segunda-feira, maio 07, 2007

28.04// Jethro Tull, Credicard Hall - São Paulo


São poucas as bandas de rock progressivas que são amadas no Brasil. Mas entre as mais amadas sem sombra de dúvida é o Jethro Tull. Conhecidos pelo estilo eclético, que incorpora elementos da música clássica e celta, assim como do rock alternativo e do art rock, e pelo trabalho único na flauta de Ian Anderson, Jethro Tull se apresentou no Brasil pela primeira vez em 1988. Com a formação atual, composta por Ian Anderson (vocal, flauta transversal), John O’Hara (piano e teclado), David Goodier (baixo acústico e elétrico), Doane Perry (bateria) e Martin Barre (guitarra) a banda se apresentou no Credicard Hall com muita classe, literalmente dito. Nada de músicas pesadas, nada de guitarras lá no alto. Um show praticamente acústico foi o que o público presenciou naquele sábado. O comunicado, alertando aos fãs para não fumarem e não conversarem obviamente não foi respeitado pela maioria, afinal de contas é a empolgação que conta e o público brasileiro tem disto em excesso. Tudo isto por que Ian Anderson está com um problema no ouvido – ele ouve zumbidos após 39 anos de longas turnês. A banda começou tocando a meio bluegrasss Someday The Sun Won’t Shine For You do primeiro álbum “This Was” e já na segunda música apresenta a convidada especial e violinista Ann Marie Calhoun que já tocou com bandas como Old School Freight Train, The Dave Matthews Band e atualmente está numa banda de fusion chamada Kantara. ‘Living In The Past’ ficou com mais magia com a participação da simpática japonesa. Ian Anderson introduziu ‘Pastime With Good Company’ dizendo que o Rei Henrique da Inglaterra até que compôs músicas boas nos momentos em que ele não estava cortando fora cabeças de jovens donzelas. Continuando com o set a banda tocou ‘Jack-In-The-Green’, ‘The Donkey And The Drum’ e a mais lnga do set inteiro, Thick As A Brick – obviamente bem mais curta que a versão do álbum, afinal ela tem meia hora de duração. A dedicatória de Ian Anderson ao compositor alemão Johann Sebastian Bach foi feita com a bela ‘Bourée’ que pode ser encontrada no segundo álbum da banda, o “Stand Up”. Após ‘Sweet Dream’ do álbum “Living In The Past” o grupo deu espaço para Ann Marie Calhoun mostrar todo seu talento. Tocando músicas de autoria dela como Bluegrass In The Backwoods e Runty – música que recebeu o nome do gato dela – ela demonstrou uma forte influência do bluegrass americano, estilo que fez com que grandes músicos do country americano se consagrasse como a banda Kingston Trio e os irlandeses do The Proclaimers. A banda voltou ao palco para tocar ‘Beside Myself’ para depois deixar o palco novamente para dar espaço ao instrumental de Michael Barre com ‘Steal’ – excelente por sinal. Com muito humor Ian Anderson apresenta ‘Aqualung’ como sendo ‘Highway Star’ do Deep Purple e acho que foi a que mais decepcionou o público, este que esperava a versão clássica do álbum “Aqualung”. A versão orquestrada, na minha opinião pelo menos, é muito mais completa e cheia detalhes que aquela do álbum. Ian Anderson apresentou América, música da famosa tragédia de amor americana West Side Story dizendo que o povo americano é um povo bom e dedicado e que o problema apenas é o presidente atual, George Bush. Continuaram tocando ‘My God’ do álbum “Aqualung” e a linda ‘Budapest’ do álbum mais diferente do Jethro Tull “Crest Of A Knave”. Após sair para uma água a banda volta para o Bis tocando a fantástica ‘Locomotive Breath’ do álbum “Aqualung” terminando o show com ‘Orange Blossom Special’. Um show calmo, mas maravilhoso por possuir tantos detalhes e tanto “feeling”. Muitos saíram reclamando por que não houve peso nem muitas guitarras distorcidas, mas a falta disto com certeza foi compensada com a aula de cultura e rock n roll dada por Ian Anderson e companhia. Fabuloso! [MF]