez extenso show num Estádio do Morumbi lotado e iluminado por um mar de luzes em homenagem ás vítimas de Paris, na França


O Pearl Jam veio ao Brasil divulgar seu mais recente álbum, o Lightning Bolt e uma das paradas da banda foi no Estádio do Morumbi em São Paulo, com ingressos esgotados.  Os americanos trouxeram em sua formação Eddie Vedder, Stone Gossard, Jeff Ament, Mike McCready e Matt Cameron, este último também baterista dos conterrâneos de Seattle, o Soundgarden. As luzes do estádio se apagaram para o início da apresentação ás 21:00 horas aproximadamente. A banda inicia sua apresentação com a faixa Long Road que foi retirada da trilha sonora do filme “Os Últimos Passos de um Homem” (Dead Man Walking) com Sean Penn e Susan Sarandon no papel principal de Tim Robbins – um drama muito bom dos anos 90 e que teve como destaque Susan Sarandon, que venceu o MTV Movie Awards na categoria melhor atriz. A banda continuou com Of the Girl, do álbum Binaural (2000) e Love Boat Captain do álbum Riot Act (2002) – cá entre nós um início bastante morno para um show com estádio lotado. 

O show realmente começa com os fãs pulando com Do the Evolution do álbum Yield (1998), na minha opinião, uma das melhores músicas já compostas pela banda. O clipe foi todo feito á mão por Todd McFarlane, que na época ficou muito famoso depois de debutar em clipes de rock com a música Freak On a Leash do Korn. A banda continou agitando muito o público com Hail,Hail retirado do No Code (1996)- um dos álbuns que na época era considerado o mais diversificado até então, pois incluía estilos do garage rock, worlbeat, psicodelismo e experimentalismo em suas composições. Um álbum considerado mal recebido pelos fãs na época, mas muito bem recebido na noite. A banda logo depois mandou Why Go, primeiro sucesso da noite retirado do incrível Ten (1991), que pela imprensa não é considerado um álbum típico da cena grunge e muitas vezes foi acusado de pular na cena grunge como lobo em trajes de ovelha por ser um típico álbum de rock alternativo. Logo depois Eddie Vedder se diz muito feliz em estar em território brasileiro e pede para que as pessoas cuidem um dos outros na platéia e se respeitem. 
Pearl Jam é uma daquelas bandas que já sofreram com tragédias em estádios como na turnê européia de 2000 no Festival Roskilde na Dinamarca, onde um pânico generalizado teve fãs pisoteados e sufocados. A banda sabe muito bem hoje como controlar situações de risco. A banda continuou o show com Getaway e Mind Your Manners, ambas retiradas do álbum Lightning Bolt (2013). Percebia-se que havia uma mudança de palco quando o Pearl Jam tocava músicas deste álbum, pois se utilizavam de outro tipo de iluminação que suspendia do teto e dava a impressão de serem catalizadores de energia. Com Deep, o Pearl Jam retorna ao Tem (1991) levando muitos fãs á loucura com a guitarra distorcida de Michael “Mike” David McCready. A banda viaja um pouco ao passado com Corduroy, do álbum Vitalogy (1994) desta vez mostrando um pouco de sua influência no grunge. Em Lightning Bolt, a banda já percebia que o tempo estava virando e o vento havia se tornado muito forte movimentando muito a iluminação do teto. Em Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town do álbum VS.(1993) Eddie decide fazer um solo para que os técnicos pudessem fazer a manutenção na iluminação do palco – o que não adiantou muita coisa. A banda no entanto continuou seu show normalmente e toca Even Flow do álbum Ten (1991) para a alegria dos fãs. 
Logo depois de um clássico, a banda dá um balde de água fria com a balada Come Back do álbum Pearl Jam (2006) logo retornando ao álbum Lightning Bolt (2013) com Swallowed Whole. Com Given to Fly, a banda lembra do álbum Yield (1998) pela última vez, mas com chave de ouro – uma das músicas mais belas do Pearl Jam. Neste momento começa a chover no estádio. Mas os fãs pareciam não se importar assim que a banda inicia Jeremy, o grande clássico do álbum Ten (1991). A banda emenda o clássico com outro que foi viral nas rádios nos anos 90, Better Man do álbum Vitalogy (1994). A banda deixa o púbclio para um breve descanso após tocarem um dos clássicos da Era Grunge com Rearviewmirror retirado do álbum Vs.(1993). Após uns dez minutos, a banda retorna com Eddie agradecendo o público por estarem presentes e que para eles aquele momento era muito especial após quase dois anos em turnê com o álbum Lightning Bolt iniciando o segundo tempo com Footsteps, retirado do single Jeremy e raramente lembrado pela banda nos shows. Logo depois a banda faz uma cover para Imagine de John Lennon, dedicada ás vítimas do atentado terrorista em Paris, na França, matando 135 pessoas e deixando mais de 300 feridas. O público dando um show á parte, iluminando o estádio inteiro com os celulares. Belíssima imagem. 
   
 A banda continuou seu set com Sirens, do álbum Lightning Bolt (2013), uma das músicas muito bem recebidas pelo público retornando para o Vitalogy (1994) com Whipping – uma das músicas mais agitadas do álbum, levando todos do público a agitar com a banda. A calmaria a la R.E.M. retorna ao set com I Am Mine do álbum Riot Act (2002) e ela logo é desfeita com a incrível Blood do álbum Vs. (1993) um dos álbuns que mais simboliza o grunge na carreira do Pearl Jam -  com direito a Matt Cameron castigando a bateria sem piedade. A banda termina o segundo tempo com o clássico Porch do álbum Ten (1991).
O terceiro tempo inicia após um breve intervalo com Comatose, retirado do álbum Pearl Jam (2006) e emendam com State of Love and Trust, música retirada da trilha sonora do filme Vida de Solteiro de 1992 que também incluía músicas de bandas como Alice in Chains, Bruce Springsteen, Johnny Cash, Patti Smith, entre outros. Altamente recomendado. A banda continuou seu set com outro clássico do álbum Ten (1991), anunciando Black – um dos pontos altos do show junto com Alive, música tocada logo depois. A banda, ainda bastante chocada com o acontecimento do dia anterior ainda homenageou o direito a livre expressão com a cover para Neil Young  - Rockin’ in the Free World. A banda encerra seu show retornando áquele fatídico primeiro single de sua extensa discografia, o Jeremy, tocando Yellow Ledbetter, uma das baladas mais belas da banda. 
Um show que agradou alguns, outros acharam que faltou mais músicas que impactaram na cena grunge, mas preciso admitir que a banda com seu líder Eddie Vedder cumpre o que promete. Fez um show extenso, percorrendo toda a carreira da banda, executando praticamente todos seus sucessos. Isto precisa ser reconhecido e certamente foi um dos grandes shows do ano.

