sexta-feira, setembro 02, 2016

Scorpions Retornam para sempre em São Paulo

Escrever sobre uma das maiores bandas do planeta parece ser tarefa fácil, mas não é. Quando se trata de Scorpions, uma das poucas bandas dos anos 60 em ativa, me questiono se aqueles integrantes ali em cima do palco do Citibank Hall são realmente deste planeta. Suas músicas falam de superação, família, amizade e claro, de seus fãs - o combustível que certamente move uma das maiores bandas do Mundo. Com três datas em São Paulo completamente esgotadas, o Scorpions vem ao Brasil divulgar seu novo álbum Return to Forever, mostrando que estes extraterrestres não perderam a alma de sua música: o rock n roll.
Abrindo seu show com Going Out With a Bang a banda entra com Mikkey Dee (ex-Motörhead) na bateria substituindo James Kottak, Rudolf Schenker (guitarra), Matthias Jabs (guitarra), Klaus Meine (vocais) e Pawel Maciwoda (baixo) sendo estes recepcionados com muito carinho pelo público que lotava o Citibank Hall. Seguindo com Make it Real, do álbum Animal Magnetism (1980), a banda volta no tempo para trazer ao público músicas de um de seus melhores álbuns, seguida por The Zoo, uma das músicas que melhor retrata um tigre á espreita com os grandes dedilhados de Matthias Jabs utilizando sua grandiosa talk box/guitarra falada. Com Coast to Coast a banda traz aquilo pro palco que hoje em dia deixou de existir: a existência dos guitar heroes e seus momentos de grandes instrumentais. Aqui representado e muito bem por Matthias Jabs e Rudolf Schenker intercalando religiosamente suas partes. Por falar em intercalação de partes, os músicos conseguiram juntar as músicas Top of the Bill, Steamrock Fever, Speedy's Coming e Catch Your Train em uma música apenas. Todas elas de discos completamente diferentes. É de impressionar que a banda possui tantos sucessos, que fica até difícil tocar todas elas sendo eles obrigados a juntar todas elas em uma música de oito minutos.
Com We Built this House, a banda retorna ao álbum novo Return to Forever, mostrando que a banda tem cheiro para compôr grandes sucessos. A música é basicamente um ode a carreira da banda, que certamente passou por muita coisa ruim nestes anos que passaram e tiveram que se manter unidos para superá-los. Num dos momentos mais próximos ao público, a banda fez um momento acústico num corredor elevado que atravessava a casa de shows - um prolongamento do palco. Lá eles tocaram as fantásticas Always Somewhere (Lovedrive - 1979), Send Me An Angel (Crazy World - 1990) e a nova Eye of the Storm (Return to Forever - 2015) levando o pessoal na grade á loucura. Era de impressionar a grande simpatia dos músicos em relação aos fãs e o grande carinho que tinham com todos que estavam ali na frente. Mas um dos sucessos mais estrondosos estava por vir, Wind of Change (Crazy World - 1990) era anunciada com Klaus Meine dizendo que esta era uma música dedicada á esperança - um dos momentos mais lindos da noite. Os fãs fizeram a sua parte e a cantaram em alto e bom som. A banda continuou seu show com a música Rock n Roll Band logo emendando com a grandiosa Dynamite (Blackout - 1982).
Com In the Line of Fire, Matthias Jabs fez o seu incrível solo, que estranhamente não teve Rudolf Schenker acompanhando o músico em cima do palco. No lugar dele, um outro guitarrista fez a base para a música. O que veio depois seria o Kottak Attack, mas se tornou o Mikkey Dee Attack com o seu solo de bateria incrível! Óbviamente o baterista levou o pessoal a loucura de seu jeito, mais Metal, vamos dizer. O músico termina seu solo de bateria para emendar com Blackout que, desta vez, não teve Rudolf Schenker utilizando as ataduras na face como na capa do álbum - um dos melhores da longa discografia da banda. Claro que não poderia faltar outra do mesmo álbum - No One Like You, levando o público á loucura. Que impressionante performance de Klaus Meine em todas as músicas, atingindo até as notas mais difíceis. Love at Frst Sting (1984) afinal, teve seu representante com Big City Nights - um dos grandes tributos ao rock n roll encerrando assim o show.
Mas para quem conhece uma verdadeira banda de Hard Rock, sabe que aquilo não era o fim ainda. A banda se despede do público para retornar para o bis com um de seus grandes sucessos dos anos 80 - Still Loving You. Responsável por um dos "Baby Booms" na França naquela década, o Scorpions certamente fincou seu cajado na pedra da eternidade com esta que certamente é uma das músicas mais tocadas em todo o Mundo. Cantada pelo público do começo até o final, a música teve até direito a iluminação especial feita pelos fãs com as luzes de seus celulares - um clássico para os dias de hoje. Mas o Scorpions terminou seu show com o maior sucesso de sua carreira - Rock You Like a Hurricane, encerrando seu show de 50 anos com chave de ouro. O que se viu nesta noite não foi apenas uma apresentação de rock n roll e sim um grande tributo aquilo que muitos dizem que morreu: o rock n roll. Enquanto tivermos o Scorpions na estrada e sua grande horda de fãs lotando seus shows, certamente teremos o rock n roll do nosso lado para todo o sempre. Que o retorno seja para todo o Sempre, como o título de seu novo álbum diz. Para sempre Scorpions!

Crédito Fotos: Flávio Hopp









terça-feira, agosto 09, 2016

Destaques de Julho 2016


Witherscape // The Northern Sanctuary - O nome Dan Swanö se tornou sinônimo de qualidade e seu último projeto Witherscape não é uma exceção para a quantidade de projetos do músico. O primeiro álbum do Witherscape foi bem surpreendente, mas The Northern Sanctuary levam as coisas para algo maior, mais grandioso onde death metal melódico, prog e tradicional conseguem coexistir em perfeita harmonia. Emprestando os melhores elementos de projetos antigos como Edge of Sanity e Nightingale, Mr.Swanö reveste com maestria sua música com elementos escuros e claros, pesadas e melódicas sem nunca perder de vista os ganchos para as canções. Ragnar Widerberg, colaborador e Homem de muitas barbas parecem o encaixe perfeito para as conotações malucas de músicas compostas por Swanö, emprestando suas melodias de guitarra e solos no estilo Symphony X á rodo. Quando você recebe esta quantidade de excelência técnica junto á esta composição incrível de músicas, você sabe que está num lugar bom e é exatamente isto que The Northern Sanctuary é. Animal!

Menções honrosas:

Inter Arma // Paradise Gallows  - Uma pessoa não pega simplesmente elementos do southern rock, doom, sludge, prog e death metal e solda com algo coerente e cativante como o Inter Arma fez exatamente com Paradise Gallows. No processo eles me impressionaram e muito com seus ganchos pesadíssimos de bom gosto. O resultado foi um trabalho fantástico ao casar tantas influências juntas criando assim sua identidade. A última vez que algo assim foi feito foi na área do doom com prog metal com o Mastodon, o que deveria revelar a quão reverenciada esta banda será em pouco tempo – se já não o for com este álbum. Impressionante.




Caïna // Christ Clad in White Phosphorus - Esta banda é simplesmente diferente por sua perplexidade e natureza amorfa que se compromete com um som que na verdade nenhuma banda deveria se comprometer. Christ Clad in White Phosphorus é mais um tipo de experimento dentro do estranho, incômodo e imprevisível, levando o core do black metal pra dentro do Mundo da Darkwave dos anos 80 com sua anti-música. É um álbum muito bom, mas necessariamente não é uma audição fácil. Espero que o mercado do underground dê uma chance para este petardo, pois é muito exclusivo. No final das contas, todos nós amamos algo exclusivo.




Fates Warning // Theories of Flight - O Fates Warning parece estar numa ascenção em sua carreira desde o álbum de 2013 Darkness in a Different Light e esta impressão fica ainda mais evidente com Theories of Flight. Traçando o caminho entre o prog-metal e o rock acessível estes veteranos sabem o que estão fazendo e o provam compondo músicas fortes mas técnicas para deixar o ouvinte atento e ao mesmo tempo emocionalmente disponível. O vocalista Ray Adler parece revitalizado e as ligações com o clássico álbum Parallels  são muito legais. Estou impressionado com este álbum e Theories prova que Darkness in a Different Light não foi apenas um resfriado. O bom gosto voltou para ficar.

quarta-feira, agosto 03, 2016

Metal Véio// Sodom - Obsessed By Cruelty

Vou escolher um dos álbuns mais toscos que conheço para iniciar esta nova coluna que abordará discos antigos. O artigo é sobre o primeiro álbum do Sodom - Obsessed by Cruelty. Toda vez eu tento encontrar palavras que seriam justas em relação á ele, sem sucesso. Esta “justiça” com palavras sempre depende do ponto de vista da perspectiva do ouvinte. Para os ouvidos deste que vos escreve, este debut de 30 anos é uma grande confusão. Mas agora que o novo lançamento do Sodom, "Decision Day", está próximo, eu encontrei coragem para tirar o Obsessed by Cruelty da prateleira e dar outra ouvida. Pode ser inspiração, nostalgia, pode ser Peter Steel me chamando das labareda
s do inferno. Apesar de achar Persecution Mania, Agent Orange e M-16 mais fáceis de descrever, Obsessed by Cruelty faz parte da história. Uma que merece meu respeito e sua menção.

