terça-feira, agosto 09, 2016

Destaques de Julho 2016


Witherscape // The Northern Sanctuary - O nome Dan Swanö se tornou sinônimo de qualidade e seu último projeto Witherscape não é uma exceção para a quantidade de projetos do músico. O primeiro álbum do Witherscape foi bem surpreendente, mas The Northern Sanctuary levam as coisas para algo maior, mais grandioso onde death metal melódico, prog e tradicional conseguem coexistir em perfeita harmonia. Emprestando os melhores elementos de projetos antigos como Edge of Sanity e Nightingale, Mr.Swanö reveste com maestria sua música com elementos escuros e claros, pesadas e melódicas sem nunca perder de vista os ganchos para as canções. Ragnar Widerberg, colaborador e Homem de muitas barbas parecem o encaixe perfeito para as conotações malucas de músicas compostas por Swanö, emprestando suas melodias de guitarra e solos no estilo Symphony X á rodo. Quando você recebe esta quantidade de excelência técnica junto á esta composição incrível de músicas, você sabe que está num lugar bom e é exatamente isto que The Northern Sanctuary é. Animal!

Menções honrosas:

Inter Arma // Paradise Gallows  - Uma pessoa não pega simplesmente elementos do southern rock, doom, sludge, prog e death metal e solda com algo coerente e cativante como o Inter Arma fez exatamente com Paradise Gallows. No processo eles me impressionaram e muito com seus ganchos pesadíssimos de bom gosto. O resultado foi um trabalho fantástico ao casar tantas influências juntas criando assim sua identidade. A última vez que algo assim foi feito foi na área do doom com prog metal com o Mastodon, o que deveria revelar a quão reverenciada esta banda será em pouco tempo – se já não o for com este álbum. Impressionante.




Caïna // Christ Clad in White Phosphorus - Esta banda é simplesmente diferente por sua perplexidade e natureza amorfa que se compromete com um som que na verdade nenhuma banda deveria se comprometer. Christ Clad in White Phosphorus é mais um tipo de experimento dentro do estranho, incômodo e imprevisível, levando o core do black metal pra dentro do Mundo da Darkwave dos anos 80 com sua anti-música. É um álbum muito bom, mas necessariamente não é uma audição fácil. Espero que o mercado do underground dê uma chance para este petardo, pois é muito exclusivo. No final das contas, todos nós amamos algo exclusivo.




Fates Warning // Theories of Flight - O Fates Warning parece estar numa ascenção em sua carreira desde o álbum de 2013 Darkness in a Different Light e esta impressão fica ainda mais evidente com Theories of Flight. Traçando o caminho entre o prog-metal e o rock acessível estes veteranos sabem o que estão fazendo e o provam compondo músicas fortes mas técnicas para deixar o ouvinte atento e ao mesmo tempo emocionalmente disponível. O vocalista Ray Adler parece revitalizado e as ligações com o clássico álbum Parallels  são muito legais. Estou impressionado com este álbum e Theories prova que Darkness in a Different Light não foi apenas um resfriado. O bom gosto voltou para ficar.

quarta-feira, agosto 03, 2016

Metal Véio// Sodom - Obsessed By Cruelty

Vou escolher um dos álbuns mais toscos que conheço para iniciar esta nova coluna que abordará discos antigos. O artigo é sobre o primeiro álbum do Sodom - Obsessed by Cruelty. Toda vez eu tento encontrar palavras que seriam justas em relação á ele, sem sucesso. Esta “justiça” com palavras sempre depende do ponto de vista da perspectiva do ouvinte. Para os ouvidos deste que vos escreve, este debut de 30 anos é uma grande confusão. Mas agora que o novo lançamento do Sodom, "Decision Day", está próximo, eu encontrei coragem para tirar o Obsessed by Cruelty da prateleira e dar outra ouvida. Pode ser inspiração, nostalgia, pode ser Peter Steel me chamando das labareda
s do inferno. Apesar de achar Persecution Mania, Agent Orange e M-16 mais fáceis de descrever, Obsessed by Cruelty faz parte da história. Uma que merece meu respeito e sua menção.