Fotos: G1 Globo

terça-feira, outubro 27, 2015

Muse traz turnê "Drones" para São Paulo

Maglore abriu o show dos inglêses em São Paulo mostrando ao público músicas do recém lançado álbum "III" 


Com muitos shows rolando no final de semana e o advento do ENEM, o Muse teve a árdua tarefa de lotar o novo estádio do Palmeiras, o Allianz Arena. Para dar uma força aos ingleses, a banda que ficou responsável pela abertura do show foi a Maglore, de Salvador, Bahia. Os soteropolitanos Teago Oliveira (voz e guitarra), Rodrigo Damati (baixo) e Felipe Dieder (bateria) estão lançando seu mais novo petardo, o aclamado pela cena indie “III” e aproveitaram o gancho para mostrar aos fãs do Muse um pouco de sua música. Começando os trabalhos um pouco mais tarde que o prometido, a banda adentra ao palco umas 19:45 e iniciam com a interessante O Sol Chegou do álbum novo “III” que com o baixo ritmado de Rodrigo, levou algumas pessoas a prestarem atenção ao que a banda estava tocando. Com Vamos pra Rua, música do segundo álbum que leva o mesmo nome, deixou ainda mais clara a grande influência que as bandas mais novas estão tendo com a grande explosão de bandas indies na Inglaterra. A influência clara de bandas como Artic Monkeys, Kasabian, Franz Ferdinand, Travis, Kaiser Chiefs e outras. O vocal e guitarrista Teago não perde tempo e logo começa com a seguinte música de seu setlist – Espelho do Banheiro, do segundo álbum Vamos Pra Rua. Com Invejosa, música do álbum novo III, percebo que há diversas pessoas prestando muita atenção ao show e até cantarolando junto. A banda ainda tocou Serena Noche – do álbum novo III, Beleza de Você do álbum Vamos Pra Rua e encerraram o show com Dança Diferente e Mantra, sendo ovacionados pelo público que já ansiosamente esperava pela apresentação do Muse. Penso que o trio fez uma ótima apresentação, mas acredito que teria sido melhor recepcionado se tivesse tocado com o Los Hermanos – banda que os influenciou fortemente também.
O Muse entrou no palco uma hora depois. Ás 21:00 aproximadamente as luzes se apagam e Matthew Bellamy (vocal /guitarra), Christopher Wostenholme (baixo) e Dominic Howard (bateria) adentram ao palco com Psycho, uma das músicas mais contagiantes do álbum novo Drones (2015) emendando logo com Reapers, também do álbum novo. Com Plug In Baby, do álbum Origin of Symmetry (2001) a banda já lança o primeiro clássico para o deleite dos fãs, que a recebe com muito vigor -  com gritos e celulares em punho, registrando assim cada minuto. Com The Handler, do álbum Drones (2015), Christopher logo precisa mostrar a que veio, pois é uma música que precisa e muito do preenchimento com o baixo – a bateria de Dominic em muitos momentos faz apenas o básico e na maioria das vezes é complementada pelos efeitos de samplers. Com The 2nd Law: Unsustainable, do álbum The 2nd Law (2012), isto fica ainda mais evidente. Com Dead Inside, a poderosa música que abre o novo álbum Drones, me pareceu um pouco diferente ao vivo. Tive a impressão de que um dos samplers de Dominic deixaram de funcionar em algum momento – mas nada parecido com a última apresentação no Lollapalooza em 2014. A voz de Bellamy, impecável, mostra todo o seu potencial com Resistance, do álbum  The Resistance (2009) – um dos momentos em que sua voz é mais necessitada.
Nota-se a clara inspiração de Muse em Queen em diversos momentos, principalmente no refrão desta música – um dos momentos mais incríveis da noite. Com Muscle Museum do álbum Showbiz (1999) a banda volta aos anos 90 com classe e emenda com Citizen Erased, do álbum Origin of Symmetry (2001) entrando num momento peculiar de introversão no show, com Bellamy e sua guitarra e Dominic interpretando um dos momentos mais intensos do show. A banda logo emenda com Muscle Museum, o único solo de Dominic e Christopher juntos no show inteiro – sem Bellamy no palco. Com Madness, do álbum 2nd Law (2012), a banda se junta novamente para uma das melhores músicas de seu repertório e emendam com Supermassive Black Hole, clássico do petardo Black Holes and Revelations (2006) - momento em que houve uma grande sinergia entre público e banda tornando-se o ponto alto do show. As dancinhas de Bellamy e Christopher naquele momento no palco eram simplesmente impagáveis, pois balançavam suas finas cinturas com muita dificuldade – diferente dos fãs brasileiros na platéia. O setlist seguiu com Time Is Running Out, do álbum Absolution (2002) que com o cronômetro no fundo do palco, demonstrava que estávamos próximos do fim do show, mas também indicava que a banda não deixava a empolgação do público esfriar.
Com Starlight, música do álbum Black Holes and Revelations (2006), fiquei impressionado como esta música é um tributo descarado para Queen – até a guitarra de Bellamy é configurada semelhante ao Brian May para esta música. Deixa ainda mais evidente que a banda sabe muito bem escolher seu setlist , sendo esta uma das melhores músicas de seu repertório e que também inclui uma das melhores combinações de samplers e instrumentos. A banda deixa o palco após tocar Uprising, do álbum The Resistance (2009) – com direito á enormes balões pretos, que ao serem estourados soltavam confete branco no público.  A banda retorna ao palco e toca Mercy, do álbum Drones (2015), um dos momentos mais celebrados pelos fãs.
Finalmente, com uma introdução incrível de Ennio Morricone por parte de Matthew Bellamy, a banda encerra seu show com Knights of Cydonia, do álbum Black Holes and Revelations (2006) uma das músicas mais legais dos britânicos, com explosões de confete e fitas brancas e vermelhas.Que maneira incrível de encerrar um show! Acho que a banda fez um dos melhores shows em São Paulo até a atual data, mas fico mais uma vez me questionando por que a banda não incluiu em seu setlist uma das melhores músicas de seu repertório - Supremacy, do álbum The 2nd Law. Espero que esta volte ao setlist quando a banda retornar ao Brasil numa próxima oportunidade.

Fotos: Edi Fortini

sexta-feira, outubro 16, 2015

A-ha traz a turnê Cast In Steel para São Paulo no Espaço das Américas

Banda veio á São Paulo e faz revival de seus grandes clássicos com pouca atenção ao seu novo lançamento Cast In Steel


