Bullet é mais uma das grandes
surpresas oriundas da Suécia. Com seu mais novo álbum Storm of Blades (2013) a
banda se tornou uma das grande referências para o ressurgimento do heavy metal
tradicional na Europa ou carinhosamente chamado de NWOTHM (New Wave Of
Traditional Heavy Metal) pela maioria. A banda é tão respeitada na Suécia, que até já abriu para o AC/DC e tocou para mais de 50.000 pessoas num estádio lotado. Conversei com os guitarristas Hampus
Klang e Alexander Lyrbo a respeito de suas influências, os métodos utilizados
para a gravação do álbum, Accept e um pouco da história da banda. Confira a
seguir.
Eu estou curioso para saber como a
idéia para formar o Bullet surgiu, já que tudo (inclusive o logotipo) foi
criado tendo em mente as bandas dos anos 80. Isto foi apenas uma coincidência?
Conte-me um pouco sobre o conceito entorno de Bullet.
Hampus Klang
– Na verdade não. Sempre amei o Heavy Metal e a idéia era começar a melhor
banda de Heavy Metal que existe. A banda que tivesse de tudo. A voz de Hell
Hofer sempre funcionou muito bem para este tipo de música. A maioria de nossas
bandas favoritas são do início dos anos 80 como Judas Priest, Twisted Sister,
Accept, Saxon, AC/DC, Rose Tattoo, Black Sabbath, Dio, Iron Maiden e assim por
diante. Eu realmente acho que os álbuns antigos soavam muito melhor que os
álbuns lançados hoje em dia. Eles tinham uma atitude mais crua e natural.
Bullet lançou um álbum novo chamado Storm of Blades. Como foi compor material novo para este álbum, tendo a
árdua tarefa de superar a já bem sucedida discografia do Bullet?
HK – Desta
vez nós criamos uma metodologia diferente para escrever músicas. Nós sentamos
numa sala de ensaio por oito horas todo o dia por três meses e fizemos um monte
de demos em cada música até ficarmos totalmente satisfeitos com o resultado. A
idéia era não tentar fazer algo diferente, mas fazer algo melhor possível. Nós
tentamos dar uma identidade para cada música – entende? Estou muito feliz com
as músicas, gravação e o layout para o álbum “Storm of Blades”.
Como foi mixar e masterizar o álbum
Storm of Blades em estúdio? Houve a intenção de masterizar o álbum da mesma
forma que os álbuns do Iron Maiden, Judas Priest ou até Accept o faziam nos
anos 80, mantendo a mesma sonoridade até?
HK – Desta
vez tentamos um novo estúdio chamado Pama com um novo cara novo chamado Mankan.
Este foi de longe o mais exclusivo estúdio que nós já fomos. Nós esperamos
gravar o próximo álbum ali também. Gustav, nosso baterista foi o produtor. Nós
realmente não queremos que o álbum soe especialmente igual á um ano, mas
queríamos que ele soasse como um álbum de metal dos anos 1979-1982 entende?
(risos). Nós tentamos pegar aquele som natural e poderoso da época. Não usamos
baterias trigadas ou guitarras destorcidas demais. Hoje em dia nós temos uma
coleção imensa de guitarras e amplificadores e demorou para acharmos aquele que
soava melhor. Tentamos todas as possibilidades até estarmos satisfeitos.
Alexander
Lyrbo – Nós não tentamos masterizar ou gravar da mesma forma como era nos anos
de ouro, 1978-1982, apenas utilizando equipamento analógico de gravação, por
exemplo, ou apenas instrumentos e amplificadores daquela época. Mesmo assim,
quando penso a respeito, alguns amplificadores e guitarras que usamos são
daquela época (risos). Meu ponto é que não ficamos copiando cegamente tudo que
eles faziam naquele tempo. Nós tínhamos o som perfeito em nossa cabeça e
fizemos de tudo para chegar lá (risos).
Eu gostaria de saber um pouco sobre as
letras para as músicas do Bullet. Como as letras para as músicas do Bullet são
escritas?
AL – Bullet é
sobre deixar os tempos bons rolar. Sempre que temos a inspiração para escrveer
sobre como uma coisa é feita, escrevemos uma letra. E assim isto é feito em
nosso amado busão de turnê do Bullet, viajando para uma nova cidade ou deixando
outra para trás em procura de uma nova aventura ou experiência.
Hell Hofer possui uma voz forte e
única, mas não há muito a respeito dele na internet. A carreira dele começou no
Bullet como todos os outros membros?
HK – Ele
sempre se interessou por cantar. Quando ele fez sete anos aproximadamente, o
único lugar que ele podia cantar era na igreja, então ele se juntou ao coral da
igreja. Eu acho que ele entrou numa banda aos 15 anos numa banda que tinha o
estilo do Venom.
AL – Foi do
céu ao inferno (muitos risos)
HK – Sim! Ele
também esteve numa banda não muito séria aos 17 anos e não tenho certeza se
naquela época ele cantou ao vivo. Mas eu zoava ele muito por que eles tocavam
uma música do Toto. Eu e Hell fomos na mesma escola de música juntos e ele era
o único cara que dirigia uma Harley e tinha cabelo comprido, sabia cantar e
usava roupas de couro – então começamos a tocar juntos. Isto foi lá em 1996.