Entre as linhas de composição do Obsessed by Cruelty existe um som mais cru, sujo, mais Sodom. Um som que fez Sodom ter uma roupagem mais escurecida do estilo do Venom. Tudo começou em 1984 com o EP In the Signo f Evil. Sodom pegou aquela formula old-school do Venom e a fez mais agressiva e mais obscura. O resultado foi o EP de cinco faixas que seria o primeiro álbum da banda. Talvez possua uma produção de Neandertal e músicas muito longas para seu próprio bem, mas como o Venom antes deles, In the Signo f Evil tinha poder de presença. Sons como “Blasphemer” e “Burst Command til War” me cativam toda a vez que as ouço. E isto causou uma impressão nos fãs naquele tempo, rendendo ao Sodom a marca de trio mais cru e mais obscuro da Alemanha.

Assim, o que deveria ser o primeiro álbum do Sodom chegou e foi. Não era thrash e não era o melhor deles, mas foi um bom início. Após uma mudança pequena de guitarrista, com a saída de Grave Violator para a entrada de Destructor, 1985 encontrou o trio (junto com Tom Angelripper e Witch Hunter) que entrou no estúdio para gravar o álbum mais obscuro de sua discografia. O resultado foi um álbum de onze faixas e de 37 minutos das músicas mais mal produzidas, incoerentes e estranhas já compostas pela banda. As guitarras estão fora do tom, a banda está mais solta que o pudim de tapioca da vovó e a organização do álbum é pior que uma coletânea de melhores de uma banda de quinta. A música sinistra que abre o álbum dá ênfase ao assalto violento de “Deathlike Silence” o que representa perfeitamente o Sodom de 1986. Os riffs obscuros no estilo Venom e a mesma atitude sangram pelo resto do álbum. “Brandish the Sceptre” e “Equinox” usam a fórmula introduzindo seus próprios e sutis temperos á mixagem. Aquelas quebradas no meio das músicas  e a grande quantidade de bateria misturadas aos riff supersônicos de Angelripper se unem ao que na época se definia de thrash metal. Há também músicas como “Proselytism Real” e “Obsessed by Cruelty” que marcham para dentro da tentativa de mixar todas as inspirações mais pra frente. “Proselytism Real” talvez tenha a pegada de guitarra mais cativante do álbum, mas se arrasta para um tipo de arrastado no estilo Autopsy – o que não funcionou. A música título sofre com uma introdução estranha, mas retoma como uma das melhores do álbum.

Se você possui a versão européia de 1986 do álbum, você ganha três coisas que os americanos não receberam. Um guitarrista diferente (Assator), uma produção “melhor” e uma faixa adicional. “After the Deluge” não é uma audição necessária, mas é uma adição legal – redondando a primeira parte do álbum muito bem. A parte de trás do álbum (segunda parte) é mais fraca e seria uma lástima se não fosse pela “Pretenders of the Throne e a animal “Witching Hammer”. Também acho que seria bem mais respeitável se eles não tivessem escolhido a chata “Volcanic Slut” para o trabalho. Sim, eu entendo por que muitos fãs amam esta música. Mas ela é tão ruim que ela me faz encolher num canto e não querer mais sair de lá.

Apesar de tudo em 1987 com o EP Expurse of Sodomy e com o álbum Persecution Mania a banda apagou tudo que foi feito até este ponto, Obsessed by Cruelty é um lindo momento para aquele tempo. Sodom continuaria, lançando o álbum mais popular de sua carreira e é o que faz Obsessed by Cruelty tão interessante. Talvez exista uma razão para tudo. E eu como, gosto de pensar que Persecution Mania e Agent Orange nunca teriam acontecido se não fosse pelo Obsessed by Cruelty. Não sei por que eu acho isto, mas na verdade tenho medo de questionar, pois Sodom pode muito bem regravá-lo e me provar o contrário.


terça-feira, julho 26, 2016

Destaques de Junho 2016

The Vision Bleak // The Unknown - Se The Vision Bleak fosse uma banda de death metal eles seriam louvados por sua incrível arte da capa “old school”. Infelizmente, eles são uma banda de metal gótico, então, tenho certeza que estes mesmos fãs de death metal irão me acusar de não ter credenciais de headbanger por gostar do The Unknown como eu gosto. Como nenhum outro álbum que ouvi este mês, The Unknkown cativou os meus sentidos e me levou para dentro de seu Universo. A chave pra mim é a composição das músicas. The Unknown é uma combinação de sons incomuns para a cena hoje em dia e após tantos anos, isto parece um chamado de uma sereia para mim. A combinação daquele Type O Negative dos anos 90 e os vocais baixos no estilo Moonspell, misturados com as faixas ríspidas e muito bem executadas, tornam este um ótimo álbum. Todas as faixas são muito bem balanceadas, “balanceado entre a beleza e o venenoso” se aproximando da escuridão com aquele clima desesperador da falta de esperança e sua atmosfera escura. Esta combinação de atmosferas e composições muito bem compostas fazem do The Unknown um grande álbum e possui seu lugar fixo em minha playlist.


Thrawsunblat // Metachtonia – Este ano tem sido fantástico para o revival do black metal melódico. Com bandas como Sacrilegium, Moonsorrow, Winterhorde e Mistur, estas bandas me mostraram que o black metal em algum momento deixou de ser absurdamente repetitivo. Eu sei, parece ser um choque, mas em algum momento pessoas compuseram músicas que são interessantes de ouvir e que fazem uma pessoa “bater cabeça” e contar aos seus amigos sobre a banda. Enquanto Thrawsunblat perdeu pontos por terem não apenas um, mas dois títulos de álbuns que ninguém consegue pronunciar, eles estão muito ocupados destruindo nos palcos em sua turnê na Escandinávia junto com Mangarm, Moonsorrow e Mistur para se importar. Este álbum é cheio de ótimas composições, ambientes/atmosferas muito bem compostas e com uma mão do post-black metal de Agalloch. E esta uma hora de duração? Por sorte Metachthonia é um álbum conceito muito bem composto que enriquece e premia a cada audição. O material é muito superior ás suas falhas e sua duração de uma hora, mesmo com suas falhas, é cativante e nunca é longo demais.



Be’lakor // Vessels – O glamour dos garotos do melo-death da Australia voltaram rugindo com mais uma dose pesada no estilo “Insomnium Gatherum” e me surpreenderam com sua qualidade musical. Leio na internet que alguns acharam meio cansativo outros defenderam que era belo e atmosférico. Mesmo os que defendem a banda, no entanto admitem que Vessels não possui o impacto dos álbuns anteriores, mas ainda são os melhores no estilo melodic death.  Ainda é muito recomendado se você gostou dos álbuns anteriores ou se você curte bandas como Insomnium Gatherum. No entanto, achei que faltou um pouco de qualidade na produção do álbum e os problemas ficam ainda mais fáceis de ouvir desta vez.

quinta-feira, junho 23, 2016

Dream Theater em São Paulo foi um convite para outra realidade

        A expectativa para The Astonishing se concretiza e público é levado para outra dimensão através da música e temática do álbum novo.