A banda norueguesa A-ha volta á cidade da garoa depois de se despedir de seu público em 2010 e trouxe na sua bagagem o novo álbum Cast In Steel – um álbum muito bem recebido pelo público e crítica. O show começou ás 22:15 e a banda foi recebida por um público sedento pelos clássicos. Era exatamente isto que a banda, formada por Magne Furuholmen (teclado), Morten Harket (vocais) e Paul Waaktaar-Savoy (guitarra) tinham em mente. A banda começou seu show com a música Cast in Steel, do álbum novo que leva o mesmo nome e emendou com a bela I’ve Been Losing You do álbum Scoundrel Days (1986). Mais adiante entraria o também hit oitentista Cry Wolf.
 Estava desenhada pelo A-ha uma curva crescente de emoção que logo arrebentaria em Move to Memphis do álbum Memorial Beach (1993) e Mythomania, do álbum Cast In Steel (2015), muito bem recebidas pelo público. Dali em frente, foi apenas questão de os seis músicos envolvidos (guitarra, baixo, bateria e um par de teclados) manterem a empatia conquistada. Morten um tanto tímido, se mostrava um tanto distante do restante dos integrantes, até Magne começar a conversar com o público e interagir com ele. Parece que Morten precisa de um empurrão para se soltar um pouco junto com Paul. Com Stay on these Roads a banda realmente engatou com os clássicos, sendo este do notório Stay on These Roads (1988) que desesperou algumas garotas que atrás de mim estavam. Gritavam desesperadamente atrapalhando e muito o clima da música.
Falando no público, era uma platéia majoritariamente nos trinta e quarenta anos vestindo camisetas aleatórias de Simply Red a Kiss e Iron Maiden, inflitrado por centenas de novinhos, de Budweiser à mão, que só devem conhecer The Living Daylights das vitrolas maternas. A banda continuou seu setlist com Scoundrel Days e Soft Rains of April ambas do álbum Scoundrel Days (1986) – interessante é que a banda não se distanciou muito do setlist de despedida em 2010 quando continuaram o setlist com o megahit Crying in the Rain do álbum East of the Sun, West of the Moon onde alguns mais exaltados gritavam algo sobre lamber as lágrimas de Morten Harket – detalhe, com a namorada do lado. Curioso é que esta música foi também gravada por uma de minhas bandas favoritas, o Everly Brothers – um dos pontos altos do show. A poderosa We’re Looking for the Whales e Swing of Things, ambas do álbum Scoundrel Days (1986) deram seqüência ao momento tecnopop romântico e trouxeram ainda mais exaltação ao público, muito participativo. Uma das surpresas foi a inclusão da música Foot of the Mountain, do álbum homônimo de 2009 que cá entre nós traz uma linha de teclados meio synthpop incríveis e absurdamente contagiosas. Via-se muitas pessoas dançando entre o público.
Mais dançante do que esta, somente You Are the One, do álbum Stay on These Roads (1988) que levou o Espaço das Américas ao delírio com o ótimo acompanhamento do sintetizador, que substituem o som das trumpetes – clássico dos anos 80. Deram seqüência ao show com Sycamore Leaves, do álbum East of the Sun, West of the Moon e deixaram o palco com o sucesso Hunting High and Low, do álbum Hunting High and Low (1985) – um karaokê coletivo ocorreu neste momento e a sensualidade foi aflorada com o ritmo meio bossa nova que a música possui. A banda sai do palco para voltar para o bis com The Sun Always Shines on TV com imagens de São Paulo no telão no fundo do palco. Achei muito legal que a banda se preocupou com este detalhe, pois deixaram claro que sabiam que São Paulo era famosa por ser a cidade da garoa. Seguiram o setlist com a nova Under the Makeup, do Cast in Steel e preciso admitir que prefiro a versão do álbum – a banda inventou uma versão diferente da música e a interpretaram num estilo mais acústico. Na minha opinião seria mais válido se tivessem a divulgado como ela é originalmente. Deixaram o palco pela segunda vez com o clássico já mencionado nesta resenha, The Living Daylights do álbum Stay on These Roads (1988) que contou com Morten Harket descendo do palco para cumprimentar os fãs que estavam na grade, próximas ao palco.
A banda deixa o palco e sobre o gritos do público, o A-ha retorna o palco para tocar justamente a música que faltava, Take On Me, clássico do álbum Hunting High and Low (1985). Neste momento a grande maioria do público escolheu dançar e deixar a boa energia da música entrar em seus corpos. Que momento de sinergia incrível! Após finalizar a música a banda se despede do público e deixa um gosto meio de “quero mais” na boa da maioria dos fãs. Penso que poderiam ter tocado mais de suas músicas mais recentes, como dos álbuns Lifelines, Analogue e Minor Earth, Major Sky – quem sabe da próxima vez quando eles vierem para São Paulo. Um grande show, que demonstrou que a vibração dos anos 80 ainda está mais viva do que nunca!

quinta-feira, outubro 15, 2015

Blind Guardian e Público realizam um dos shows do ano no Tom Brasil

Alemães retornaram ao Brasil divulgando seu mais novo álbum Beyond the Red MIrror

Hansi Kürsch


Os alemães do Blind Guardian voltaram á São Paulo e trouxeram em sua bagagem nada mais nada menos que seu último e décimo álbum de estúdio chamado Beyond the Red Mirror. Um álbum conceitual que traz a seqüência para o álbum mais bem sucedido da banda, o Imaginations From the Other Side (1995). A expectativa dos fãs era imensa até as luzes se apagarem no Tom Brasil (ex-HSBC Hall) e a banda pisar no palco para iniciar seu show com a poderosa The Ninth Wave, música retirada do álbum novo. Com um Hansi Kürsch comunicativo e que se movimentava muito no palco, a banda logo emenda o primeiro clássico da noite com Banish from Sanctuary do álbum Follow the Blind (1989) – impressionante como a adição de Barend Curbois (baixo) e Michael Schüren (teclados) engrandeceu o poder musical da banda, já que a versão de estúdio da música não chega nem perto de tantos detalhes.
Michael Schüren
Acredito que a opção de Hansi Kürsch de ter se concentrado somente em sua voz, a opção mais correta para a banda. O que achei estranho, no entanto, é não colocarem Curbois ao lado dos guitarristas André Olbrich e Marcus Siepen e sim, colocaram o baixista ao lado da bateria, ao lado do novo dono das baquetas Frederik Ehmke.
Barend Curbois

Após um breve boa noite, Hansi pergunta aos fãs se eles preferem o setlist longo ou o curto, obviamente com o público respondendo em uníssono que o setlist longo era a opção. Hansi, satisfeito, continuou o setlist da noite com a poderosa Nightfall do encantador álbum Nightfall in Middle Earth (1998) que cá entre nós, é uma das maiores obras musicais da história do Power Metal – o público naquele instante cantava junto cada trecho da música. A banda continuou o show com Fly do álbum A Twist in the Myth (2006) e introduziu Tanelorn (Into the Void) do grandioso At the Edge of Time (2010) contando a história da cidade de Tanelorn ou Cidade Eterna, que no multiverso de Michael Moorcock se encontra em todos os multiversos ao mesmo tempo, podendo ela sumir e aparecer quando quiser. Com um som incrível a banda percorreu a música com o público na palma da mão. Com a apresentação de Prophecies, do álbum novo Beyond the Red MIrror, a música foi recebida como clássico que contou com solos incríveis de Marcus e André. Com a incrível The Last Candle do álbum Tales from the Twilight World (1998), o Blind Guardian se mostra até mais pesado com Ehmke nas baquetas.
André Olbrich
Logo depois Hansi introduzia Miracle Machine do álbum novo Beyond the Red Mirror e anunciava que esta era inédita para a turnê da América do Sul e especial para o público de São Paulo. Mas uma das mais ovacionadas da noite foi o grande clássico Lord of the Rings do álbum Tales from the Twilight World (1990) com o carismático vocalista introduzindo ela como sendo a história de um Hobbit e seu anel misterioso e Mordor – levando o público ao delírio – destaque para a grande interpretação acústica de Siepen e Olbrich. Kürsch e sua incrível interpretação vocal engrandeceu ainda mais o clima juntamente com os teclados de Schüren – um dos pontos altos da noite. Com Time Stands Still (at the Iron Hill) do álbum Nightfall in Middle-Earth (1998) a banda mostra seu grande poder explosivo com uma das músicas mais poderosas de sua carreira – tudo interpretado com precisão pelo sexteto. Mas antes de deixarem o palco para o bis, os alemães seguiram o set com duas das melhores músicas do incrível Imaginations From the Other Side (1995) a clássica I’m Alive e a que leva o nome do álbum Imaginations From the Other Side para o deleite dos fãs – o melhor, o show ainda não havia terminado.
Marcus Siepen
Apesar do intervalo, a banda retorna para o palco para continuar o setlist com Wheel of Time do álbum At the Edge of Time (2010), Twilight of the Gods do álbum novo Beyond the Red Mirror e a clássica Valhalla do álbum Follow the Blind (1989) que mais uma vez contou com a participação incrível do público no refrão. Impressionante como o público presente em nenhum momento parou de cantar ou participar das músicas, um show a parte. A banda sai do palco novamente com gritos por parte do público para tocarem Majesty, do álbum Battalions of Fear (1988) – e é o que a banda faz ao voltar para o palco pela segunda vez. Ao anunciar a seguinte, The Script For My Requiem, do álbum Imaginations From the Other Side (1995) um arrepio era seguido por pura emoção, afinal, é uma das músicas mais queridas por parte dos fãs. Mas nada foi tão intenso como o momento em que a banda anuncia The Bard´s Song – In the Forest do álbum Somewhere far Beyond (1992). Com um violão cada, André e Marcus levaram o público a cantar o clássico quase sozinho – certamente o ponto alto da noite.
Frederik Ehmke
Há tempos não via um momento tão intenso de troca de energia entre banda/público. Os alemães emendaram o momento mágico com Mirror Mirror do incrível Nightfall in Middle-Earth (1998) e encerraram o show com a cover para o clássico do The Regents, Barbara Ann, que originalmente foi lançada no álbum Follow the Blind e até hoje é uma das músicas covers, mais pedidas pelos fãs. Um show feito por uma banda com mais de 30 anos de experiência, que sabe e conhece muito bem o público que tem e sempre os trata com muito carinho e respeito. Esta troca de energias só poderia resultar num dos momentos mais mágicos entre banda/público do ano! Incrível!

Crédito Fotos Edi Fortini

quarta-feira, outubro 14, 2015

Fear Factory retornou á São Paulo e proporcionou viagem aos anos 90

Marrero, a banda de abertura, faz ótimo show mas seu stoner rock ficou um pouco perdido para um público sedento por metal industrial.


Quando foi divulgado amplamente na imprensa de que o Fear Factory tocaria o Demanufacture inteiro, fiquei um pouco receoso, afinal, há 20 anos este petardo foi lançado no Mundo como uma pedrada na cara dos fãs mais mente fechada dentro do segmento heavy metal. Este grande álbum foi um impacto tão grande no mercado, que aqueceu ao máximo o mercado do metal industrial, causando um impacto estrondoso na mídia e no mercado nos anos 90. Iniciava-se um novo nicho de mercado por causa deste álbum. Nem Rhys Fulber (grande fã de Led Zeppelin e Kraftwerk), responsável pela produção do álbum e produtor de bandas como Frontline Assembly, imaginou que bandas como Paradise Lost (Symbol of Life, In Requiem) e Nailbomb (Proud To Commit Commercial Suicide) procurariam mais tarde seus serviços por causa deste grande álbum. Será que teria o mesmo impacto sobre o público 20 anos depois? Esta era a minha pergunta da noite. Mas antes de saber a resposta, ficaríamos com a banda de abertura Marrero e seu stoner metal. A banda, que nasceu através do vocalista e baixista Voodoo Shyne – que juntou seus amigos Estevan Sinkovitz (guitarrista), Anderson Kratsch (voz) e Felipe Maia (bateria) – deixou a banda e os remanescentes decidiram continuar como um trio. Com músicas como Pense Por Dois, Au e Aquele Mesmo Lance a banda mostrou uma interessante solução para a ausência do baixo, já que Estevan faz sua guitarra soar como se um baixo estivesse acoplado ao seu instrumento. Muito interessante. A simplicidade do som faz a voz grave de Anderson destacar trazendo um efeito muito legal á banda. Achei ousado por parte da banda abrir para o Fear Factory, já que o som de Marrero, mal tinha algo haver com a música dos norte-americanos – o público no entanto aplaudiu e respeitou muito a banda durante o show.  Com a saída da banda Marrero do palco, já se via um público ansioso.  Quando Burton C.Bell, Dino Cazares, Mike Hellner e Tony Campos pisam no palco, uma viagem no tempo aconteceu logo com a pedrada Demanufacture e os riffs pegados de Dino Cazares – sem contar que os vocais de Burton C.Bell estão impecáveis. Rodas eram abertas no público para o delírio da banda, que se empolgou junto com os fãs. Sem muita cerimônia a banda continuou com Self Bias Resistor e Zero Signal, músicas que foram recepcionadas com stage diving e mosh pit. A cozinha Tony Campos e Mike Hellner estava afinadíssima e máquina de “guitar shredding” Dino Cazares, estava muito bem! O quarteto não fez muita cerimônia e seguiu a pedrada com o clássico Replica e a absurdamente contagiante New Breed. Destaque para Burton C.Bell que o tempo todo interagia com o público e pouco se incomodava com os milhares de flashes de câmera que insistiam em persistir durante o show inteiro mesmo com um nível tão intenso de agito por parte do público. Seguiu o show anunciando Dog Day Sunrise e logo emendaram com a minha preferida do álbum: Body Hammer! Que som incrível é este! Ninguém ficou parado quando esta foi tocada. A banda continuou  com Flashpoint, H-K (Hunter-Killer), Pisschrist e finalizou o álbum Demanufacture com A Therapy for Pain. Para quem estava extasiado e ainda com pernas bambas por causa das rodas de mosh, mal imaginavam que Fear Factory ainda não havia terminado seu set. A banda deixou o palco por cinco minutos mas voltou para o bis. Com a grandiosa Shock e a incrível Edgecrusher, ambas do álbum Obsolete (1998) Fear Factory mostra que veio para pôr a Clash Club abaiixo. Com Dielectric, Burton C.Bell se permite juntamente com Dino Cazares, Mike Hellner e Tony Campos, tocar uma música do álbum novo, Genexus (2015) – muito bom por sinal. O quarteto ainda toca Archetype, do álbum Archetype (2004) e encerra o show com Martyr, que conforme Burton C.Bell foi a primeira música composta para o Fear Factory para o  grandioso álbum Soul of a New Machine (1992). Um grande show, que demonstrou que o Fear Factory ainda desperta o mesmo sentimento nos fãs atuais, o que despertava nos anos 90. E sinceramente, mesmo com o álbum novo Genexus, tem como não despertar? Bravo!

sexta-feira, outubro 09, 2015

O Mestre da Flauta Transversal e sua Ópera Rock

Ian Anderson trouxe Jethro Tull repaginado para Ópera Rock no Teatro Bradesco


O mentor da banda de rock progressivo Jethro Tull, Ian Anderson, retorna ao Brasil, para promover seu mais novo desafio, uma Ópera Rock chamada Jethro Tull. Ian Anderson quis com este novo tento celebrar a vida e tempos de um agrônomo e inventor inglês fictício chamado Jethro Tull e foi ilustrada com as músicas mais conhecidas de Anderson e do repertório da banda Jethro Tull. A banda que acompanhou Ian desta vez no luxuoso Teatro Bradesco, dentro do Shopping Bourbon em São Paulo, foi David Goodier (baixo), John O’Hara (teclados), Florian Opahle (guitarra) e Scott Hammond (bateria), contando com cantores virtuais que apareciam para cantar trechos de músicas em alguns momentos no telão. Para ilustrar toda esta história, Ian Anderson se utilizou de filmagens feitas em fazendas, cidades européias e laboratórios – sem contar com interessantes momentos em que a realidade se encontrava com a música com recortes de noticiários de TV. A banda logo inicia seu show com um grande clássico, a poderosa Heavy Horses, retirada do álbum com mesmo nome de 1978. Com a nova roupagem, Anderson quis atualizar sua música utilizando cantores incríveis que retratavam camponeses no telão de fundo. Já na primeira música, percebia-se que o evento era totalmente diferente do que a maioria havia imaginado. Logo o público era surpreendido com  Wind-Up e o estrondoso clássico Aqualung ambas do poderoso clássico álbum Aqualung (1971) que fez a maioria dos fãs se emocionarem muito com a nova versão – mais curta que a original, retratando no telão a sociedade em qual o personagem se encontra. Com Ian trocando momentos de voz com o cantor no telão, a música fluía como magia.
Sua flauta transversal não a havia perdido. Mas o interessante da noite ainda não havia começado, pois Anderson havia guardado pérolas como With You There to Help Me do álbum Benefit (1970), Back to the Family do álbum Stand Up (1969) e Farm on the Freeway do álbum Crest of a Knave (1987), todas reformuladas para a surpresa dos fãs e contando com interpretações incríveis de seus competentes músicos, com destaque para Florian Ophale, que com maestria executava seus solos com muita competência. O flautista seguiu seu set com Prosperous Pasture, Fruits of Frankenfield e a clássica Songs from the Wood, do álbum com mesmo nome de 1977. Em Fruits of Frankenfield, referência ao Frankenstein da Mary Shelley, onde Ian fala de clonagem e engenharia genética. Houve também mudança na letra de Songs form the Wood, ("Let me bring you songs from the wood / to make you feel much better than you could know") virou "Let me bring you songs from the wood / poppies red and roses filled with summer rain".A banda deixa o palco para um intervalo de quinze minutos com um Ian Anderson deixando a mensagem no telão. A banda retorna pontualmente e retoma o show com And the World Feeds Me, logo emendando mais um clássico com Living in the Past, levando os fãs à loucura. A banda segue seu set com Jack-In-The-Green do álbum Songs from the Wood e The Witch’s Promise do álbum Living in the Past, que trazia Ian Anderson mais jovem no telão tocando sua flauta transversal no fundo do palco. Weathercock, traz Ian com sua charmosa ukelele e interpreta uma das músicas mais emblemáticas do álbum Heavy Horses. Uma nova música veio logo depois, com Stick, Twist, Bust com destaque para a interpretação do tecladista John O’Hara.
Cheap Day Return veio logo depois para representar mais uma vez o clássico Aqualung junto a A New Day Yesterday do álbum Stand Up (1969) que marca a banda deixando o palco para entrar novamente logo depois par ao bis a nova The Turnstile Gate e a clássica Locomotive Breath do álbum Aqualung – mais uma vez com Ian Anderson demonstrando toda a sua competência com a flauta transversal. A banda deixa o palco para retornar para um segundo bis com Requiem and Fugue que na verdade são duas músicas combinadas de Ministrel in the Gallery (1975) e Fugue de Johann Sebastian Bach. Assim a banda encerrou seu grande show. Um grande espetáculo que provou mais uma vez que os grandes clássicos podem ser sim re-adaptados e mesmo assim ainda continuam sendo grandes e eternos.

terça-feira, outubro 06, 2015

REVIEW CD DA SEMANA

MAD DRAGZTER
Master of Space and Time (2015)

Há quase dez anos parado, os paulistas do Mad Dragzter retornam á cena musical com seu mais novo álbum Master of Space and Time com fôlego renovado. Com dedilhados de guitarra incríveis de Gabriel Spazziani e Tiago Torres, a banda retorna a sua melhor forma com músicas muito bem trabalhadas como a excelente Almighty e a pedrada Valley of Dry Bones. O trabalho do baterista Eric Claros nas faixas mais complexas, como a interessante 5708 trouxe um ar renovado ao Thrash Metal com uma visão menos direta da bateria como normalmente é imaginado no estilo. Na ótima composição Meggido, a cozinha Armando Benedetti e Eric Claros funciona em perfeita harmonia com as guitarras trazendo o que há de melhor do thrash metal brasileiro. Este Master of Space and Time demonstra um Mad Dragzter voltando a sua boa forma, com um trabalho sólido e muito criativo. Ouça sem medo!


MAD DRAGZTER
Master of Space and Time (2015)

After spending almost ten years on a hold, the band Mad Dragzter from Sâo Paulo, Brasil, come back with their new record Master of Space and Time with new breath and a lot of riffs. With great guitar solos and riffs from the guitar players Gabriel Spazziani and Tiago Torres, the band goes back to their best form with very good songs, like Almighty and the straight forward Valley of Dry Bones. The work on the drumkit performed by Eric Claros is highly complex like the interesting track 5708, that in my opinion brings a new breath to the thrash metal style. The very good vibe between the bassist Armando Benedetti and Eric Claros can be heard in perfect harmony with the guitars on Megiddo, one of the best songs the brazilian thrash metal can provide. Master of Space and Time shows how Mad Dragzter was only a beast in a deep sleep and now it hás awaken more agressive than ever with great riffs and good songs. Listen to it and get dragged into it with no fear!

segunda-feira, outubro 05, 2015

Teatro Mars vira palco para encontro Gótico

Moonspell traz repertório cheio de clássicos para São Paulo e promove seu mais novo álbum Extinct


Mais um show herdado do nosso querido festival de música carioca Rock In Rio e foi realizado num local que, porém centralizado, é de difícil acesso e absurdamente pequeno. Moonspell, que vem ao Brasil divulgando seu mais novo petardo Extinct (2015) se apresentou no Teatro Mars em plena segunda-feira para no máximo 200 pessoas. Mesmo assim, foi  uma das apresentações mais convincentes dos lusitanos em solo brasileiro. O show começou ás 21:15 da noite com Breathe (until We Are No More) e Extinct, ambas do novo álbum Extinct – um dos álbuns mais ousados após o polêmico Butterfly Effect pois possui uma abordagem que se aproxima ainda mais de influências como Sisters of Mercy e Fields of Niphilim. 
Com saudações em português, Fernando Ribeiro se diz feliz em estar de volta á São Paulo enquanto Mike Gaspar, Pedro Paixão, Ricardo Amorim e Aires Pereira se preparavam para um dos clássicos da noite, Finisterra, do grandioso álbum Memorial (2006). Um dos momentos mais incríveis da noite pois a voz de Fernando estava impecável, sem contar com a grande performance nas baquetas de Mike Gaspar com sua bateria que contava com chifres de bode que contornavam seu bumbo. A banda seguiu com a incrível Night Eternal do álbum que leva o mesmo nome e ao mencionar o lindo Irreligious (1996) todos já sabiam que Opium era a próxima, levando aquele teatrinho abaixo com um dos melhores riffs de Ricardo Amorim – simplesmente genial. A banda não podia deixar de emendar com Awake! – música seguinte de Opium no álbum Irreligious e traz um clima incrível com os teclados deliciosos de Pedro Paixão, um dos principais compositores da banda. Fernando, sempre citando poesias, cita letras de ...of Dream and Drama (Midnight Ride) do álbum Wolfheart (1995) levando os fãs a cantar junto. 
Fernando logo depois introduz Last of Us, mais uma do álbum novo Extinct, que traz um Moonspell mais dançante, muito mais próximo ao Sisters Of Mercy do que em álbuns anteriores. Ao vivo, a música ganha em poder e se torna numa das melhores músicas do Moonspell hoje. Em Medusalem, também do álbum Extinct, Ricardo Amorim estavam tão empolgado com a música e com o público que pulava com seu instrumento, agitando muito – isto se refletia também nos amplificadores, que se moviam junto com a movimentação do músico no palco. Um dos momentos mais performáticos da noite ficou para Nocturna, música do belíssimo Darkness and Hope e a incrível Scorpion Flower – esta última cantada com auxílio da convidada Naiça Bowen que acompanhou Fernando Ribeiro muito bem. Vale ressaltar que é uma tarefa árdua superar a versão do álbum com Anneke van Giersbergen (ex-Gathering, atual The Gentle Storm e Aqua de Annique) colaborando nos vocais. Com agradecimentos á Dewindson Wolfheart, vocal e mentor da banda Ravenland, Hoana despediu-se da platéia com louvor. 
O show continuou com Em Nome do Medo, uma das poucas letras compostas por Fernando para o Moonspell em português e ainda emendou quatro músicas do grande Wolfheart sendo elas Vampiria a sensual An Erotic Alchemy, a incrível Ataegina deixando o palco após o clássico absoluto da banda - Alma Mater. A banda ainda retornou para o bis com a ótima Everything Invaded, do álbum The Antidote, a melancólica The Future is Dark, do álbum Extinct e encerrou o show com uivos da platéia com Full Moon Madness, do álbum Irreligious – um momento incrível da noite. Um show memorável dos nossos irmãos portugueses em solo brasileiro. 

Fotos por Edi Fortini

sexta-feira, outubro 02, 2015

São Pedro frustra fãs de Mastodon na Arena Anhembi

Slipknot faz show memorável tendo como banda de abertura os azarados do Mastodon

Pano de Fundo Mastodon

Com o advento do Monsters of Rock do ano passado, não imaginava que veria Slipknot passar pelo Brasil tão cedo. Mas como o futuro só a Deus pertence, a banda retorna ao Brasil um ano depois escalado para tocar no Rock in Rio. Aproveitando a deixa, os americanos do Slipknot não poderiam deixar de visitar os fãs mais ávidos da banda no Brasil, os paulistas. O mais interessante, no entanto, é a banda trazer os seus compatriotas do Mastodon para abrir seus shows na América Latina. Já com fama estabelecida na Europa e nos Estados Unidos, os americanos oriundos de Atlanta, especificamente da Geórgia, aterrissam em solo tupiniquim pela primeira vez. Com uma Arena Anhembi lotada, a banda traz a sua mescla de metal progressivo, hard rock, sludge e até hardcore para um público curioso, pois o show deles no Rock in Rio foi simplesmente impecável. Infelizmente havia São Pedro novamente, que insistia em querer fazer parte dos shows do fim de semana. 
Troy Sanders - baixista do Mastodon
Brann Dailor, Brent Hinds, Bill Kelliher e Troy Sanders sobem no palco e iniciam os trabalhos divulgando seu mais recente álbum, Once More ‘Round the Sun (2014) com Tread Lightly, que possui uma pegada meio folk no início para explodir num heavy metal empolgante. Troy Sanders, que liderava os vocais naquele momento, se impressionava com a recepção do público que surpreendentemente agitava e muito com a música. A banda não demorou em emendar Once More ‘Round the Sun desta vez com Brent nos vocais. Não tardou para começar a chover e após Blasteroid, do álbum The Hunter (2011) um riacho caía do céu molhando á todos, inclusive a banda. O quarteto ainda tentou aquecer o público com The Motherload, Chimes at Midnight e a grandiosa High Road, esta última cantada pelo baterista Brann Dailor para perceberem que a chuva não parava e começava a molhar retornos e equipamentos. Logo a produção interveio e pediu que a banda terminasse seu show. A sensação de frustração era grande para o a banda ter que deixar o palco e para o público que foi abandonado após Aqua Dementia do também elogiado Leviathan (2004).
#8 (Corey Taylor) - vocalista Slipknot
Interessante é que o aguaceiro termina logo na apresentação do Slipknot – para a alegria dos fãs. Com uma montagem de palco incrível, a banda contava com uma espécie de pista de desfilar, acompanhada por luzes e no final dela um espelho onde logo acima dele havia uma cabeça de porco (?) pendurada que acendia os olhos! Com direito a dupla introdução -  Running With the Devil do Van Halen e XIX, todos os integrantes entram em cena para começarem o show com, apenas Corey Taylor, entrar cantando depois com a música Sarcastrophe estas últimas do recente trabalho da banda .5: The Grey Chapter. Com o público agitando muito com as fortes labaredas de fogo fátuo vindas do palco, a banda emendou com The Heretic Anthem, uma das músicas mais fortes do pesadíssimo Iowa (2006) – o impacto visual fica para as cabeças de bode nos tambores que subiam e desciam do lado direito e esquerdo do palco com os malucos do #3 e o famoso palhaço, o #6. Para não deixar a bola cair, Corey Taylor logo emenda anunciando Psychosocial, um dos grandes clássicos da banda do bom All Hope Is Gone (2009) – com muitos elogios e “Muito Obrigado”, Corey Taylor diz que este era um dos momentos mais incríveis, estar junto de seus fãs seguindo o show com a mais lenta The Devil in I – um dos momentos em que Corey Taylor realmente mostra seu potencial de cantor. 
#4 (James Root) - guitarrista Slipknot
A terceira marcha é apenas engatada com a incrível AOV – na minha opinião a melhor música do .5:The Grey Chapter – mistura a violência musical de Slipknot com o grande talento vocal de Corey Taylor. Um dos momentos em que banda ensaia uma pegada mais thrash metal em seu estilo. As rodas agradeciam naquele momento. A calmaria se aproximou com a Vermilion, do bom Subliminal Verses (2004) com destaque para o ótimo trabalho de guitarra do #7 ou Mick Thompson se preferirem. Era o momento de um clássico da banda, Wait and Bleed, onde a pegada mais nu-metal fica mais evidente com a clara participação do DJ Sid Wilson, ou #0. Enquanto isso Jay Weinberg, o novo baterista, fazia um ótimo trabalho substituindo Joey Jordison, o eterno #1, que deixou a banda no ano passado. Alessandro Venturella vem substituindo Paul Gray, falecido em 2010 nos shows ao vivo e vem fazendo um bom trabalho no baixo. Os samplers entram em ação com o #5 (Craig Jones) e era a hora de Killpop uma das músicas menos cadenciadas do álbum novo – interessante que são exatamente estas que destacam e muito o conjunto, o trabalho da banda como um todo.Ouve-se exatamente a participação de cada integrante. O agito começa novamente com a pesadíssima Before I Forget do bom Subliminal Verses e Sulfur que contou com rodas imensas do público. O grande hit para rádio, Duality do álbum Subliminal Verses também não foi esquecido – os mascarados em seus grandes tambores batiam com vontade enquanto o DJ sapateava pelo palco em seus momentos de “intervalo”. 
#7 (Micke Thompson) - guitarrista Slipknot
Com Disasterpiece, a banda volta a criar o caos nas rodas que se criavam entre os fãs, em um dado momento, na música Spit it Out, Corey Taylor pára o show e pede para que os fãs fiquem agachados – já é tradicional nos shows do Slipknot – e faz as pessoas pularem para cima. Acho empolgante este tipo de interação com os fãs e termina a seleção com Custer – uma das músicas mais insanas de seu set. A banda ainda volta para o bis com (sic), People=Shit e Surfacing, encerrando a noite do terror com chave de ouro. Um show empolgante que satisfez os fãs tocando músicas de sua discografia inteira. [MF]

Crédito Fotos : Edi Fortini (https://www.flickr.com/photos/efortini/)

quarta-feira, setembro 30, 2015

Nightwish e seu metal sinfônico retorna a São Paulo

Agora com Floor Jansen nos vocais, Nightwish retorna em sua melhor formação desde a saída de Tarja Turunen


A banda mais famosa da Finlândia, com mais de sete milhões de CD´s e DVD´s ao redor do Mundo conforme dados recentes da indústria fonográfica finlandesa, volta ao Brasil com sua nova vocalista, Floor Jansen, ex-After Forever e atual Revamp e o multi-instrumentista Troy Donockley e estrearam no Brasil no palco Sunset do Rock in Rio. Grandes ao redor do Mundo todo, não era novidade para os finlandeses “domar” um grande público, pois estão acostumados com eventos de até maior porte como o Wacken Open Air, Rock Hard Festival e tantos outros que ocorrem anualmente na Europa. Aproveitaram para dar um alô ao seu público fiel paulista e fizeram um alvoroço no antigo HSBC Hall, atual Tom Brasil lá na região de Santo Amaro, na cidade de São Paulo. Ás 22:00 a banda começa sua apresentação com a grandiosa introdução cinemática Roll Tide de Hans Zimmer. Com o público ainda ovacionando a entrada da banda, os finlandeses começam o setlist divulgando seu mais recente álbum Endless Forms Most Beautiful com Shudder Before the Beautiful e Yours Is na Empty Hope com uma Floor Jansen carismática e absurdamente fotogênica. Com um gogó de arrepiar, ela com facilidade faz o que quer com sua voz exuberante acompanhada pelos não menos competentes Marco Hietala (baixo), Tuomas Holopainen (teclados), Emppu Vuorinen (bateria) e Troy Donockley (flautas, gaita irlandesa). Com Ever Dream, única música lembrada do Century Child (2002) já demonstra que a garota não tem problema algum em atingir notas que apenas Tarja Turunen, ex-vocalista da banda, conseguia alcançar. Os finlandeses continuaram percorrendo sua discografia com músicas do Dark Passion Play (2007) com The Islander, que contou com Marco Hietala e sua excelente voz tocando solo, agora com um baixo de dois braços, o início desta bela canção. É inegável o talento de Marco no baixo, pois também lidera sua própria banda, o Tarot. Mas o ponto alto do show não havia chego. O álbum Imaginaerum (2001) que possui músicas lindas como a grandiosa Storytime foi lembrada logo após os lobos uivarem com 7 Days to the Wolves, que só de me lembrar me faz arrepiar todo com a pomposidade dos teclados de Tuomas e peso da guitarra de Emppu. O peso e a soberania sinfonia não parou por aí e continuou com a grandiosa I Want My Tears Back do já mencionado Imaginaerum que desta vez contou com a majestosa gaita irlandesa, que Donockley tocava com muito orgulho e competência. Era o momento que todos os fãs esperavam – a execução do clássico que reina soberano – “Wishmaster” do álbum com o mesmo nome de 2000. A platéia se exaltou de tal forma, que Floor, mesmo com o som ensurdecedor dos alto-falantes, teve que se virar também com as vozes do público, que cantava junto sem cerimônia. Os clássicos do Oceanborn também foram lembrados com o pano de fundo do palco homenageando a bela capa em um dos diversos ápices do show com Stargazers e Sleeping Sun – esta última uma das baladas mais lindas que já ouvi em minha vida e com uma performance de senhorita Jansen de tirar o fôlego. A banda encerrou seu show com a épica The Greatest Show On Earth, de seu novo álbum Endless Forms Most Beautiful, a absurdamente empolgante Ghost Love Score e única do álbum Once (2004) no set da noite. Um dos momentos mais lindos da noite e que demonstrou que Floor Jansen não só apenas tem competência suficiente de ser a cantora do Nightwish, como também é uma das melhores cantoras da atualidade. A cereja do bolo ficou para Last Ride of the Day do álbum Imaginaerum. É impressionante como um cara como Tuomas, que vem de uma cidade tão pequena da Finlândia, pode ter composto canções com tanto impacto e feito tanto impacto em mim e tantas outras pessoas como estas que lotavam o Tom Brasil. Simplesmente um dos melhores compositores de nosso pequeno planeta. Obrigado Tuomas e Nightwish por nos brindar com estas composições e claro, sempre sejam muito bem vindos com sua orquestra de magia e bom gosto musical. Quem não foi, perdeu. [MF] 

System of a Down traz chuva e alegria aos amantes da roda de pogo

Deftones, que abriu o show do System of a Down, trouxe setlist repleto de clássicos.

A banda Deftones é uma banda coringa no Mundo da música. Já aceitei isto há muito tempo. Abrindo para o System of a Down em São Paulo, numa Arena Anhembi lotada, Chino Moreno, Stephen Carpenter, Frank Delgado, Sergio Veja e Abe Cunningham sobem ao palco para mostrar mais de sua música intensa e cheia de erupções emocionais compostas quase por completo pelo multi-instrumentista Chino Moreno, regente da orquestra emocional. Sem lançar álbum desde 2012, a banda passou pelos álbuns que mais venderam em suas carreiras. Around the Fur (1997), White Pony (2000), Diamond Eyes (2010) e o ótimo Koi No Yokan (2012). Estes álbuns são muito diferentes e muito dependentes de fase em qual o Deftones se encontrava - navegando entre composições de nu-metal, hardcore e alternativo. Destaques ficaram para a fantástica Headup do fatídico álbum Around the Fur – que em sua versão de estúdio tem como convidado Max Cavalera nos vocais e Passanger do clássico White Pony (2000) que também tem em sua versão de estúdio como convidado o multi-facetado Maynard James Keenan do Tool e A Perfect Circle. Com chuva e muita animação do público para dissipar a água que caía sem parar, a banda se despediu para dar lugar a banda da noite, o System of a Down. Com apenas cinco álbuns no mercado, o SOAD demonstra que a união de Serj Tankian, Daron Malakian, Shavo Odadjian e John Dolmayan, nunca deveria ter sido interrompida. Tendo o Hypnotize (2005) como último lançamento, a banda subiu ao palco ás 23:30 da noite para esbanjar com sorrisos dos integrantes com a grande receptividade que suas músicas ainda possuem. Acho também muito difícil não agitar aos clássicos inegáveis que abriram o show como foram o caso de I-E-A-I-A-I-O, Suite-Pee, Attack e Prison Song – uma deixa para rodas começarem a abrir mesmo como a insistência de São Pedro em querer estragar a noite de pogo com sua chuva insistente. A banda também lembrou do álbum mais vendido de suas carreiras, o Toxicity – com Aerials, o público cantou com todo fôlego que ali podia se concebido. Foi simplesmente incrível testemunhar a grande festa que o público fazia a cada música que Tankian e sua trupe entoavam. Outro momento incrível foi o público pedindo ATWA e Shavo correspondendo imediatamente. “Esta é para vocês São Paulo” dizia o comunicativo Shavo e suas cinco cordas. ATWA, que na verdade significa “Air, Trees, Water, Animals” foi um termo utilizado por Charles Manson no início dos anos 70 e representa o sistema de suporte de vida do planeta Terra e foi utilizado por Charles Manson para denominar a força de vida e a oposição de tudo o que destrói o balanço ecológico da Terra. Outro ponto alto do show foi a utilização de Physical, clássico de Olivia Newton-John para introduzir Psycho – também do álbum Toxicity. É claro que a banda não esqueceu Mezmerize (2005) e Hypnotize (2005), álbuns que apesar de lançados no mesmo ano, são diferentes entre si. Cigaro e Vicinity of Obscenity são as que foram ovacionadas pela platéia logo depois. A banda terminou seu set com a fenomenal Toxicity e a tão aguardada Sugar, esta última teve seu vídeo na TV até pouco divulgado pois trazia violência pública, enforcamentos do Holocausto, exércitos e testes nucleares do filme alemão Metropolis de Fritz Lang – uma dica deste repórter, assista se puder pois é um dos expressionistas mais incríveis que já assisti. Um show que para muitos que estavam lá se sentiram aliviados de suas tensões. Memorável também para aqueles que tiveram que esperar até ás 4:40 da matina para o retorno operacional dos metrôs. [MF]

terça-feira, setembro 29, 2015

Faith No More traz o "Deus Sol" á "Cidade da Garoa"

Faith No More fez show no Espaço das Américas, em São Paulo, divulgando seu mais novo trabalho "Sol Invictus"

 

Após aquele fatídico show no SWU em 2011 em Paulínia, nunca imaginei que veria Faith No More novamente. Mas a banda se animou com aquela turnê de retorno e ainda fez mais do que imaginava, lançaram um álbum novo chamado Sol Invictus. Elevado a um patamar como um dos álbuns deste ano pela grande mídia especializada, o álbum traz ainda mais mescla de estilos ao que já era um emaranhado de influências musicais. Para complementar a ótima fase ainda brindaram os fãs como uma turnê ao redor do Mundo que veio à América do Sul para o fatídico Rock In Rio. Como não havia local o suficiente para todas os artistas se apresentaram simultaneamente no Rio e em São Paulo, apenas algumas vieram para a cidade da garoa – isto inclui o grande Faith No More, que se apresentou para um Espaço das Américas lotado. Um bom começo para o primeiro show da turnê latina da banda. Com diversos ramalhetes de flores no palco e todos vestidos de branco, Faith No More começa seu show com uma breve intro de Midnight Cowboy de John Berry para emendar com o primeiro palavrão da noite, ‘Motherfucker’ – música do álbum “Sol Invictus”. Com o tecladista Roddy Bottum puxando a fila nos vocais, Mike Patton entra por último no palco com o seu megafone vermelho. Billy Gould,Mike Bordin e Jon Hudson cantam acompanhando a Roddy no começo. O show realmente começa a pegar fogo com a grandiosa ‘Land of Sunshine’ do clássico “Angel Dust”. Impressionante a grande interação da banda com o público. Não era somente Mike Patton agitando, mas o guitarra Jon Hudson, era um dos empolgados agitando muito com o seu instrumento próximo dos fãs na grade da pista VIP da casa. Caffeine como no álbum Angel Dust era a pedrada seguinte. A performance vocal de Mike Patton, estava simplesmente impecável. Por falar em performance, o “performer” Mike Patton, foi bem leve com as suas explosões de emoção durante o show inteiro. Vimos no entanto, o restante da banda muito confortável com o público. Com muitos “Obrigado” e outras falas em espanhol, Mike Patton esbanjou simpatia e após a incrível ‘Everything’s Ruined’ engatou ‘Evidence’ do álbum “King for a Day Fool For A Lifetime” em português. Mas a banda deixou para o ápice da noite Epic – um dos grandes sucessos da banda mesclando com outra de seu mais novo álbum “Sol Invictus”, ‘Sunny Side Up’ – impressionante como as músicas do álbum recente combinam com os grandes clássicos. Claro que ‘Midlife Crisis’ não poderia ficar de lado, sendo uma das mais cantadas pelo público. Mike Patton retratou bem o momento com um ‘Sacanagem’...levando a platéia ás risadas. Com a intro ‘About that Bass’ de Megan Trainor, a banda continua com ‘Chinese Arithmetic’ e logo depois emenda com a grandiosa ‘The Gentle Art of Making Enemies’. ‘Easy’, cover do Lionel Ritchie/Commodores também foi aguardada e cantada em uníssono pela platéia presente. ‘Separation Anxiety’ e ‘Matador’, ambas do bom álbum “Sol Invictus” não foram tão bem recebidas como a grandiosa ‘Ashes to Ashes’ do fantástico “Album of the Year” – álbum que na minha modesta opinião poderia ter sido mais explorado neste bom setlist. ‘Superhero’, também do álbum novo, foi entoado pelos fãs com status de hit. A banda encerrou seu show com ‘The Crab Song’, ‘From Out of Nowhere’ e a morna ‘I Started a Joke’, cover do Bee Gees. Saí do show com a impressão de que poderiam ter tocado tantas outras músicas no lugar desta – mas enfim – isto faz do Faith No More o que é hoje – uma banda dos anos 90 que ainda está na ativa, compondo grandes músicas e fazendo grandes shows. Uma palavra para descrever a noite: Épico! [MF]
Leia esta e outras matérias na Revista Comando Rock

terça-feira, maio 19, 2015

Puddle of Mudd faz show para esquecer em São Paulo


Esta noite vai ficar marcada em minha vida como o pior show de uma banda americana em todos os tempos. Só não fiquei mais triste por um simples motivo: a banda de abertura. O Punkake, banda oriunda de Curitiba, do Paraná, fez um show de abertura de ficar orgulhoso de nossa cena alternativa. A banda, formada exclusivamente por garotas, usaram e abusaram de refrãos marcantes e distorções características dos anos 90 – pode-se usar grandioso L7 dos anos 90 como referência aqui misturado com Gossip (banda indie americana que tem como Beth Ditto como frontwoman).  Com Bacabi (vocal), Lívia (guitarra), Lucy Peart (bateria) e Ingrid (baixo) o Punkake me deixou perplexo com o entrosamento das integrantes. Brincando com o público, a guitarrista Lívia vivia dizendo que Bacabi estava livre, leve e disponível – como conseqüência, cantadas eram gritadas e constantemente retrucadas pelas garotas com respostas ácidas como “Eu sou gay, não gosto de homens!”. Era bem engraçado. A banda se apresentou por exatos 45 minutos e sinceramente, ela poderia ter tocado por mais 40 minutos, já que o Puddle of Mudd entrou no palco com 40 minutos de atraso. A banda entrou no palco tocando a música ‘Control’. O que eu não entendi foi o medley para ‘War Pigs’ do Black Sabbath usado para estender a música em mais dez minutos. A voz de Wes Scantlin estava irreconhecível, que usava e abusava dos backing vocals dos novos integrantes de banda. O que mais me impressionou foi que Wes estava claramente alterado. Esquecia as letras de suas músicas mais famosas e enrolava fazendo pseudo- solos sem criatividade alguma. Percebia-se que com o tempo os próprios fãs tinham se cansado da apresentação horrível que a banda fazia. Ao invés de empolgar e remeter os fãs aos tempos áureos do grunge, o Puddle of Mudd deu um choque de realidade aos fãs. Mostrou que o grunge ficou para trás, morreu nos anos 90 junto com o Kurt Cobain. Mas quem achava que a estupidez do vocal tinha parado por aí, se enganava. Wes extrapolou pedindo cigarro para todo Mundo (inclusive fãs), sendo que fumar é proibido em ambientes fechados em São Paulo – sem contar que o guitarrista também bebia sem parar. Parecia que a banda estava num boteco de segunda . ao entonar o grande clássico da banda, ‘She Fucking Hates Me’, a banda não somente errou a música na cara dura, mas também ficou enrolando por mais 15 minutos para continuar o som. Eu neste momento desisti da apresentação – como muitos outros que foram pedir o dinheiro de volta na bilheteria da casa de shows. A banda, quando começou a levar copos, tênis e pontas de cigarro na cara desistiu e deixou o palco sem se despedir. Todas as milhões de juras de amor ao público brasileiro foram esquecidas em instantes. Foi um dos maiores fiascos de uma apresentação na história do HSBC Hall. Como disse anteriormente, o que era para ser um belo de um revival, demonstrou para todos naquela noite que o grunge morreu e levou o Puddle of Mudd com ele. [MF]