Tocávamos músicas do Accept, Twisted Sister, Iron Maiden, AC/DC, Manowar e etc.
Tentamos escrever nossas próprias músicas, mas elas sempre foram muito ruins.
Pelo menos fomos inteligentes o suficiente para não lançar/gravar elas. Após
algumas modificações de lineup, decidimos que queríamos procurar headbangers
sérios e começar uma banda de verdade com músicas autorais. O restante de nós
tocamos em muitas bandas antes. Eu toquei com o Hypnosia, Birdflesh e Jigsore
Terror. Muitos de nós tocamos em bandas de thrash ou death metal antes.
AL – Eu
toquei no Nominon e no Gravestoned antes. Nominon é uma banda de death metal
que nosso antigo baixista Lenny Blade também tocou por alguns anos. Gravestoned
era um som meio que Black Sabbath, início de Rush.
HK – A
primeira vez em que vi Alex tocar foi no Säljervyfestival. Eu e Gustav
estávamos bêbados, mas lembramos que eles eram muito bons. Também gostamos que
ele tocou numa Gibson Firebird.
As bandas dos anos 80 como Accept,
Judas Priest e Iron Maiden são influências para qualquer bandas de heavy metal.
É correto dizer isto? Vocês tem outras influências quando vocês compõe?
AL – Sim é
verdade!
HK – Estas
bandas são os nossos heróis e claro, nossa grande inspiração. Nós ouvimos
diversos outros estilos também. Um monte de música dos anos 70. Eu acho que
Bullet é mais uma inspiração do início do blues e bandas mais brutais como
Slayer, mas a maioria da inspiração vem de ponteiras, couro, amplificadores
Marshall, guiatarras Gibson e bater cabeça.
AL – Mulheres
e cerveja também.
Existem planos para lançar Storm of
Blades na América do Sul? Você sabe algo a respeito?
HK – Seria
muito legal, nós nunca estivemos aí. Sempre quis ir para a América do Sul,
estou congelando aqui na Suécia agora. Não sei se a Nuclear Blast tem intenção
de lançar o álbum na América do Sul, mas ficaria muito feliz se o fizessem.
Esperamos poder estar aí em 2016. Sou um bom amigo de Casey (baixista do
Skullfist) e ele me disse que os fãs da América do Sul são os mais loucos do
Mundo. Uma semana atrás tocamos com o Sepultura na Alemanha. Sou um grande fã
das coisas antigas do Sepultura.
Bullet é uma banda que está tomando
parte da NWOTHM (New Wave Of Traditional Heavy Metal ou Nova Onda de Heavy
Metal Tradicional). O que você acha deste renascimento do heavy metal
tradicional?
AL – Muitas,
mas muitas bandas tinham um som muito parecido nos anos 80 – no final dos anos
70, o que a idéia geral de tudo quando se fala em nova onda de algo; você pega
algo que já existe e o faz novamente com pequenas modificações. Mas você não
pode fazer muitas modificações, se você o faz você trai os fãs. Algumas bandas
conseguem fazer algo extra, eles conseguem administrar o som num certo limite
que é leal ao som mas se destaca da maioria. Eu gosto de bandas assim. Não
odeio as outras, mas não vejo muito interesse nelas.
A banda está ativa desde 2003. Como é
para o Bullet já ter 10 anos de história dentro da cena do Heavy Metal? O quão
Bullet é responsável pelo renascimento do Heavy Metal?
AL – Bullet
está ativo desde 2001 e naquele tempo o thrash metal foi o grande estouro entre
aqueles que curtiam Heavy Metal. Em todas as festas o Heavy Metal tocava, mas
ninguém tinha uma banda ssim. Uma banda de verdade de Heavy Metal era
necessária, por isso o Bullet foi criado (risos).
HK – Eu acho
que demos uma ótima impressão, pelo menos na Suécia. Eu comecei um festival
cvhamado Muskelrock com nosso antigo manager de turnês Jacob Hector há oito
anos. Nós temos umas 25 bandas todo o ano
muitas o dizem que Bullet foi a grande razão por terem começado. Isto já
dá muita moral!
Bite the Bullet do álbum Bite the
Bullet (2008) é uma das muitas músicas que fazem homenagem ao AC/DC também. O
quanto você acha que o AC/DC influencia o renascimento que está ocorrendo?
AL – AC/DC é
uma das melhores bandas de todos os tempos então eu espero que sim.
HK – Se você
não gosta de AC/DC tem algo de errado com você. Eles fizeram álbuns tão
incríveis e continuam fortes. Quando eu conheci Angus Young eu me sentia com 12
anos. Eu estava tão nervoso e a única coisa que podia dizer era “Eu amo você” e
dei um abraço (risos). Quando lançamos “Bite the Bullet” um monte de coisas
aconteceram. Fizemos uns 120 shows por ano e abrimos para o AC/DC para 50.000
pessoas e estivemos nas rádios suecas todo o dia. Esta m´sucia significa muito
para nós. