terça-feira, outubro 27, 2015

Muse traz turnê "Drones" para São Paulo

Maglore abriu o show dos inglêses em São Paulo mostrando ao público músicas do recém lançado álbum "III" 


Com muitos shows rolando no final de semana e o advento do ENEM, o Muse teve a árdua tarefa de lotar o novo estádio do Palmeiras, o Allianz Arena. Para dar uma força aos ingleses, a banda que ficou responsável pela abertura do show foi a Maglore, de Salvador, Bahia. Os soteropolitanos Teago Oliveira (voz e guitarra), Rodrigo Damati (baixo) e Felipe Dieder (bateria) estão lançando seu mais novo petardo, o aclamado pela cena indie “III” e aproveitaram o gancho para mostrar aos fãs do Muse um pouco de sua música. Começando os trabalhos um pouco mais tarde que o prometido, a banda adentra ao palco umas 19:45 e iniciam com a interessante O Sol Chegou do álbum novo “III” que com o baixo ritmado de Rodrigo, levou algumas pessoas a prestarem atenção ao que a banda estava tocando. Com Vamos pra Rua, música do segundo álbum que leva o mesmo nome, deixou ainda mais clara a grande influência que as bandas mais novas estão tendo com a grande explosão de bandas indies na Inglaterra. A influência clara de bandas como Artic Monkeys, Kasabian, Franz Ferdinand, Travis, Kaiser Chiefs e outras. O vocal e guitarrista Teago não perde tempo e logo começa com a seguinte música de seu setlist – Espelho do Banheiro, do segundo álbum Vamos Pra Rua. Com Invejosa, música do álbum novo III, percebo que há diversas pessoas prestando muita atenção ao show e até cantarolando junto. A banda ainda tocou Serena Noche – do álbum novo III, Beleza de Você do álbum Vamos Pra Rua e encerraram o show com Dança Diferente e Mantra, sendo ovacionados pelo público que já ansiosamente esperava pela apresentação do Muse. Penso que o trio fez uma ótima apresentação, mas acredito que teria sido melhor recepcionado se tivesse tocado com o Los Hermanos – banda que os influenciou fortemente também.
O Muse entrou no palco uma hora depois. Ás 21:00 aproximadamente as luzes se apagam e Matthew Bellamy (vocal /guitarra), Christopher Wostenholme (baixo) e Dominic Howard (bateria) adentram ao palco com Psycho, uma das músicas mais contagiantes do álbum novo Drones (2015) emendando logo com Reapers, também do álbum novo. Com Plug In Baby, do álbum Origin of Symmetry (2001) a banda já lança o primeiro clássico para o deleite dos fãs, que a recebe com muito vigor -  com gritos e celulares em punho, registrando assim cada minuto. Com The Handler, do álbum Drones (2015), Christopher logo precisa mostrar a que veio, pois é uma música que precisa e muito do preenchimento com o baixo – a bateria de Dominic em muitos momentos faz apenas o básico e na maioria das vezes é complementada pelos efeitos de samplers. Com The 2nd Law: Unsustainable, do álbum The 2nd Law (2012), isto fica ainda mais evidente. Com Dead Inside, a poderosa música que abre o novo álbum Drones, me pareceu um pouco diferente ao vivo. Tive a impressão de que um dos samplers de Dominic deixaram de funcionar em algum momento – mas nada parecido com a última apresentação no Lollapalooza em 2014. A voz de Bellamy, impecável, mostra todo o seu potencial com Resistance, do álbum  The Resistance (2009) – um dos momentos em que sua voz é mais necessitada.
Nota-se a clara inspiração de Muse em Queen em diversos momentos, principalmente no refrão desta música – um dos momentos mais incríveis da noite. Com Muscle Museum do álbum Showbiz (1999) a banda volta aos anos 90 com classe e emenda com Citizen Erased, do álbum Origin of Symmetry (2001) entrando num momento peculiar de introversão no show, com Bellamy e sua guitarra e Dominic interpretando um dos momentos mais intensos do show. A banda logo emenda com Muscle Museum, o único solo de Dominic e Christopher juntos no show inteiro – sem Bellamy no palco. Com Madness, do álbum 2nd Law (2012), a banda se junta novamente para uma das melhores músicas de seu repertório e emendam com Supermassive Black Hole, clássico do petardo Black Holes and Revelations (2006) - momento em que houve uma grande sinergia entre público e banda tornando-se o ponto alto do show. As dancinhas de Bellamy e Christopher naquele momento no palco eram simplesmente impagáveis, pois balançavam suas finas cinturas com muita dificuldade – diferente dos fãs brasileiros na platéia. O setlist seguiu com Time Is Running Out, do álbum Absolution (2002) que com o cronômetro no fundo do palco, demonstrava que estávamos próximos do fim do show, mas também indicava que a banda não deixava a empolgação do público esfriar.
Com Starlight, música do álbum Black Holes and Revelations (2006), fiquei impressionado como esta música é um tributo descarado para Queen – até a guitarra de Bellamy é configurada semelhante ao Brian May para esta música. Deixa ainda mais evidente que a banda sabe muito bem escolher seu setlist , sendo esta uma das melhores músicas de seu repertório e que também inclui uma das melhores combinações de samplers e instrumentos. A banda deixa o palco após tocar Uprising, do álbum The Resistance (2009) – com direito á enormes balões pretos, que ao serem estourados soltavam confete branco no público.  A banda retorna ao palco e toca Mercy, do álbum Drones (2015), um dos momentos mais celebrados pelos fãs.
Finalmente, com uma introdução incrível de Ennio Morricone por parte de Matthew Bellamy, a banda encerra seu show com Knights of Cydonia, do álbum Black Holes and Revelations (2006) uma das músicas mais legais dos britânicos, com explosões de confete e fitas brancas e vermelhas.Que maneira incrível de encerrar um show! Acho que a banda fez um dos melhores shows em São Paulo até a atual data, mas fico mais uma vez me questionando por que a banda não incluiu em seu setlist uma das melhores músicas de seu repertório - Supremacy, do álbum The 2nd Law. Espero que esta volte ao setlist quando a banda retornar ao Brasil numa próxima oportunidade.