Entre as linhas de composição do Obsessed by Cruelty existe um som mais cru, sujo, mais Sodom. Um som que fez Sodom ter uma roupagem mais escurecida do estilo do Venom. Tudo começou em 1984 com o EP In the Signo f Evil. Sodom pegou aquela formula old-school do Venom e a fez mais agressiva e mais obscura. O resultado foi o EP de cinco faixas que seria o primeiro álbum da banda. Talvez possua uma produção de Neandertal e músicas muito longas para seu próprio bem, mas como o Venom antes deles, In the Signo f Evil tinha poder de presença. Sons como “Blasphemer” e “Burst Command til War” me cativam toda a vez que as ouço. E isto causou uma impressão nos fãs naquele tempo, rendendo ao Sodom a marca de trio mais cru e mais obscuro da Alemanha.

Assim, o que deveria ser o primeiro álbum do Sodom chegou e foi. Não era thrash e não era o melhor deles, mas foi um bom início. Após uma mudança pequena de guitarrista, com a saída de Grave Violator para a entrada de Destructor, 1985 encontrou o trio (junto com Tom Angelripper e Witch Hunter) que entrou no estúdio para gravar o álbum mais obscuro de sua discografia. O resultado foi um álbum de onze faixas e de 37 minutos das músicas mais mal produzidas, incoerentes e estranhas já compostas pela banda. As guitarras estão fora do tom, a banda está mais solta que o pudim de tapioca da vovó e a organização do álbum é pior que uma coletânea de melhores de uma banda de quinta. A música sinistra que abre o álbum dá ênfase ao assalto violento de “Deathlike Silence” o que representa perfeitamente o Sodom de 1986. Os riffs obscuros no estilo Venom e a mesma atitude sangram pelo resto do álbum. “Brandish the Sceptre” e “Equinox” usam a fórmula introduzindo seus próprios e sutis temperos á mixagem. Aquelas quebradas no meio das músicas  e a grande quantidade de bateria misturadas aos riff supersônicos de Angelripper se unem ao que na época se definia de thrash metal. Há também músicas como “Proselytism Real” e “Obsessed by Cruelty” que marcham para dentro da tentativa de mixar todas as inspirações mais pra frente. “Proselytism Real” talvez tenha a pegada de guitarra mais cativante do álbum, mas se arrasta para um tipo de arrastado no estilo Autopsy – o que não funcionou. A música título sofre com uma introdução estranha, mas retoma como uma das melhores do álbum.

Se você possui a versão européia de 1986 do álbum, você ganha três coisas que os americanos não receberam. Um guitarrista diferente (Assator), uma produção “melhor” e uma faixa adicional. “After the Deluge” não é uma audição necessária, mas é uma adição legal – redondando a primeira parte do álbum muito bem. A parte de trás do álbum (segunda parte) é mais fraca e seria uma lástima se não fosse pela “Pretenders of the Throne e a animal “Witching Hammer”. Também acho que seria bem mais respeitável se eles não tivessem escolhido a chata “Volcanic Slut” para o trabalho. Sim, eu entendo por que muitos fãs amam esta música. Mas ela é tão ruim que ela me faz encolher num canto e não querer mais sair de lá.

Apesar de tudo em 1987 com o EP Expurse of Sodomy e com o álbum Persecution Mania a banda apagou tudo que foi feito até este ponto, Obsessed by Cruelty é um lindo momento para aquele tempo. Sodom continuaria, lançando o álbum mais popular de sua carreira e é o que faz Obsessed by Cruelty tão interessante. Talvez exista uma razão para tudo. E eu como, gosto de pensar que Persecution Mania e Agent Orange nunca teriam acontecido se não fosse pelo Obsessed by Cruelty. Não sei por que eu acho isto, mas na verdade tenho medo de questionar, pois Sodom pode muito bem regravá-lo e me provar o contrário.