quinta-feira, junho 23, 2016

Dream Theater em São Paulo foi um convite para outra realidade

        A expectativa para The Astonishing se concretiza e público é levado para outra dimensão através da música e temática do álbum novo.

Marcos Franke

           Dream Theater retorna á cidade da garoa para divulgar o elogiado álbum The Astonishing, um dos álbuns definidos por muitos fãs como um retorno á magia deixada para trás após o lançamento do grande clássico da banda: o Metropolis Pt.2: Scenes of a Memory. Com uma configuração totalmente diferente da convencional, o Espaço das Américas escolheu cadeiras para acomodar o público, que ansioso estava para ver um dos melhores lançamentos da banda tocado na íntegra. Com um atraso de meia hora no cronograma, o Dream Theater inicia seu show ás 21:30 da noite. Com um palco todo temático, inspirado na história contada no álbum, bandeiras dos clãs GNEA e Ravenskill e postes de luz antigos fazem contraste com a tecnologia do fundo do palco. Com o escurecer das luzes da casa de shows, somos recepcionados pelos NOMACs, os mascotes e a razão pelo colapso do Mundo futuro retratado pela banda em The Astonishing, pois são a única fonte de música que pode ser ouvida. Eles, pelo ponto de vista da banda, são uma inteligencia artificial que automatiza a cacofonia sem alma. Em entrevistas recentes de John Petrucci, a banda pretende explorar mais estas criaturas em uma futura novelização de suas músicas. A história atual no entanto é mais direcionada aos personagens Humanos e suas lutas internas/externas.
           O show foi longo. Foram aproximadamente três horas de muita música e tivemos direito a um intervalo entre os dois atos do álbum The Astonishing. Para muitos fãs, o fim do show foi o fim do primeiro ato, pois muitos ficaram com medo de ficar sem o serviço do metrô. Mas os que assistiram ao primeiro ato testemunharam grandes momentos como a carro chefe do álbum The Gift of Music, a maravilhosa The Answer, que quase acústica é acompanhada pelo teclado de Jordan Rudess e pelo violão de John Petrucci e a incrível voz de James Labrie - na minha opinião um dos momentos mais lindos e harmônicos do show. Em Lord Nafaryus percebe-se claramente que a competência de Mike Mangini nas baquetas é desafiada, variando de estilos na música inteira - impressionante. The Astonshing tem baladas muito boas como A Savior In The Square, outro momento muito belo do primeiro ato com John Petrucci tocando sua guitarra com muita alma, sem ser desafiado - os momentos sempre mais belos do guitarrista em ação emendada com, a When Your Time Has Come - que prova que a banda precisa deixar de querer mostrar que é técnica e deixar florir mais a grande habilidade de criar melodias como esta e a muito boa Act of Faythe. A grande influência que o palco e as imagens do fundo trazem para a música é simplesmente incrível. Os momentos pesados ficaram com Three Days, A Life Left Behind - esta última um exemplo clássico por que Dream Theater são já os mestres do metal progressivo que se conhece hoje em dia. Com poucos momentos de agito, o primeiro ato passou meio que sem muito retorno do público, que mais estava extasiado com os grandes momentos de viagem musical com Ravenskill, Chosen e A Tempting Offer - que em raros momentos mostrou John Petrucci preocupado em agitar o público, que estava em catarse absorvendo a quantidade absurda de informação vinda do palco. Tratando-se de um trabalho ainda recente, era o que o público podia fazer. O primeiro ato termina com músicas pesadas - as incríveis A New Beginning e The Road to Revolution, com grandes interpretações de John Myung e Mike Mangini.
           O segundo ato do show se inicia após um intervalo de 15 - 20 minutos. Mais uma vez somos brindados com os Nomacs, com o público retornando ao Mundo de luta entre clãs e o amor entre duas pessoas. Moment of Betrayal é um dos momentos mais incriveis do segundo ato, deixando os que continuam no show perplexos com a técnica de John Myung no baixo, que acompanha com uma aparente facilidade a velocidade da bateria e da harmonia de John Petrucci. Impressionante. Com Begin Again, a banda retoma a melodia acústica que acompanha o álbum inteiro, deixando-a ainda mais bela com a grande interação Jordan Rudess e John Petrucci. O peso retorna em The Path That Divides e possui o seu ápice em The Walking Shadow, que até possui uns gritos ousados de James Labrie, que dramatiza assim a morte de um dos personagens da trama retratada no painel dos fundos. Percebe-se que agora que o ápice toma conta com My Last Farewell, com interpretações incríveis de John Myung, John Petrucci, Mike Mangini e James Labrie - nem parece que a banda é apenas composta por quatro integrantes. O clima fica mais triste e lento com as lentas Losing Faythe e Whispers On The Wind. A banda retoma o clima mais feliz com Hymn of a Thousand Voices com uma das melhores interpretações de James Labrie na noite. Com Our New World a banda termina seu segundo ato e retorna para o bis com a última música do álbum The Astonishing, que se chama Astonishing, que encerra o show reprisando a melodia principal do álbum - que momento belo foi este. Esta noite foi uma experiência que pode sim ser retratada como um teatro dos sonhos - que nós possamos testemunhar mais momentos como estes e sonhar com uma das bandas mais incríveis da atualidade. Bravo!