Fotos: Edi Fortini

sexta-feira, outubro 16, 2015

A-ha traz a turnê Cast In Steel para São Paulo no Espaço das Américas

Banda veio á São Paulo e faz revival de seus grandes clássicos com pouca atenção ao seu novo lançamento Cast In Steel


A banda norueguesa A-ha volta á cidade da garoa depois de se despedir de seu público em 2010 e trouxe na sua bagagem o novo álbum Cast In Steel – um álbum muito bem recebido pelo público e crítica. O show começou ás 22:15 e a banda foi recebida por um público sedento pelos clássicos. Era exatamente isto que a banda, formada por Magne Furuholmen (teclado), Morten Harket (vocais) e Paul Waaktaar-Savoy (guitarra) tinham em mente. A banda começou seu show com a música Cast in Steel, do álbum novo que leva o mesmo nome e emendou com a bela I’ve Been Losing You do álbum Scoundrel Days (1986). Mais adiante entraria o também hit oitentista Cry Wolf.
 Estava desenhada pelo A-ha uma curva crescente de emoção que logo arrebentaria em Move to Memphis do álbum Memorial Beach (1993) e Mythomania, do álbum Cast In Steel (2015), muito bem recebidas pelo público. Dali em frente, foi apenas questão de os seis músicos envolvidos (guitarra, baixo, bateria e um par de teclados) manterem a empatia conquistada. Morten um tanto tímido, se mostrava um tanto distante do restante dos integrantes, até Magne começar a conversar com o público e interagir com ele. Parece que Morten precisa de um empurrão para se soltar um pouco junto com Paul. Com Stay on these Roads a banda realmente engatou com os clássicos, sendo este do notório Stay on These Roads (1988) que desesperou algumas garotas que atrás de mim estavam. Gritavam desesperadamente atrapalhando e muito o clima da música.
Falando no público, era uma platéia majoritariamente nos trinta e quarenta anos vestindo camisetas aleatórias de Simply Red a Kiss e Iron Maiden, inflitrado por centenas de novinhos, de Budweiser à mão, que só devem conhecer The Living Daylights das vitrolas maternas. A banda continuou seu setlist com Scoundrel Days e Soft Rains of April ambas do álbum Scoundrel Days (1986) – interessante é que a banda não se distanciou muito do setlist de despedida em 2010 quando continuaram o setlist com o megahit Crying in the Rain do álbum East of the Sun, West of the Moon onde alguns mais exaltados gritavam algo sobre lamber as lágrimas de Morten Harket – detalhe, com a namorada do lado. Curioso é que esta música foi também gravada por uma de minhas bandas favoritas, o Everly Brothers – um dos pontos altos do show. A poderosa We’re Looking for the Whales e Swing of Things, ambas do álbum Scoundrel Days (1986) deram seqüência ao momento tecnopop romântico e trouxeram ainda mais exaltação ao público, muito participativo. Uma das surpresas foi a inclusão da música Foot of the Mountain, do álbum homônimo de 2009 que cá entre nós traz uma linha de teclados meio synthpop incríveis e absurdamente contagiosas. Via-se muitas pessoas dançando entre o público.
Mais dançante do que esta, somente You Are the One, do álbum Stay on These Roads (1988) que levou o Espaço das Américas ao delírio com o ótimo acompanhamento do sintetizador, que substituem o som das trumpetes – clássico dos anos 80. Deram seqüência ao show com Sycamore Leaves, do álbum East of the Sun, West of the Moon e deixaram o palco com o sucesso Hunting High and Low, do álbum Hunting High and Low (1985) – um karaokê coletivo ocorreu neste momento e a sensualidade foi aflorada com o ritmo meio bossa nova que a música possui. A banda sai do palco para voltar para o bis com The Sun Always Shines on TV com imagens de São Paulo no telão no fundo do palco. Achei muito legal que a banda se preocupou com este detalhe, pois deixaram claro que sabiam que São Paulo era famosa por ser a cidade da garoa. Seguiram o setlist com a nova Under the Makeup, do Cast in Steel e preciso admitir que prefiro a versão do álbum – a banda inventou uma versão diferente da música e a interpretaram num estilo mais acústico. Na minha opinião seria mais válido se tivessem a divulgado como ela é originalmente. Deixaram o palco pela segunda vez com o clássico já mencionado nesta resenha, The Living Daylights do álbum Stay on These Roads (1988) que contou com Morten Harket descendo do palco para cumprimentar os fãs que estavam na grade, próximas ao palco.
A banda deixa o palco e sobre o gritos do público, o A-ha retorna o palco para tocar justamente a música que faltava, Take On Me, clássico do álbum Hunting High and Low (1985). Neste momento a grande maioria do público escolheu dançar e deixar a boa energia da música entrar em seus corpos. Que momento de sinergia incrível! Após finalizar a música a banda se despede do público e deixa um gosto meio de “quero mais” na boa da maioria dos fãs. Penso que poderiam ter tocado mais de suas músicas mais recentes, como dos álbuns Lifelines, Analogue e Minor Earth, Major Sky – quem sabe da próxima vez quando eles vierem para São Paulo. Um grande show, que demonstrou que a vibração dos anos 80 ainda está mais viva do que nunca!

quinta-feira, outubro 15, 2015

Blind Guardian e Público realizam um dos shows do ano no Tom Brasil

Alemães retornaram ao Brasil divulgando seu mais novo álbum Beyond the Red MIrror

Hansi Kürsch


Os alemães do Blind Guardian voltaram á São Paulo e trouxeram em sua bagagem nada mais nada menos que seu último e décimo álbum de estúdio chamado Beyond the Red Mirror. Um álbum conceitual que traz a seqüência para o álbum mais bem sucedido da banda, o Imaginations From the Other Side (1995). A expectativa dos fãs era imensa até as luzes se apagarem no Tom Brasil (ex-HSBC Hall) e a banda pisar no palco para iniciar seu show com a poderosa The Ninth Wave, música retirada do álbum novo. Com um Hansi Kürsch comunicativo e que se movimentava muito no palco, a banda logo emenda o primeiro clássico da noite com Banish from Sanctuary do álbum Follow the Blind (1989) – impressionante como a adição de Barend Curbois (baixo) e Michael Schüren (teclados) engrandeceu o poder musical da banda, já que a versão de estúdio da música não chega nem perto de tantos detalhes.
Michael Schüren
Acredito que a opção de Hansi Kürsch de ter se concentrado somente em sua voz, a opção mais correta para a banda. O que achei estranho, no entanto, é não colocarem Curbois ao lado dos guitarristas André Olbrich e Marcus Siepen e sim, colocaram o baixista ao lado da bateria, ao lado do novo dono das baquetas Frederik Ehmke.
Barend Curbois

Após um breve boa noite, Hansi pergunta aos fãs se eles preferem o setlist longo ou o curto, obviamente com o público respondendo em uníssono que o setlist longo era a opção. Hansi, satisfeito, continuou o setlist da noite com a poderosa Nightfall do encantador álbum Nightfall in Middle Earth (1998) que cá entre nós, é uma das maiores obras musicais da história do Power Metal – o público naquele instante cantava junto cada trecho da música. A banda continuou o show com Fly do álbum A Twist in the Myth (2006) e introduziu Tanelorn (Into the Void) do grandioso At the Edge of Time (2010) contando a história da cidade de Tanelorn ou Cidade Eterna, que no multiverso de Michael Moorcock se encontra em todos os multiversos ao mesmo tempo, podendo ela sumir e aparecer quando quiser. Com um som incrível a banda percorreu a música com o público na palma da mão. Com a apresentação de Prophecies, do álbum novo Beyond the Red MIrror, a música foi recebida como clássico que contou com solos incríveis de Marcus e André. Com a incrível The Last Candle do álbum Tales from the Twilight World (1998), o Blind Guardian se mostra até mais pesado com Ehmke nas baquetas.
André Olbrich
Logo depois Hansi introduzia Miracle Machine do álbum novo Beyond the Red Mirror e anunciava que esta era inédita para a turnê da América do Sul e especial para o público de São Paulo. Mas uma das mais ovacionadas da noite foi o grande clássico Lord of the Rings do álbum Tales from the Twilight World (1990) com o carismático vocalista introduzindo ela como sendo a história de um Hobbit e seu anel misterioso e Mordor – levando o público ao delírio – destaque para a grande interpretação acústica de Siepen e Olbrich. Kürsch e sua incrível interpretação vocal engrandeceu ainda mais o clima juntamente com os teclados de Schüren – um dos pontos altos da noite. Com Time Stands Still (at the Iron Hill) do álbum Nightfall in Middle-Earth (1998) a banda mostra seu grande poder explosivo com uma das músicas mais poderosas de sua carreira – tudo interpretado com precisão pelo sexteto. Mas antes de deixarem o palco para o bis, os alemães seguiram o set com duas das melhores músicas do incrível Imaginations From the Other Side (1995) a clássica I’m Alive e a que leva o nome do álbum Imaginations From the Other Side para o deleite dos fãs – o melhor, o show ainda não havia terminado.
Marcus Siepen
Apesar do intervalo, a banda retorna para o palco para continuar o setlist com Wheel of Time do álbum At the Edge of Time (2010), Twilight of the Gods do álbum novo Beyond the Red Mirror e a clássica Valhalla do álbum Follow the Blind (1989) que mais uma vez contou com a participação incrível do público no refrão. Impressionante como o público presente em nenhum momento parou de cantar ou participar das músicas, um show a parte. A banda sai do palco novamente com gritos por parte do público para tocarem Majesty, do álbum Battalions of Fear (1988) – e é o que a banda faz ao voltar para o palco pela segunda vez. Ao anunciar a seguinte, The Script For My Requiem, do álbum Imaginations From the Other Side (1995) um arrepio era seguido por pura emoção, afinal, é uma das músicas mais queridas por parte dos fãs. Mas nada foi tão intenso como o momento em que a banda anuncia The Bard´s Song – In the Forest do álbum Somewhere far Beyond (1992). Com um violão cada, André e Marcus levaram o público a cantar o clássico quase sozinho – certamente o ponto alto da noite.
Frederik Ehmke
Há tempos não via um momento tão intenso de troca de energia entre banda/público. Os alemães emendaram o momento mágico com Mirror Mirror do incrível Nightfall in Middle-Earth (1998) e encerraram o show com a cover para o clássico do The Regents, Barbara Ann, que originalmente foi lançada no álbum Follow the Blind e até hoje é uma das músicas covers, mais pedidas pelos fãs. Um show feito por uma banda com mais de 30 anos de experiência, que sabe e conhece muito bem o público que tem e sempre os trata com muito carinho e respeito. Esta troca de energias só poderia resultar num dos momentos mais mágicos entre banda/público do ano! Incrível!

Crédito Fotos Edi Fortini

quarta-feira, outubro 14, 2015

Fear Factory retornou á São Paulo e proporcionou viagem aos anos 90

Marrero, a banda de abertura, faz ótimo show mas seu stoner rock ficou um pouco perdido para um público sedento por metal industrial.


Quando foi divulgado amplamente na imprensa de que o Fear Factory tocaria o Demanufacture inteiro, fiquei um pouco receoso, afinal, há 20 anos este petardo foi lançado no Mundo como uma pedrada na cara dos fãs mais mente fechada dentro do segmento heavy metal. Este grande álbum foi um impacto tão grande no mercado, que aqueceu ao máximo o mercado do metal industrial, causando um impacto estrondoso na mídia e no mercado nos anos 90. Iniciava-se um novo nicho de mercado por causa deste álbum. Nem Rhys Fulber (grande fã de Led Zeppelin e Kraftwerk), responsável pela produção do álbum e produtor de bandas como Frontline Assembly, imaginou que bandas como Paradise Lost (Symbol of Life, In Requiem) e Nailbomb (Proud To Commit Commercial Suicide) procurariam mais tarde seus serviços por causa deste grande álbum. Será que teria o mesmo impacto sobre o público 20 anos depois? Esta era a minha pergunta da noite. Mas antes de saber a resposta, ficaríamos com a banda de abertura Marrero e seu stoner metal. A banda, que nasceu através do vocalista e baixista Voodoo Shyne – que juntou seus amigos Estevan Sinkovitz (guitarrista), Anderson Kratsch (voz) e Felipe Maia (bateria) – deixou a banda e os remanescentes decidiram continuar como um trio. Com músicas como Pense Por Dois, Au e Aquele Mesmo Lance a banda mostrou uma interessante solução para a ausência do baixo, já que Estevan faz sua guitarra soar como se um baixo estivesse acoplado ao seu instrumento. Muito interessante. A simplicidade do som faz a voz grave de Anderson destacar trazendo um efeito muito legal á banda. Achei ousado por parte da banda abrir para o Fear Factory, já que o som de Marrero, mal tinha algo haver com a música dos norte-americanos – o público no entanto aplaudiu e respeitou muito a banda durante o show.  Com a saída da banda Marrero do palco, já se via um público ansioso.  Quando Burton C.Bell, Dino Cazares, Mike Hellner e Tony Campos pisam no palco, uma viagem no tempo aconteceu logo com a pedrada Demanufacture e os riffs pegados de Dino Cazares – sem contar que os vocais de Burton C.Bell estão impecáveis. Rodas eram abertas no público para o delírio da banda, que se empolgou junto com os fãs. Sem muita cerimônia a banda continuou com Self Bias Resistor e Zero Signal, músicas que foram recepcionadas com stage diving e mosh pit. A cozinha Tony Campos e Mike Hellner estava afinadíssima e máquina de “guitar shredding” Dino Cazares, estava muito bem! O quarteto não fez muita cerimônia e seguiu a pedrada com o clássico Replica e a absurdamente contagiante New Breed. Destaque para Burton C.Bell que o tempo todo interagia com o público e pouco se incomodava com os milhares de flashes de câmera que insistiam em persistir durante o show inteiro mesmo com um nível tão intenso de agito por parte do público. Seguiu o show anunciando Dog Day Sunrise e logo emendaram com a minha preferida do álbum: Body Hammer! Que som incrível é este! Ninguém ficou parado quando esta foi tocada. A banda continuou  com Flashpoint, H-K (Hunter-Killer), Pisschrist e finalizou o álbum Demanufacture com A Therapy for Pain. Para quem estava extasiado e ainda com pernas bambas por causa das rodas de mosh, mal imaginavam que Fear Factory ainda não havia terminado seu set. A banda deixou o palco por cinco minutos mas voltou para o bis. Com a grandiosa Shock e a incrível Edgecrusher, ambas do álbum Obsolete (1998) Fear Factory mostra que veio para pôr a Clash Club abaiixo. Com Dielectric, Burton C.Bell se permite juntamente com Dino Cazares, Mike Hellner e Tony Campos, tocar uma música do álbum novo, Genexus (2015) – muito bom por sinal. O quarteto ainda toca Archetype, do álbum Archetype (2004) e encerra o show com Martyr, que conforme Burton C.Bell foi a primeira música composta para o Fear Factory para o  grandioso álbum Soul of a New Machine (1992). Um grande show, que demonstrou que o Fear Factory ainda desperta o mesmo sentimento nos fãs atuais, o que despertava nos anos 90. E sinceramente, mesmo com o álbum novo Genexus, tem como não despertar? Bravo!