Marcos Franke

           Dream Theater retorna á cidade da garoa para divulgar o elogiado álbum The Astonishing, um dos álbuns definidos por muitos fãs como um retorno á magia deixada para trás após o lançamento do grande clássico da banda: o Metropolis Pt.2: Scenes of a Memory. Com uma configuração totalmente diferente da convencional, o Espaço das Américas escolheu cadeiras para acomodar o público, que ansioso estava para ver um dos melhores lançamentos da banda tocado na íntegra. Com um atraso de meia hora no cronograma, o Dream Theater inicia seu show ás 21:30 da noite. Com um palco todo temático, inspirado na história contada no álbum, bandeiras dos clãs GNEA e Ravenskill e postes de luz antigos fazem contraste com a tecnologia do fundo do palco. Com o escurecer das luzes da casa de shows, somos recepcionados pelos NOMACs, os mascotes e a razão pelo colapso do Mundo futuro retratado pela banda em The Astonishing, pois são a única fonte de música que pode ser ouvida. Eles, pelo ponto de vista da banda, são uma inteligencia artificial que automatiza a cacofonia sem alma. Em entrevistas recentes de John Petrucci, a banda pretende explorar mais estas criaturas em uma futura novelização de suas músicas. A história atual no entanto é mais direcionada aos personagens Humanos e suas lutas internas/externas.
           O show foi longo. Foram aproximadamente três horas de muita música e tivemos direito a um intervalo entre os dois atos do álbum The Astonishing. Para muitos fãs, o fim do show foi o fim do primeiro ato, pois muitos ficaram com medo de ficar sem o serviço do metrô. Mas os que assistiram ao primeiro ato testemunharam grandes momentos como a carro chefe do álbum The Gift of Music, a maravilhosa The Answer, que quase acústica é acompanhada pelo teclado de Jordan Rudess e pelo violão de John Petrucci e a incrível voz de James Labrie - na minha opinião um dos momentos mais lindos e harmônicos do show. Em Lord Nafaryus percebe-se claramente que a competência de Mike Mangini nas baquetas é desafiada, variando de estilos na música inteira - impressionante. The Astonshing tem baladas muito boas como A Savior In The Square, outro momento muito belo do primeiro ato com John Petrucci tocando sua guitarra com muita alma, sem ser desafiado - os momentos sempre mais belos do guitarrista em ação emendada com, a When Your Time Has Come - que prova que a banda precisa deixar de querer mostrar que é técnica e deixar florir mais a grande habilidade de criar melodias como esta e a muito boa Act of Faythe. A grande influência que o palco e as imagens do fundo trazem para a música é simplesmente incrível. Os momentos pesados ficaram com Three Days, A Life Left Behind - esta última um exemplo clássico por que Dream Theater são já os mestres do metal progressivo que se conhece hoje em dia. Com poucos momentos de agito, o primeiro ato passou meio que sem muito retorno do público, que mais estava extasiado com os grandes momentos de viagem musical com Ravenskill, Chosen e A Tempting Offer - que em raros momentos mostrou John Petrucci preocupado em agitar o público, que estava em catarse absorvendo a quantidade absurda de informação vinda do palco. Tratando-se de um trabalho ainda recente, era o que o público podia fazer. O primeiro ato termina com músicas pesadas - as incríveis A New Beginning e The Road to Revolution, com grandes interpretações de John Myung e Mike Mangini.
           O segundo ato do show se inicia após um intervalo de 15 - 20 minutos. Mais uma vez somos brindados com os Nomacs, com o público retornando ao Mundo de luta entre clãs e o amor entre duas pessoas. Moment of Betrayal é um dos momentos mais incriveis do segundo ato, deixando os que continuam no show perplexos com a técnica de John Myung no baixo, que acompanha com uma aparente facilidade a velocidade da bateria e da harmonia de John Petrucci. Impressionante. Com Begin Again, a banda retoma a melodia acústica que acompanha o álbum inteiro, deixando-a ainda mais bela com a grande interação Jordan Rudess e John Petrucci. O peso retorna em The Path That Divides e possui o seu ápice em The Walking Shadow, que até possui uns gritos ousados de James Labrie, que dramatiza assim a morte de um dos personagens da trama retratada no painel dos fundos. Percebe-se que agora que o ápice toma conta com My Last Farewell, com interpretações incríveis de John Myung, John Petrucci, Mike Mangini e James Labrie - nem parece que a banda é apenas composta por quatro integrantes. O clima fica mais triste e lento com as lentas Losing Faythe e Whispers On The Wind. A banda retoma o clima mais feliz com Hymn of a Thousand Voices com uma das melhores interpretações de James Labrie na noite. Com Our New World a banda termina seu segundo ato e retorna para o bis com a última música do álbum The Astonishing, que se chama Astonishing, que encerra o show reprisando a melodia principal do álbum - que momento belo foi este. Esta noite foi uma experiência que pode sim ser retratada como um teatro dos sonhos - que nós possamos testemunhar mais momentos como estes e sonhar com uma das bandas mais incríveis da atualidade. Bravo!


sábado, abril 30, 2016

Marillion renega seu passado com bom show em São Paulo

Os monstros do rock progressivo vem ao Brasil e se concentram em seus sucessos mais recentes renegando cada vez mais o que os tornou tão bem sucedidos




             O Marillion já possui um relacionamento de amor com os brasileiros. É de se saber que a banda tem como quase certa uma casa bem cheia quando vem para São Paulo. Foi o que aconteceu nesta sexta-feira (30/04). Com um público bom, a casa de shows Tom Brasil foi mais que o suficiente para abrigar aqueles sedentos por rock progressivo. Foi mais ou menos isto que o Marillion trouxe em seu setlist. Iniciando seu show ás 22:20 a banda levou o já impaciente público ao delírio. Percorrendo álbuns com muitos sucessos como o aclamado Seasons End (1989) e aqueles que hoje vivem no underground, como o Sounds That Can't Be Made (2012) a banda trouxe seus integrantes em uma fase mais introspectiva, utilizando-se de imagens no fundo do palco que abrangem desde os sentimentos internos Humanos e reciclagem - seja ela sonora ou interna. A performance de Steve Hogarth nos vocais é sempre uma grande incógnita, pois sempre abrangeu do mais ou menos para o excelente - esta noite Hogarth estava muito bem inspirado, principalmente nos momentos em que sua voz precisava de seus alcances como em Easter ou até em King - um dos momentos do show em que Hogarth precisou da ajuda da platéia para não deixar a peteca cair.
             A grande figura da noite no entanto foi Pete Trewavas (baixo) que se soltou muito mais esta noite, percorrendo o palco inteiro e se comunicando com o público. O guitarrista Steve Rothery no entanto, sempre sorridente, teve momentos de complicação com o seu instrumento na hora do ápice da música Sounds That Can't Be Made. A tranquilidade do músico para resolver seu problema demonstra a experiência de um verdadeiro músico, que calmamente trocou a guitarra e continuou seu som até o fim. Mark Kelly também teve momentos de falhas como em 80 Days (do álbum This Strange Engine) onde seu teclado que imita uma trumpete perdeu o fio da meada por alguns segundos, mas logo recomposto pelo músico. A banda percorreu músicas de seus álbuns que mais sucessos radiofônicos obtiveram, como Clutching at Straws (1987) e Afraid of Sunlight (1995) e Marbles (2004). Destaque para longa The Invisible Man que foi tocada no primeiro bis da noite, do fantástico Marbles (2004) demonstrando mais uma vez por que a banda hoje é tão prestigiada pelos fãs da boa música progressiva.
 Acho no entanto que a banda deveria uma vez vir ao Brasil tocar somente clássicos dos álbuns Fugazi, Script for a Jesters Tear e  talvez tocar Missplaced Childhood na íntegra para os fãs mais assíduos. Na noite, a única menção a este passado distante ficou para Kayleigh (Missplaced Childhood) e Garden Party (Script for a Jester's Tear). Queria muito uma vez poder ouvir ao vivo a sequência Pseudo-Silk Kimono, Kayleigh, Lavender ou até a grandiosa Bitter Suite com a sua grandiosa sequência de músicas que se encaixa maestralmente uma na outra. Queria uma vez também ouvir o clássico Script for a Jester's Tear emendando com He Knows You Know do álbum Script for a Jester's Tear (1983). Também acharia incrível testemunhar músicas do tão renegado Fugazi (1994) com as grandiosas Assasing seguida por Punch and Judy.
             O quinteto inglês no entanto se limita e muito trazendo mais do mesmo, apesar de que o público presente, mesmo utilizando camisetas destes respectivos álbuns, saiu feliz e satisfeito do show após ouvir Garden Party, Pour My Love, Afraid of Sunrise e Beautiul - estas duas últimas ambas do álbum que mais divulgou o Marillion no Brasil - Afraid of Sunlight (1995) que teve Beautiful na novela Cara & Coroa da Globo.
              Um bom show, mas que teve um certo sabor de decepção por mais uma vez não trazer músicas de seus álbuns que os levaram a ser uma das bandas de rock progressivo mais bem sucedidas do Mundo.


SETLIST

The King of Sunset Town
Cover My Eyes
Power
Pour My Love
80 Days
Sugar Mice
Afraid of Sunrise
Easter
You're Gone
Kayleigh
King

Encore
The Invisible Man

Encore 2
Beautiful
Garden Party


quinta-feira, abril 28, 2016

Avantasia traz Ghostlights para São Paulo com direito a gravação de Clipe e Show

A ópera rock voadora chegou a São Paulo com grandes astros do rock e gravou um dos melhores shows da banda em solo tupiniquim.


Um dos melhores projetos de heavy metal de todos os tempos, o Avantasia, veio ao Brasil divulgar seu mais novo álbum Ghostlights (2016) e como presente para os fãs, fizeram a gravação do clipe para a música Draconian Love em solo brasileiro e a gravação do show para um futuro DVD. A fase de Tobias Sammet não poderia ser melhor. Acompanhado dos melhores músicos da cena, o show do Avantasia não poderia ser menos que um dos melhores shows do ano. Com ninguém mais, ninguém menos que Michael Kiske (Unisonic, ex-Helloween), Jorn Lande, Ronnie Atkins (Pretty Maids), Amanda Somerville (Aina), Herbie Langhans (Beyond the Bridge, ex-Seventh Avenue), Oliver Hartmann (Hartmann, ex-At Vance), Eric Martin (Mr.Big), Sascha Paeth, Felix Bohnke (Edguy), Robert Hunecke-Rizzo (Luca Turilli) a tropa Tobias Sammet (Edguy) veio ao Brasil destruir as metas de alguma banda da cena alternativa do heavy metal fazer um show tão épico quanto este.

Por favor continuar a leitura no Fanzine Mosh

quarta-feira, abril 27, 2016

Candlemass vem ao Brasil comemorar 30 anos de existência

Com um show recheado de clássicos, Candlemass satisfaz público das antigas, mas bota em cheque história recente da banda


A escolha da casa de shows Clash Club foi acertada para a quantidade de pessoas que compareceriam ao show do Candlemass, mas antes a banda de abertura fez seu papel de colocar o público no clima. Os paulistas do HellLight, fizeram um bom show, mostrando mais do estilo Funeral Doom. Com pouco mais de 40 minutos de show a banda deixa o palco para a apresentação dos suecos.

Quando testemunhei o Candlemass pela primeira vez em São Paulo em 2006, na extinta casa de shows Led Slay, nunca imaginei que veria os suecos novamente sem o carismático vocalista Messiah Marcolin. Acontece que logo depois da vinda da banda ao Brasil, Messiah saiu da banda e deixou muitos fãs do Doom Metal em luto acreditando que a banda teria terminado. Leif Edling não o permitiu e logo contratou Robert Lowe, vocalista do Solitude Aeternus para o cargo. Este gravou três excelentes álbuns com o Candlemass: King of the Grey Islands (2007), Death Magic Doom (2009) e Psalms for the Dead (2012) – este último marcando o derradeiro registro de estúdio da banda que também resultou na demissão de Robert dos vocais. Atualmente com Mats Levén nos vocais, Leif traz sua última cartada para manter o Candlemass na ativa, trazendo o show de 30 anos de aniversário da banda ao Brasil. A banda ainda trouxe em sua formação os músicos Mats Mappe Björkman (guitarra), Jan Lindh (bateria) e Lars Johansson (guitarra). Como o vocalista Mats Levén participa também do projeto Krux, de Leif Edling, percebi que há uma harmonia entre eles – inclusive na interpretação dos clássicos do Candlemass.

A banda limitou-se a tocar músicas de seus álbuns clássicos, sem deixar de fora músicas pontuais de dois álbuns mais recentes como a Prophet do álbum Psalms for the Dead e Emperor of the Void do álbum King of the Grey Islands. Acredito que concentrando-se e muito nos clássicos, Leif Edling se manteve fiel a história da banda, mas ao mesmo tempo desmereceu clássicos imediatos de álbuns tão memoráveis como Black Dwarf do álbum Candlemass.

Os fãs no entanto não se importaram com a performance de todos os clássicos do primeiro álbum Epicus Doomicus Metallicus como a interpretação fantástica de Mats Levén para a grandiosa Under the Oak ou até a pesadíssima A Sorcerer’s Pledge. Falando sobre Mats Levén, este vocalista foi simplesmente a escolha mais que perfeita para substituir Messiah Marcolin nos vocais. A abrangência vocal do indivíduo é tão absurda, que não importa quem interpretou a versão da música. Mats consegue não somente interpretar ela da maneira dele, como aperfeiçoar aquilo que não imaginava pudesse ser ainda melhor. Até no momento de interpretação em tristeza, como na sentimental At the Gallows End, do grandioso Nightfall, Levén conseguiu distinguir com perfeição tristeza com agressividade nos momentos corretos. Um dos melhores momentos da noite, sem sombra de dúvida.

Claro, que não podia deixar de destacar a grande atuação dos guitarristas, que não deixaram a peteca cair, mostrando muita dedicação e ensaio para as músicas. Um dos grandes destaques da noite para mim de interação entre ele foi na interpretação para The Prophecy do álbum Tales of Creation, onde Lars e Mats Björkman basicamente carregam nas costas a linha de desenvolvimento da música. A quantidade de “feeling” por trás da música é simplesmente impressionante.

A banda ainda voltou ao palco, após pedidos, para tocar Samarithan, do álbum Nightfall, encerrando assim uma noite que será lembrado por muitos como o fatídico dia em que o Candlemass retornou ao Brasil, mas ao mesmo tempo servirá para muitos criticarem a nova roupagem que Mats Levén deu ás músicas. Espero que na próxima vinda da banda ao Brasil, que eles tragam em seu repertório, músicas de seus álbuns mais recentes – que na minha humilde opinião não perdem nada para os grandes clássicos.


SET-LIST CANDLEMASS


 Mirror Mirror
Bewitched
Prophet
A Cry from the Crypt
Emperor of the Void
Under the Oak
At the Gallows End
A Sorcerer’s Pledge

BIS
The Prophecy
Dark Reflections
Crystal Ball
Solitude

BIS 2
Samarithan

 

terça-feira, abril 19, 2016

Amon Amarth, Marillion e Bullet são destaques da edição 112 da Comando Rock


Minhas matérias com o Amon Amarth, Marillion, Bullet e reviews de diversos shows foram publicadas este mês na revista Comando Rock.

Leia gratuitamente a revista através do site abaixo:

Revista Comando Rock nr.112



quinta-feira, abril 14, 2016

Accept em São Paulo tem setlist perfeito e coro de fãs em casa lotada

O público parece não se cansar dos alemães que lota o Carioca Club e canta em coro num calor infernal


Como pudemos conferir no Monsters of Rock, realizado em São Paulo ano passado, a banda alemã Accept é definitivamente um dos melhores shows de Heavy Metal para se assistir atualmente. O calor, no entanto da casa escolhida para o show, foi no mínimo infernal e passava facilmente dos 40 graus centígrados.

Com duas mudanças, comparando a formação com a do ano passado, tivemos na bateria Christopher Williams e na guitarra Uwe Lulis, onde este último é cartinha marcada para os headbangers de plantão, tendo em seu currículo passagens pelo Digger (1987), Grave Digger (1987 – 2000) e Rebellion (2000 – 2010).

Com um repertório que quase continha somente de clássicos, Accept fez a festa dos fãs mais tradicionais da banda englobando também sucessos de seus álbuns mais recentes, como os grandiosos Blood of Nations (2010), Stalingrad (2012) e Blind Rage (2014) ovacionados pelo público.

Wolf Hoffmann, guitarrista e Peter Baltes, baixista, ambos líderes do Accept, esbanjavam simpatia e empolgavam a cada cantoria iniciada pelo público, que foi perfeito em cada minuto das duas horas de duração do show. Interessante foi a grande variedade de riffs que poderiam ser ouvidos a cada faixa que Wolf interpretava junto a Uwe, como a grandiosa Restless and Wild. Christopher, o baterista escolhido para o show, também executou as músicas com perfeição, mostrando entrosamento e dedicação no ensaio das músicas.

Mas o que mais impressionou óbviamente, é a interpretação de Mark Tornillo para as músicas uma vez interpretadas por Udo Dirkschneider. Impressionante como o vocalista consegue manter a qualidade de seus vocais com duas horas de show – algo muito difícil de fazer tendo em vista que as músicas como Stampede, Shadow Soldiers, Bulletproof e Princess of the Dawn requerem muito das cordas vocais.

Percebe-se hoje, que a banda poderia ser tão grande quanto o Iron Maiden ou até Megadeth se tivesse se mantido firme na cena e não tivesse simplesmente se apoiado tanto em Udo, que mais estava interessado em lançar os álbuns de sua carreira solo. Uma das frases célebres dadas por Udo em uma entrevista á Lords of Metal foi que se eles tivessem que criar um álbum juntos eles destruiriam mais do criariam. Com a interpretação das músicas do álbum Blood of Nations (2009), que marcou seu fatídico retorno ao mercado, prova que Udo estava errado. Accept hoje é uma banda mais do que madura e que continua lançando álbuns incríveis e fazendo shows impecáveis, como este no Carioca Club – levando headbangers de todas as idades á loucura com os riffs impecáveis de Wolf e as linhas de baixo de derrubar muros de Uwe.

Espero de coração que o Accept continue trilhando este caminho e que músicas como Teutonic Terror, Son of a Bitch e Balls to the Wall, continuem sendo tocadas por Hoffmann e Baltes por muitos anos. Vida longa ao Accept – Vida longa ao Heavy Metal.

Crédito Fotos: Fernando Yokota



SETLIST

1.       Stampede
2.       Stalingrad
3.       Hellfire
4.       London Leatherboys
5.       Living for Tonite
6.       Restless and Wild
7.       Midnight Mover
8.       Dying Breed
9.       Final Journey
10.   Shadow Soldiers
11.   Starlight
12.   Bulletproof
13.   No Shelter
14.   Princess of the Dawn
15.   Fall of the Empire
16.   Dark Side of My Heart
17.   Pandemic
18.   Fast as a Shark
19.   Metal Heart
20.   Teutonic Terror
21.   Son of a Bitch
22.   Balls to the Wall


sexta-feira, abril 08, 2016

Coldplay em São Paulo tem pedido de casamento e muitos efeitos especiais

A banda finalmente mostra evolução de timidez com um “evento” nota 10 em efeitos especiais e participação do público


Como indicado em diversas entrevistas por Chris Martin, esta pode ser mesmo a última turnê da banda e o episódio final em São Paulo foi bem o de sempre: um final feliz e com as honras de um pedido de casamento. A incrível idéia das pulseiras coloridas, balões, papel picado e músicas para cantar em alto e bom som entre um som eletrônico e outro, pode servir para espaços pequenos ou estádios enormes, enfim além da banda quem esteve lá vivenciou uma experiência única neste formato de show.
O Coldplay já foi mais acanhado, mas domina muito mais agora, como o U2 o faz. Os 45 mil fãs se deliciaram por cerca de duas horas, entre pulseiras que piscavam em sincronia e tempestades de estrelinhas recortadas. Impressionante como os quatro músicos se desdobram para fazer um som potente na medida da sede de diversão do público. Na penúltima música, 'Sky Full of Stars' o vocalista Chris Martin fez a banda parar e atendeu a um pedido de dois casais que queriam ficar noivos – bem no estilo fofo e romântico da banda. O capítulo terminou com um abraço quíntuplo entre os fãs brasileiros e o líder da banda inglês.
O repertório foi montado basicamente com os dois discos mais recentes: o dançante “A Head Full of Dreams” e o anterior, o tristonho “Ghost Stories”. Era interessante notar que os “u-hu” de 'Adventure of a Lifetime' superavam com tranqüilidade os “ôôô” do sucesso anterior 'Viva La Vida' com um coro marcante da noite. Interessante é o espaço pequeno deixado para Ghost Stories, que poderia ter estragado diversos momentos do show por serem muito desanimadores. Mas a banda foi bem inteligente utilizando o palco menor, mais próximo ao público para interpretar 'Ink' e 'Magic', trazendo um clima mais intimista aquele momento. Interessante, foi a interpretação de 'Trouble', do álbum "Parachutes" (2000) num palco ainda menor – música que é muito mais simples e sofrida que 'Yellow'. Há algo bom no arranjo, mas nada que poderia resultar nisto que o Coldplay é hoje.
Percebe-se que a banda é um grande amálgama, como o símbolo do último disco deles, tendo elas espalhadas pelo show como exemplo 'Clocks', o coro de arena de 'Viva la Vida', o pop pegajoso de 'Paradise' e a balada praiera 'A Sky Full of Stars'. Diversas delas resultaram no que se vê em sua discografia: pop alegre, justo e até eficiente, mas que não surpreende ninguém. Tem realmente cara de último capítulo. Para os fãs mais fervorosos, fim de série.


SETLIST:

Head Full of Dreams  - Head Full of Dreams (2015)
Yellow – Parachutes (2000)
Every Teardrop Is a Waterfall – Mylo Xyloto (2011)
The Scientist – A Rush of Blood on the Head (2002)
Birds – Head Full of Dreams (2015)
Paradise – Mylo Xyloto (2011)
Everglow – Edição Single do álbum Head Full of Dreams (2015)
Ink – Ghost Stories (2014)
Magic – Ghost Stories (2014)
Clocks - A Rush of Blood on the Head (2002)
Midnight - Ghost Stories (2014)
Charlie Brown – Mylo Xyloto (2011)
Hymn for the Weekend – Head Full of Dreams (2015)
Fix You – X&Y (2005)
Heroes – David Bowie cover
Viva la Vida  - Viva la Vida and All His Friends (2008)
Adventure of a Lifetime – Head Full of Dreams (2015)
Trouble – Parachutes (2000)
Speed of Sound – X&Y (2005)
Amazing Day – Head Full of Dreams (2015)
A Sky Full of Stars – Ghost Stories (2014)
UP&UP – Head Full of Dreams (2015)


Iron Maiden veio ao Brasil divulgar o multiplatinado The Book of Souls

Iron Maiden se apresentou no Allianz Arena, em São Paulo, com as bandas de abertura Anthrax e The Raven Age

Impressionante como a ansiedade consegue fazer com que você mal consegue avaliar as bandas de abertura de bandas tão aguardadas como o Iron Maiden. Não interessava ali quem abriria o show, desde que o show do Iron Maiden acontecesse. A recepção para as bandas de abertura foi muito boa. Começando pelo The Rave Age.  A banda de George Harris, filho mais velho do baixista Steve Harris, entrou em cena. Fundada em 2009, o grupo The Raven Age começou a ter vida própria com a chegada do baixista Matt Coxx em 2012, posteriormente com a chegada do vocalista Michael Burrough e do baterista Jai Patel, ficando completa a formação com o guitarrista Dan Wright, que também é co-fundador da banda. A banda básicamente tocou cinco músicas se despedindo do público ansioso para que a próxima banda, o grandioso Anthrax se apresentasse rápidamente. Já com o estádio mais cheio, os moshers do Anthrax foram a outra atração escalada para aquecer o público. E seguraram as pontas como qualquer banda grande o faria. Fazendo arranjos que homenageavam o Iron Maiden em suas próprias músicas, a banda teve o público em suas mãos com os grandes clássicos do thrash como “Caught in a Mosh”, “Got the Time” e “Antisocial”, as seguidinhas favoritas para os moshers de plantão. Rodas óbviamente foram abertas em homenagem ao grande Anthrax que recém lançou o álbum “For All Kings” (2016) e também aproveitou o momento único para executar duas canções desse novo disco: “Evil Twin” e “Breathing Lightning”. Uma pena que o show do Anthrax tenha sido tão curto, pois o grupo americano referência no estilo Thrash Metal foi impecável na noite de sábado. Mesmo com um set enxuto, a banda mostrou toda sua força e trouxe para enaltecer ainda mais a grande história do estilo o guitarrista do Sepultura - Andreas Kisser  que adicionou seus dedilhados ao grande clássico “Indians”, com direito a trecho de “Refuse/Resist”, para o delírio dos fãs do Sepultura que ali estavam. Fiquei também bastante impressionado com o desempenho do baterista Jon Dette, improvisado rapidamente para substituir Charlie Benante nas baquetas que por motivos judiciais foi impedido de viajar com a banda. Foi de tirar o chapéu!
Chegara a vez da Donzela de Ferro se apresentar. Até o clima no estádio Allianz Parque havia mudado. Ao apagar as luzes, o palco tomava a forma de um templo mítico que fazia homenagem á
Templos primitivos como os Maias/Astecas/Incas.
No telão, via-se o avião Ed Force One sendo arremessado pelas mãos de Eddie para o Brasil. Assim começa o show, com Bruce Dickinson começando a cantar If Eternity Should Fail com mãos estendidas para uma espécie de fonte e a banda que inclui Steve Harris, Dave Murray, Adrian Smith, Nick McBrain e Janick Gers entram em cena logo depois para complementar a grande performance do vocalista. A banda que veio para o Brasil divulgar o novo álbum The Books of Souls, focou em seu novo lançamento. Criticado por alguns e absurdamente elogiado por outros, The Book of Souls dividiu opiniões mas no final, fãs da Donzela de Ferro são obcecados e piram em cada movimento que cada integrante faz no palco. Labaredas de fogo que saíam do chão e das colunas do templo anunciavam Speed of Light (The Book of Souls, 2015) o carro chefe do álbum novo. Empolgante e com um riff viciante, Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers mostravam ao público toda a sua habilidade nas cinco cordas. Janick Gers era o mais descontraído no palco, como sempre – corria de um lado para o outro com seu instrumento e mostrava sua elasticidade de suas pernas apoiando-as em um alto falante bem alto, enquanto dedilhava sua guitarra.
Era a vez do primeiro clássico da noite com Children of the Damned do álbum The Number of the Beast (1982) – mostrando pela primeira vez no show o grande potencial de canto do estádio. Que incrível ouvir tantas vozes cantarem juntas um dos maiores clássicos do Iron Maiden!  A banda continuou seu set com Tears of a Clown, do álbum novo The Book of Souls (2015), uma das faixas mais incríveis do álbum novo! Com sua pegada típica anos 80, Tears of a Clown é uma grande homenagem ao ator Robin Wiliams (63 anos) que se suicidou ano passado e conforme alguns veículos de imprensa é a favorita do Bruce Dickinson deste álbum novo. A banda emenda logo com The Red and the Black, a música mais longa do The Book of Souls (2015).

Mas com The Trooper é que a banda realmente trouxe a casa abaixo. Com Bruce Dickinson vestido de soldado inglês e agitando um bandeirão com a bandeira inglesa, a banda traz o clássico do Piece of Mind (1983) para o estádio. Mas o ponto alto ainda estava por vir quando o boneco Eddie entrou no palco no meio da música! Eddie ainda teve seu coração arrancado de seu corpo e este foi atirado no público pelo vocalista. Com o público ainda se recuperando do clássico, logo os ingleses mandam Powerslave, do álbum Powerslave (1984) – com direito a Bruce Dickinson entrando com uma máscara de Luta Livre mexicana. Não me perguntem como o cara cantou com aquilo na cara, mas mesmo assim, ficou incrível. Com Death or Glory a banda continuou tocando músicas do álbum The Book of Souls (2015) e emendaram com outra do álbum, a música título The Book of Souls, que teve direito ao surgimento de uma cabeça do Eddie de pelo menos três metros de altura. Impressionante que com 36 anos de carreira, que os músicos continuam assim com tanto pique no palco. Nicko McBrain não parava em minuto algum para descansar mesmo com 63 anos nas costas. Respeito. Com um clima sombrio, era a vez de Hallowed Be Thy Name, que mostrou Bruce Dickinson com uma corda no pescoço – impressionante que a esta altura do show, Bruce já havia trocado pelo menos quatro vezes de roupa durante o show. Os solos certeiros de Dave Murray compartilhados com Adrian Smith eram simplesmente muito bem ensaiados – impressionante a grande sintonia entre estes grandes guitarristas.
Sem contar claro com a grande responsabilidade de Janick Gers de manter a base da música junto com o grandioso Steve Harris no baixo. Com Fear of the Dark, do grandioso álbum Fear of the Dark (1992) o estádio veio abaixo com luzes iluminando o estádio todo com direito á cantoria generalizada! A banda termina seu show com a grandiosa Iron Maiden, do álbum Iron Maiden (1980). Mas a banda não demoraria muito para voltar ao palco com a grandiosa The Number of the Beast do álbum The Number of the Beast (1982). Logo depois Bruce Dickinson faz uma homenagem aos fãs em São Paulo dizendo que a cidade é a mais Metal do Mundo e que todos nós somos irmãos de sangue, introduzindo Blood Brothers do álbum Brave New World (2000) e a banda encerra seu show com um dos grandes clássicos e o riff mais importante que Adrian Smith já compôs em sua longa carreira – Wasted Years do álbum Somewhere in Time (1986) – que maneira épica de encerrar um show. Sim, é neste momento que preciso citar a própria música, estamos vivendo sim os anos dourados, os anos em que testemunhamos a existência da grandiosa Donzela de Ferro e que nós possamos testemunhar sua passagem por terra tupiniquins por muito e muito tempo!


Agradecimentos a Denise Catto (Midiorama) pela atenção e credenciamento

Fotos: Flávio Hopp

Banda Anthrax :

Scott Ian - guitarra
Jon Dette - bateria
Frank Bello - baixo
Joey Belladonna - vocal
Jonathan Donais - guitarra

Set List Anthrax:

Caught in a Mosh
Got the Time (cover Joe Jackson)
Antisocial (cover Trust)
Fight 'Em 'Til You Can't
Evil Twin
Medusa
Breathing Lightning
Indians

Banda Iron Maiden:

Steve Harris – baixo
Dave Murray – guitarra
Adrian Smith – guitarra
Bruce Dickinson – vocal
Nicko McBrain – bateria
Janick Gers – guitarra


Set List Iron Maiden:

If Eternity Should Fail
Speed of Light
Children of the Damned
Tears of a Clown
The Red and the Black
The Trooper
Powerslave
Death or Glory
The Book of Souls
Hallowed Be Thy Name
Fear of the Dark
Iron Maiden

Bis:

The Number of the Beast
Blood Brothers

Wasted Years

sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Entrevista: DRACONIAN - O Império da Escuridão

O sexto álbum da banda sueca Draconian traz um marco para a discografia do sexteto. Sovran, como foi chamado, traz todos os aspectos de uma nova fase musical que a banda decidiu percorrer. A mudança de line-up com a saída da cantora Lisa Johansson e a entrada da sul-africana Heike Langhans forçou a banda a se renovar e até assumir um novo estilo musical, o Dark Metal. Conversamos com o vocalista, letrista e poeta Anders Jacobsson para entendermos mais sobre esta nova fase da banda e nos aprofundarmos mais na escuridão de Sovran.


por Marcos Franke

Primeiramente, o que significa “Sovran”, título do álbum novo do Draconian?

Anders Jacobsson – Significa “rei” ou “majestade” e se refere ao universo que está conectado, a consciência onisciente que interliga tudo com o restante da criação. Seres em estado se onisciência e consciência de vida. Um dos meus grandes heróis, George Carlin, costumava chamar esta Uma consciência a qual reverenciamos “O Grande Electron”. Este não julga ou possui favoritos. Ela apenas existe. O epicentro do amor.

Conte-me um pouco sobre como Sovran, o novo álbum do Draconian, começou a tomar forma. Foi antes ou após Lisa deixar a banda?

Anders – Depois. Eu tenho certeza de que quaisquer novas idéias que estavam entre nós, foram parar em Sovran. Foi um processo lento, já que estávamos lidando com outra tarefa difícil, em tornar Heike uma residente na Suécia (N.R.: Heike Langhans é de origem Sul-Africana/Cidade do Cabo). Durante os quatro anos de pouca atividade da banda, todos nós fomos um pouco para outras direções. Vida, assim por dizer. Ou na procura por ela. Luta, lágrimas de felicidade e tristeza, falhas e sucessos. Em tudo isto, as músicas começaram a tomar forma. Foi uma pré-produção muito lenta e entendemos que se a gente não continuar a trabalhar em músicas continuamente, o processo pode levar a gente para a exaustão e a falta de inspiração poderá surgir. Você precisa estar no processo sempre. Lição aprendida.



Sovran pode ser considerado um marco de mudança para a discografia do Draconian?

Anders – Sovran para mim é Draconian. Obviamente coisas sofreram mutações um pouco e a banda mudou seu line-up. Coisas estão mudando, mas não temos nem indício em qual direção está indo. Eu também nem quero saber. Apenas muito grato pela resposta fantástica que o álbum está recebendo. Fãs do Draconian são provavelmente as melhores pessoas do planeta, e estou agradecido por poder conhecer algumas das pessoas mais fantásticas e lindas dele.

Conte-me um pouco como Heike Langhans foi selecionada para ser a nova vocalista do Draconian.

Anders – Diria que a maioria das idéias para as músicas já estavam compostas quando decidimos por ela. É difícil relembrar procurando mais fundo. Heike entrou em contato com o nosso guitarrista Daniel, enviando clipes e músicas de seu projeto com a banda Lorelei e sentimos que ela tinha a voz com uma maior ressonância. Muitas que se candidataram foram fantásticas mas não sentia Draconian nelas. Heike veio aqui para uma audição e ficou mais tempo com a gente. Ela foi bem destemida (risos).

Doom metal sempre é emocional e triste. Com uma cantora feminina para ajudar a reforçar isto é simplesmente de tirar o ar, principalmente com Heike cantando. Como as músicas são compostas para o Draconian?

Anders – Se Draconian é Doom Metal, ele certamente possui um alcance bem longo. Nós temos uma clara inspiração do Doom, rock gótico e metal, mas  gêneros são realmente subjetivos nestes dias e nós começamos a chamar o Draconian de Dark Metal, simples. A escuridão sempre deverá existir enquanto Draconian o fizer. As músicas são escritas por Johan (N.R.: Johan Ericson é guitarrista). Começa com uma idéia para uma música e ele a manda para mim para poder me envolver e assim me inspirar para escrever a letra ou fagulhas delas – na maioria das vezes. Mas colocando a mão em meu coração, eu sinto falta dos dias dos ensaios rotineiros da banda quando as músicas tomam forma com a gente ensaiando como banda.


Sovran possui algumas músicas muito pesadas, como Stellar Tombs, que no início me lembra músicas do Amon Amarth por exemplo. Mas quando Heike começa a cantar tudo muda e o clima da música fica mais lento. Qual a importância do vocal feminino para as músicas do Draconian?

Anders – É difícil imaginar Draconian sem uma vocalista feminina e eu não tenho certeza se quero imaginá-lo. O aspecto feminino de nosso som conecta tudo, adicionando fragilidade e inocência á escuridão. Heike possui uma voz excepcionalmente triste. Ela combina perfeitamente.

Sovran possui letras incríveis. Qual é a inspiração para as letras para o álbum?

Anders - Minha vida, minha estupidez, minha inteligência, almas de outros e vida, experiências internas profundas, um tópico, um filme... Tudo pode se transformar numa letra. Eu caminho nesta vida observando a realidade de certa maneira. Tudo possui raízes num significado profundo e o que percebo e que tudo retorna para o amor. Ele até conforta quando machuca. Até os olhos escuros da tristeza possuem fagulhas de amor. Tristeza faz parte da transcendência...

Músicas como ‘Rivers Between Us’ e ‘Pale Torture Blue’ possuem uma relação profunda de letra e música que realmente é difícil não se emocionar com elas. Como foi compor estas músicas? Alguma inspiração em especial?

Anders – Não na verdade. ‘Pale Torture Blue’ foi a primeira música que escrevemos (junto com uma outra que não foi incluída no álbum) e as letras foram meio que uma experiência de mente/pensamento. Eu percebo que letras podem ser meio que confusas, mas dá espaço para interpretação, o que aprecio e muito. ‘Rivers Between Us’ foi a última música que terminamos. Simplesmente queríamos uma música mais simples, com letras óbvias indo mais para o lado gótico. Acho que conseguimos atingir isto. Ela fez com que Daniel Änghede (N.R.: integrante da banda Hearts of Black Science e colaborador em Sovran) se tornasse um grande amigo da banda.

Draconian começará sua turnê pela Europa com o Omnium Gatherum com a turnê Towards the Unknown Vol.1. Fale-me um pouco destes shows. Serão temáticos ou apenas um show promocional para o álbum Sovran?

Anders – Nós iremos com o que sentirmos no dia. Não tenho idéias para temática que usaremos na turnê. Daremos o nosso melhor a cada show. Será a nossa primeira turnê e estamos um pouco nervosos, sendo bem honesto.


No Facebook, Draconian postou um cover para The Final Cut do Pink Floyd com Heike e Daniel Änghede from Hearts of Black Science, uma banda muito mais voltada ao synthpop e a música eletrônica. O quanto estes estilos influenciam Draconian?

Anders – É um cover muito cru e cheio de sentimento que eles fizeram. A banda principal de Daniel é o Crippled Black Phoenix e a razão que nos instogou em trabalhar com ele foi esta banda e não seui projeto industrial/eletrônico. Eu não diria que Hearts of Black Science possui, se qualquer, inspiração para o Draconian, mas acho que o Crippled Black Phoenix tem talvez Daniel como ele mesmo.

Heike também participou do novo álbum do Hearts of Black Science com a música Wolves at the Border. Como foi pra ela participar do projeto? Deve ter sido uma experiência única.

Anders – Tenho certeza de que foi, mas ali Heike e Daniel já se tornaram grandes amigos e começaram a trabalhar juntos.

Quando entrevistei Paul Kuhr, do Novembers Doom quando eles vieram ao Brasil para o Festival Overload ano passado, ele recomendou ouvir a música de vocês. Notei também que ele participou do álbum inteiro Turning Season Within (2008). Conte-me um pouco sobre como Paul fez parte do processo de gravação deste álbum. Você ainda tem contato com ele?

Anders – Nós somos amigos no Facebook mas nunca conversamos, infelizmente. Muito legal da parte dele promover o Draconian entre as pessoas. A banda dele é incrível e para mim e Johan, sua contribuição para o Turning Season Within deixou sua marca. Este álbum certamente é o meu álbum favorito do Draconian.

Muito obrigado pela entrevista e deixe uma mensagem para os fãs da banda no Brasil.

Anders – Eu sei que vocês estão esperando muito a nossa passagem pelo seu país. Nós estamos esperando também. Mas eu ouço boatos e sussurros, quem sabe nós nos veremos logo. Lembrem-se, melhor tarde do que nunca (risos). Paz, meus amigos.

quinta-feira, janeiro 28, 2016

RESENHA: Exodus - Uma Lição em Violência

Exodus se apresenta sem guitarrista Gary Holt, mas compensa o público com a grande presença de palco de Steve Zetro Souza e grande performance do baterista Tom Hunting da formação clássica da banda


A introdução para a primeira noite de violência do ano no Carioca Club ficou á cargo das paulistanas do Sinaya, que estão em estúdio para a gravação de seu primeiro álbum. A banda apenas lançou um EP chamado “Obscure Raids” em 2013. O quarteto composto apenas por garotas formado por Mylena Monaco (vocal/guitarra), Renata Petrelli (guitarra), Camila Toledo (baixo) e Aline Dutchi (bateria) tomaram a responsabilidade para elas, aquecer um público sedento por música. O Death Metal com pitadas Thrash “Old School” foi prejudicado e muito pelo mal ajuste dos equipamentos. Não sei ao certo quem poderia ser responsabilizado por isto, mas a banda saiu prejudicada e muito.
Mylena Monaco : Sinaya
Uma pena pois Mylena possui um vocal interessante e lembra muito o Death dos primórdios do Human (1991). Destaque para os duetos de guitarra de Mylena e Renata, sem tirar a grande presença de palco de Camila, que agitava e muito com o seu baixo. A banda terminou sua apresentação em meia hora, deixando espaço para a banda estadunidense se apresentar, o Exodus. A banda que lançou o bem sucedido Blood In, Blood Out (2014) há dois anos, retorna aos palcos de São Paulo num espaço curto de tempo, demonstrando ter ainda muita força para atrair público – a diversão é garantida para aqueles que curtem as rodas de mosh imensas que se formam durante as músicas. As luzes se apagam e a introdução já assinala que a noite mais uma vez será violenta com as primeiras notas de Black 13, do álbum Blood In, Blood Out (2014) emendando com Blood In Blood Out, do mesmo álbum. Já percebia-se que a ausência de Gary Holt faria diferença, mas não tiraria o brilho da apresentação do Exodus, pois trouxeram Kragen Lum (guitarrista do Heathen) no lugar dele. Um guitarrista tão bom, que fez os fãs agitarem com ele como se Gary Holt estivesse ali, em cima do palco! Agora são dois integrantes do Heathen no Exodus, já que Lee Altus também é guitarrista do Heathen. Enquanto baterista da formação clássica da banda Tom Hunting, destruía na bateria, Steve “Zetro” Souza fazia o que faz melhor, era um showman e um grande vocal. Seguindo o set com o clássico And There Were None, do álbum Bonded By Blood, a banda conseguiu formar a primeira roda da noite, justificando todos os elogios aqui aplicados á banda até agora. Jack Gibson caprichou na velocidade de seu baixo com a grandiosa Deranged do álbum Pleasures of the Flesh (1987), um dos grandes petardos do Thrash dos anos 80. Zetro diz que da última vez não tocaram nada do álbum novo e que desta vez tocariam algumas, como a Body Harvest – na minha opinião, um clássico imediato. Óbvio que o tornado Humano no centro da pista da casa de shows, não parava de rodar em nenhum minuto. Impressionante. Mas a coisa só pioraria com a introdução de Metal Command do clássico Bonded By Blood (1985) – era tênis para um lado, copos e garrafinhas de plástico voando, uma loucura.  A banda fez a loucura de emendar com Piranha, também do álbum Bonded By Blood (1985) – que mostrou de fato que Kragen Lum merecia representar Gary Holt naquele palco.
Steve Zetro Souza: Exodus
Zetro emendou com A Lesson In Violence, do clássico Bonded By Blood (1985) depois de declarar amor á São Paulo, citando que até há paulistas no staff da banda, como o tour manager e o responsável pela mesa de som. Depois Zetro anuncia uma música que raramente é tocada pela banda ao vivo, a poderosa Impaler, que pode ser encontrada no álbum Another Lesson In Violence (1996). Mas, um dos grandes destaques da noite, no entanto, ficou para o clássico instantâneo Blacklist, do álbum Tempo of the Damned (2004). Mas a banda ainda não estava satisfeita e emendou com Bonded By Blood do álbum homônimo – mas a noite ainda não tinha acabado para este quinteto americano. The Toxic Waltz, do álbum Fabulous Disaster (1989) foi anunciada por Zetro com mais dedicatórias de amor á São Paulo, dizendo que ama mostrar para amigos as grandes rodas que costumam ser feitos em seus shows na terra da garoa. O público reagiu com uma das maiores rodas, de dar orgulho á thrashers/moshers ao redor do Mundo. Após retirar feridos era a vez da despedida com Strike of the Beast do Bonded By Blood (1985) terminando assim mais uma lição em violência. Se todos os shows forem ao menos tão bons quanto o Exodus este ano, não teremos um show fraco o ano inteiro. Bravo! [MF]

Fotos : Ronaldo Chavenco


segunda-feira, janeiro 18, 2016

Entrevista: Bullet e Suécia fundamentam a nova onda do Heavy Metal Tradicional

Bullet é mais uma das grandes surpresas oriundas da Suécia. Com seu mais novo álbum Storm of Blades (2013) a banda se tornou uma das grande referências para o ressurgimento do heavy metal tradicional na Europa ou carinhosamente chamado de NWOTHM (New Wave Of Traditional Heavy Metal) pela maioria. A banda é tão respeitada na Suécia, que até já abriu para o AC/DC e tocou para mais de 50.000 pessoas num estádio lotado. Conversei com os guitarristas Hampus Klang e Alexander Lyrbo a respeito de suas influências, os métodos utilizados para a gravação do álbum, Accept e um pouco da história da banda. Confira a seguir.

Eu estou curioso para saber como a idéia para formar o Bullet surgiu, já que tudo (inclusive o logotipo) foi criado tendo em mente as bandas dos anos 80. Isto foi apenas uma coincidência? Conte-me um pouco sobre o conceito entorno de Bullet.
Hampus Klang – Na verdade não. Sempre amei o Heavy Metal e a idéia era começar a melhor banda de Heavy Metal que existe. A banda que tivesse de tudo. A voz de Hell Hofer sempre funcionou muito bem para este tipo de música. A maioria de nossas bandas favoritas são do início dos anos 80 como Judas Priest, Twisted Sister, Accept, Saxon, AC/DC, Rose Tattoo, Black Sabbath, Dio, Iron Maiden e assim por diante. Eu realmente acho que os álbuns antigos soavam muito melhor que os álbuns lançados hoje em dia. Eles tinham uma atitude mais crua e natural.


Bullet lançou um álbum novo chamado Storm of Blades. Como foi compor material novo para este álbum, tendo a árdua tarefa de superar a já bem sucedida discografia do Bullet?
HK – Desta vez nós criamos uma metodologia diferente para escrever músicas. Nós sentamos numa sala de ensaio por oito horas todo o dia por três meses e fizemos um monte de demos em cada música até ficarmos totalmente satisfeitos com o resultado. A idéia era não tentar fazer algo diferente, mas fazer algo melhor possível. Nós tentamos dar uma identidade para cada música – entende? Estou muito feliz com as músicas, gravação e o layout para o álbum “Storm of Blades”.

Como foi mixar e masterizar o álbum Storm of Blades em estúdio? Houve a intenção de masterizar o álbum da mesma forma que os álbuns do Iron Maiden, Judas Priest ou até Accept o faziam nos anos 80, mantendo a mesma sonoridade até?
HK – Desta vez tentamos um novo estúdio chamado Pama com um novo cara novo chamado Mankan. Este foi de longe o mais exclusivo estúdio que nós já fomos. Nós esperamos gravar o próximo álbum ali também. Gustav, nosso baterista foi o produtor. Nós realmente não queremos que o álbum soe especialmente igual á um ano, mas queríamos que ele soasse como um álbum de metal dos anos 1979-1982 entende? (risos). Nós tentamos pegar aquele som natural e poderoso da época. Não usamos baterias trigadas ou guitarras destorcidas demais. Hoje em dia nós temos uma coleção imensa de guitarras e amplificadores e demorou para acharmos aquele que soava melhor. Tentamos todas as possibilidades até estarmos satisfeitos.
Alexander Lyrbo – Nós não tentamos masterizar ou gravar da mesma forma como era nos anos de ouro, 1978-1982, apenas utilizando equipamento analógico de gravação, por exemplo, ou apenas instrumentos e amplificadores daquela época. Mesmo assim, quando penso a respeito, alguns amplificadores e guitarras que usamos são daquela época (risos). Meu ponto é que não ficamos copiando cegamente tudo que eles faziam naquele tempo. Nós tínhamos o som perfeito em nossa cabeça e fizemos de tudo para chegar lá (risos).

Eu gostaria de saber um pouco sobre as letras para as músicas do Bullet. Como as letras para as músicas do Bullet são escritas?
AL – Bullet é sobre deixar os tempos bons rolar. Sempre que temos a inspiração para escrveer sobre como uma coisa é feita, escrevemos uma letra. E assim isto é feito em nosso amado busão de turnê do Bullet, viajando para uma nova cidade ou deixando outra para trás em procura de uma nova aventura ou experiência.

Hell Hofer possui uma voz forte e única, mas não há muito a respeito dele na internet. A carreira dele começou no Bullet como todos os outros membros?
HK – Ele sempre se interessou por cantar. Quando ele fez sete anos aproximadamente, o único lugar que ele podia cantar era na igreja, então ele se juntou ao coral da igreja. Eu acho que ele entrou numa banda aos 15 anos numa banda que tinha o estilo do Venom.
AL – Foi do céu ao inferno (muitos risos)
HK – Sim! Ele também esteve numa banda não muito séria aos 17 anos e não tenho certeza se naquela época ele cantou ao vivo. Mas eu zoava ele muito por que eles tocavam uma música do Toto. Eu e Hell fomos na mesma escola de música juntos e ele era o único cara que dirigia uma Harley e tinha cabelo comprido, sabia cantar e usava roupas de couro – então começamos a tocar juntos. Isto foi lá em 1996. Tocávamos músicas do Accept, Twisted Sister, Iron Maiden, AC/DC, Manowar e etc. Tentamos escrever nossas próprias músicas, mas elas sempre foram muito ruins. Pelo menos fomos inteligentes o suficiente para não lançar/gravar elas. Após algumas modificações de lineup, decidimos que queríamos procurar headbangers sérios e começar uma banda de verdade com músicas autorais. O restante de nós tocamos em muitas bandas antes. Eu toquei com o Hypnosia, Birdflesh e Jigsore Terror. Muitos de nós tocamos em bandas de thrash ou death metal antes.
AL – Eu toquei no Nominon e no Gravestoned antes. Nominon é uma banda de death metal que nosso antigo baixista Lenny Blade também tocou por alguns anos. Gravestoned era um som meio que Black Sabbath, início de Rush.
HK – A primeira vez em que vi Alex tocar foi no Säljervyfestival. Eu e Gustav estávamos bêbados, mas lembramos que eles eram muito bons. Também gostamos que ele tocou numa Gibson Firebird.

As bandas dos anos 80 como Accept, Judas Priest e Iron Maiden são influências para qualquer bandas de heavy metal. É correto dizer isto? Vocês tem outras influências quando vocês compõe?
AL – Sim é verdade!
HK – Estas bandas são os nossos heróis e claro, nossa grande inspiração. Nós ouvimos diversos outros estilos também. Um monte de música dos anos 70. Eu acho que Bullet é mais uma inspiração do início do blues e bandas mais brutais como Slayer, mas a maioria da inspiração vem de ponteiras, couro, amplificadores Marshall, guiatarras Gibson e bater cabeça.
AL – Mulheres e cerveja também.

Existem planos para lançar Storm of Blades na América do Sul? Você sabe algo a respeito?
HK – Seria muito legal, nós nunca estivemos aí. Sempre quis ir para a América do Sul, estou congelando aqui na Suécia agora. Não sei se a Nuclear Blast tem intenção de lançar o álbum na América do Sul, mas ficaria muito feliz se o fizessem. Esperamos poder estar aí em 2016. Sou um bom amigo de Casey (baixista do Skullfist) e ele me disse que os fãs da América do Sul são os mais loucos do Mundo. Uma semana atrás tocamos com o Sepultura na Alemanha. Sou um grande fã das coisas antigas do Sepultura.


Bullet é uma banda que está tomando parte da NWOTHM (New Wave Of Traditional Heavy Metal ou Nova Onda de Heavy Metal Tradicional). O que você acha deste renascimento do heavy metal tradicional?
AL – Muitas, mas muitas bandas tinham um som muito parecido nos anos 80 – no final dos anos 70, o que a idéia geral de tudo quando se fala em nova onda de algo; você pega algo que já existe e o faz novamente com pequenas modificações. Mas você não pode fazer muitas modificações, se você o faz você trai os fãs. Algumas bandas conseguem fazer algo extra, eles conseguem administrar o som num certo limite que é leal ao som mas se destaca da maioria. Eu gosto de bandas assim. Não odeio as outras, mas não vejo muito interesse nelas.

A banda está ativa desde 2003. Como é para o Bullet já ter 10 anos de história dentro da cena do Heavy Metal? O quão Bullet é responsável pelo renascimento do Heavy Metal?
AL – Bullet está ativo desde 2001 e naquele tempo o thrash metal foi o grande estouro entre aqueles que curtiam Heavy Metal. Em todas as festas o Heavy Metal tocava, mas ninguém tinha uma banda ssim. Uma banda de verdade de Heavy Metal era necessária, por isso o Bullet foi criado (risos).
HK – Eu acho que demos uma ótima impressão, pelo menos na Suécia. Eu comecei um festival cvhamado Muskelrock com nosso antigo manager de turnês Jacob Hector há oito anos. Nós temos umas 25 bandas todo o ano  muitas o dizem que Bullet foi a grande razão por terem começado. Isto já dá muita moral!

Bite the Bullet do álbum Bite the Bullet (2008) é uma das muitas músicas que fazem homenagem ao AC/DC também. O quanto você acha que o AC/DC influencia o renascimento que está ocorrendo?
AL – AC/DC é uma das melhores bandas de todos os tempos então eu espero que sim.
HK – Se você não gosta de AC/DC tem algo de errado com você. Eles fizeram álbuns tão incríveis e continuam fortes. Quando eu conheci Angus Young eu me sentia com 12 anos. Eu estava tão nervoso e a única coisa que podia dizer era “Eu amo você” e dei um abraço (risos). Quando lançamos “Bite the Bullet” um monte de coisas aconteceram. Fizemos uns 120 shows por ano e abrimos para o AC/DC para 50.000 pessoas e estivemos nas rádios suecas todo o dia. Esta m´sucia significa muito para nós. Nós deixamos rapidamente de ser uma banda pequena de porão e ter bebidas grátis com nossos heróis para tocar em grandes festivais. Foi um sonho se tornando realidade.

Você acha que bandas de heavy metal como o Hammerfall são referência para o NWOTHM, ou você acha que eles seguem uma cena completamente diferente na cena?
AL – Hammerfall começou nos anos 90 quando o Heavy Metal estava totalmente morto no mainstream, especialmente na Suécia, mas ainda conseguiram construir um nome para eles que vale muito respeito. Nós fizemos turnês com eles por alguns anos e eles são ótimas pessoas.

O que você acha do Heavy Metal hoje em dia?
AL – Eu penso que o Accept é uma das bandas “antigas” que continuam mantendo a chama do Metal viva dirante os anos e ainda lançam excelentes álbuns. Blood of Nations é um clássico na minha opinião. Accept sempre foi a inspiração, mas indo contra o que outros dizem, não roubamos nada deles. Entretanto, nós roubamos nosso logotipo do Adam Bomb. Hampus procurou em revistas antigas e achou o logotipo, pensou que ninguém conhecesse o cara e o roubou. No entanto, seis anos depois, nós vimos nossos logotipos um ao lado do outro e tocamos no mesmo festival (risos). Festejamos juntos em nosso ônibus e ele até escreveu uma música sobre este roubo.
HK – Sim, isto foi muito divertido, ele estava sentado com um violão cantando:
- Bullet roubou meu maldito logotipo...
Nós preenchemos com Adam Bomb, lixo de Los Angeles. Ele mais tarde encontrou o amor com uma garota na casa de Hell Hofers (risos).


Muito obrigado pela entrevista e eu espero vê-los no Brasil em breve. Deixem sua mensagem aos fãs do Bullet no Brasil.
AL – Continuem loucos!

HK – Bang your heads!