sexta-feira, outubro 09, 2015

O Mestre da Flauta Transversal e sua Ópera Rock

Ian Anderson trouxe Jethro Tull repaginado para Ópera Rock no Teatro Bradesco


O mentor da banda de rock progressivo Jethro Tull, Ian Anderson, retorna ao Brasil, para promover seu mais novo desafio, uma Ópera Rock chamada Jethro Tull. Ian Anderson quis com este novo tento celebrar a vida e tempos de um agrônomo e inventor inglês fictício chamado Jethro Tull e foi ilustrada com as músicas mais conhecidas de Anderson e do repertório da banda Jethro Tull. A banda que acompanhou Ian desta vez no luxuoso Teatro Bradesco, dentro do Shopping Bourbon em São Paulo, foi David Goodier (baixo), John O’Hara (teclados), Florian Opahle (guitarra) e Scott Hammond (bateria), contando com cantores virtuais que apareciam para cantar trechos de músicas em alguns momentos no telão. Para ilustrar toda esta história, Ian Anderson se utilizou de filmagens feitas em fazendas, cidades européias e laboratórios – sem contar com interessantes momentos em que a realidade se encontrava com a música com recortes de noticiários de TV. A banda logo inicia seu show com um grande clássico, a poderosa Heavy Horses, retirada do álbum com mesmo nome de 1978. Com a nova roupagem, Anderson quis atualizar sua música utilizando cantores incríveis que retratavam camponeses no telão de fundo. Já na primeira música, percebia-se que o evento era totalmente diferente do que a maioria havia imaginado. Logo o público era surpreendido com  Wind-Up e o estrondoso clássico Aqualung ambas do poderoso clássico álbum Aqualung (1971) que fez a maioria dos fãs se emocionarem muito com a nova versão – mais curta que a original, retratando no telão a sociedade em qual o personagem se encontra. Com Ian trocando momentos de voz com o cantor no telão, a música fluía como magia.
Sua flauta transversal não a havia perdido. Mas o interessante da noite ainda não havia começado, pois Anderson havia guardado pérolas como With You There to Help Me do álbum Benefit (1970), Back to the Family do álbum Stand Up (1969) e Farm on the Freeway do álbum Crest of a Knave (1987), todas reformuladas para a surpresa dos fãs e contando com interpretações incríveis de seus competentes músicos, com destaque para Florian Ophale, que com maestria executava seus solos com muita competência. O flautista seguiu seu set com Prosperous Pasture, Fruits of Frankenfield e a clássica Songs from the Wood, do álbum com mesmo nome de 1977. Em Fruits of Frankenfield, referência ao Frankenstein da Mary Shelley, onde Ian fala de clonagem e engenharia genética. Houve também mudança na letra de Songs form the Wood, ("Let me bring you songs from the wood / to make you feel much better than you could know") virou "Let me bring you songs from the wood / poppies red and roses filled with summer rain".A banda deixa o palco para um intervalo de quinze minutos com um Ian Anderson deixando a mensagem no telão. A banda retorna pontualmente e retoma o show com And the World Feeds Me, logo emendando mais um clássico com Living in the Past, levando os fãs à loucura. A banda segue seu set com Jack-In-The-Green do álbum Songs from the Wood e The Witch’s Promise do álbum Living in the Past, que trazia Ian Anderson mais jovem no telão tocando sua flauta transversal no fundo do palco. Weathercock, traz Ian com sua charmosa ukelele e interpreta uma das músicas mais emblemáticas do álbum Heavy Horses. Uma nova música veio logo depois, com Stick, Twist, Bust com destaque para a interpretação do tecladista John O’Hara.
Cheap Day Return veio logo depois para representar mais uma vez o clássico Aqualung junto a A New Day Yesterday do álbum Stand Up (1969) que marca a banda deixando o palco para entrar novamente logo depois par ao bis a nova The Turnstile Gate e a clássica Locomotive Breath do álbum Aqualung – mais uma vez com Ian Anderson demonstrando toda a sua competência com a flauta transversal. A banda deixa o palco para retornar para um segundo bis com Requiem and Fugue que na verdade são duas músicas combinadas de Ministrel in the Gallery (1975) e Fugue de Johann Sebastian Bach. Assim a banda encerrou seu grande show. Um grande espetáculo que provou mais uma vez que os grandes clássicos podem ser sim re-adaptados e mesmo assim ainda continuam sendo grandes e eternos.

terça-feira, outubro 06, 2015

REVIEW CD DA SEMANA

MAD DRAGZTER
Master of Space and Time (2015)

Há quase dez anos parado, os paulistas do Mad Dragzter retornam á cena musical com seu mais novo álbum Master of Space and Time com fôlego renovado. Com dedilhados de guitarra incríveis de Gabriel Spazziani e Tiago Torres, a banda retorna a sua melhor forma com músicas muito bem trabalhadas como a excelente Almighty e a pedrada Valley of Dry Bones. O trabalho do baterista Eric Claros nas faixas mais complexas, como a interessante 5708 trouxe um ar renovado ao Thrash Metal com uma visão menos direta da bateria como normalmente é imaginado no estilo. Na ótima composição Meggido, a cozinha Armando Benedetti e Eric Claros funciona em perfeita harmonia com as guitarras trazendo o que há de melhor do thrash metal brasileiro. Este Master of Space and Time demonstra um Mad Dragzter voltando a sua boa forma, com um trabalho sólido e muito criativo. Ouça sem medo!


MAD DRAGZTER
Master of Space and Time (2015)

After spending almost ten years on a hold, the band Mad Dragzter from Sâo Paulo, Brasil, come back with their new record Master of Space and Time with new breath and a lot of riffs. With great guitar solos and riffs from the guitar players Gabriel Spazziani and Tiago Torres, the band goes back to their best form with very good songs, like Almighty and the straight forward Valley of Dry Bones. The work on the drumkit performed by Eric Claros is highly complex like the interesting track 5708, that in my opinion brings a new breath to the thrash metal style. The very good vibe between the bassist Armando Benedetti and Eric Claros can be heard in perfect harmony with the guitars on Megiddo, one of the best songs the brazilian thrash metal can provide. Master of Space and Time shows how Mad Dragzter was only a beast in a deep sleep and now it hás awaken more agressive than ever with great riffs and good songs. Listen to it and get dragged into it with no fear!

segunda-feira, outubro 05, 2015

Teatro Mars vira palco para encontro Gótico

Moonspell traz repertório cheio de clássicos para São Paulo e promove seu mais novo álbum Extinct


Mais um show herdado do nosso querido festival de música carioca Rock In Rio e foi realizado num local que, porém centralizado, é de difícil acesso e absurdamente pequeno. Moonspell, que vem ao Brasil divulgando seu mais novo petardo Extinct (2015) se apresentou no Teatro Mars em plena segunda-feira para no máximo 200 pessoas. Mesmo assim, foi  uma das apresentações mais convincentes dos lusitanos em solo brasileiro. O show começou ás 21:15 da noite com Breathe (until We Are No More) e Extinct, ambas do novo álbum Extinct – um dos álbuns mais ousados após o polêmico Butterfly Effect pois possui uma abordagem que se aproxima ainda mais de influências como Sisters of Mercy e Fields of Niphilim. 
Com saudações em português, Fernando Ribeiro se diz feliz em estar de volta á São Paulo enquanto Mike Gaspar, Pedro Paixão, Ricardo Amorim e Aires Pereira se preparavam para um dos clássicos da noite, Finisterra, do grandioso álbum Memorial (2006). Um dos momentos mais incríveis da noite pois a voz de Fernando estava impecável, sem contar com a grande performance nas baquetas de Mike Gaspar com sua bateria que contava com chifres de bode que contornavam seu bumbo. A banda seguiu com a incrível Night Eternal do álbum que leva o mesmo nome e ao mencionar o lindo Irreligious (1996) todos já sabiam que Opium era a próxima, levando aquele teatrinho abaixo com um dos melhores riffs de Ricardo Amorim – simplesmente genial. A banda não podia deixar de emendar com Awake! – música seguinte de Opium no álbum Irreligious e traz um clima incrível com os teclados deliciosos de Pedro Paixão, um dos principais compositores da banda. Fernando, sempre citando poesias, cita letras de ...of Dream and Drama (Midnight Ride) do álbum Wolfheart (1995) levando os fãs a cantar junto. 
Fernando logo depois introduz Last of Us, mais uma do álbum novo Extinct, que traz um Moonspell mais dançante, muito mais próximo ao Sisters Of Mercy do que em álbuns anteriores. Ao vivo, a música ganha em poder e se torna numa das melhores músicas do Moonspell hoje. Em Medusalem, também do álbum Extinct, Ricardo Amorim estavam tão empolgado com a música e com o público que pulava com seu instrumento, agitando muito – isto se refletia também nos amplificadores, que se moviam junto com a movimentação do músico no palco. Um dos momentos mais performáticos da noite ficou para Nocturna, música do belíssimo Darkness and Hope e a incrível Scorpion Flower – esta última cantada com auxílio da convidada Naiça Bowen que acompanhou Fernando Ribeiro muito bem. Vale ressaltar que é uma tarefa árdua superar a versão do álbum com Anneke van Giersbergen (ex-Gathering, atual The Gentle Storm e Aqua de Annique) colaborando nos vocais. Com agradecimentos á Dewindson Wolfheart, vocal e mentor da banda Ravenland, Hoana despediu-se da platéia com louvor. 
O show continuou com Em Nome do Medo, uma das poucas letras compostas por Fernando para o Moonspell em português e ainda emendou quatro músicas do grande Wolfheart sendo elas Vampiria a sensual An Erotic Alchemy, a incrível Ataegina deixando o palco após o clássico absoluto da banda - Alma Mater. A banda ainda retornou para o bis com a ótima Everything Invaded, do álbum The Antidote, a melancólica The Future is Dark, do álbum Extinct e encerrou o show com uivos da platéia com Full Moon Madness, do álbum Irreligious – um momento incrível da noite. Um show memorável dos nossos irmãos portugueses em solo brasileiro. 

Fotos por Edi Fortini

sexta-feira, outubro 02, 2015

São Pedro frustra fãs de Mastodon na Arena Anhembi

Slipknot faz show memorável tendo como banda de abertura os azarados do Mastodon

Pano de Fundo Mastodon

Com o advento do Monsters of Rock do ano passado, não imaginava que veria Slipknot passar pelo Brasil tão cedo. Mas como o futuro só a Deus pertence, a banda retorna ao Brasil um ano depois escalado para tocar no Rock in Rio. Aproveitando a deixa, os americanos do Slipknot não poderiam deixar de visitar os fãs mais ávidos da banda no Brasil, os paulistas. O mais interessante, no entanto, é a banda trazer os seus compatriotas do Mastodon para abrir seus shows na América Latina. Já com fama estabelecida na Europa e nos Estados Unidos, os americanos oriundos de Atlanta, especificamente da Geórgia, aterrissam em solo tupiniquim pela primeira vez. Com uma Arena Anhembi lotada, a banda traz a sua mescla de metal progressivo, hard rock, sludge e até hardcore para um público curioso, pois o show deles no Rock in Rio foi simplesmente impecável. Infelizmente havia São Pedro novamente, que insistia em querer fazer parte dos shows do fim de semana. 
Troy Sanders - baixista do Mastodon
Brann Dailor, Brent Hinds, Bill Kelliher e Troy Sanders sobem no palco e iniciam os trabalhos divulgando seu mais recente álbum, Once More ‘Round the Sun (2014) com Tread Lightly, que possui uma pegada meio folk no início para explodir num heavy metal empolgante. Troy Sanders, que liderava os vocais naquele momento, se impressionava com a recepção do público que surpreendentemente agitava e muito com a música. A banda não demorou em emendar Once More ‘Round the Sun desta vez com Brent nos vocais. Não tardou para começar a chover e após Blasteroid, do álbum The Hunter (2011) um riacho caía do céu molhando á todos, inclusive a banda. O quarteto ainda tentou aquecer o público com The Motherload, Chimes at Midnight e a grandiosa High Road, esta última cantada pelo baterista Brann Dailor para perceberem que a chuva não parava e começava a molhar retornos e equipamentos. Logo a produção interveio e pediu que a banda terminasse seu show. A sensação de frustração era grande para o a banda ter que deixar o palco e para o público que foi abandonado após Aqua Dementia do também elogiado Leviathan (2004).
#8 (Corey Taylor) - vocalista Slipknot
Interessante é que o aguaceiro termina logo na apresentação do Slipknot – para a alegria dos fãs. Com uma montagem de palco incrível, a banda contava com uma espécie de pista de desfilar, acompanhada por luzes e no final dela um espelho onde logo acima dele havia uma cabeça de porco (?) pendurada que acendia os olhos! Com direito a dupla introdução -  Running With the Devil do Van Halen e XIX, todos os integrantes entram em cena para começarem o show com, apenas Corey Taylor, entrar cantando depois com a música Sarcastrophe estas últimas do recente trabalho da banda .5: The Grey Chapter. Com o público agitando muito com as fortes labaredas de fogo fátuo vindas do palco, a banda emendou com The Heretic Anthem, uma das músicas mais fortes do pesadíssimo Iowa (2006) – o impacto visual fica para as cabeças de bode nos tambores que subiam e desciam do lado direito e esquerdo do palco com os malucos do #3 e o famoso palhaço, o #6. Para não deixar a bola cair, Corey Taylor logo emenda anunciando Psychosocial, um dos grandes clássicos da banda do bom All Hope Is Gone (2009) – com muitos elogios e “Muito Obrigado”, Corey Taylor diz que este era um dos momentos mais incríveis, estar junto de seus fãs seguindo o show com a mais lenta The Devil in I – um dos momentos em que Corey Taylor realmente mostra seu potencial de cantor. 
#4 (James Root) - guitarrista Slipknot
A terceira marcha é apenas engatada com a incrível AOV – na minha opinião a melhor música do .5:The Grey Chapter – mistura a violência musical de Slipknot com o grande talento vocal de Corey Taylor. Um dos momentos em que banda ensaia uma pegada mais thrash metal em seu estilo. As rodas agradeciam naquele momento. A calmaria se aproximou com a Vermilion, do bom Subliminal Verses (2004) com destaque para o ótimo trabalho de guitarra do #7 ou Mick Thompson se preferirem. Era o momento de um clássico da banda, Wait and Bleed, onde a pegada mais nu-metal fica mais evidente com a clara participação do DJ Sid Wilson, ou #0. Enquanto isso Jay Weinberg, o novo baterista, fazia um ótimo trabalho substituindo Joey Jordison, o eterno #1, que deixou a banda no ano passado. Alessandro Venturella vem substituindo Paul Gray, falecido em 2010 nos shows ao vivo e vem fazendo um bom trabalho no baixo. Os samplers entram em ação com o #5 (Craig Jones) e era a hora de Killpop uma das músicas menos cadenciadas do álbum novo – interessante que são exatamente estas que destacam e muito o conjunto, o trabalho da banda como um todo.Ouve-se exatamente a participação de cada integrante. O agito começa novamente com a pesadíssima Before I Forget do bom Subliminal Verses e Sulfur que contou com rodas imensas do público. O grande hit para rádio, Duality do álbum Subliminal Verses também não foi esquecido – os mascarados em seus grandes tambores batiam com vontade enquanto o DJ sapateava pelo palco em seus momentos de “intervalo”. 
#7 (Micke Thompson) - guitarrista Slipknot
Com Disasterpiece, a banda volta a criar o caos nas rodas que se criavam entre os fãs, em um dado momento, na música Spit it Out, Corey Taylor pára o show e pede para que os fãs fiquem agachados – já é tradicional nos shows do Slipknot – e faz as pessoas pularem para cima. Acho empolgante este tipo de interação com os fãs e termina a seleção com Custer – uma das músicas mais insanas de seu set. A banda ainda volta para o bis com (sic), People=Shit e Surfacing, encerrando a noite do terror com chave de ouro. Um show empolgante que satisfez os fãs tocando músicas de sua discografia inteira. [MF]

Crédito Fotos : Edi Fortini (https://www.flickr.com/photos/efortini/)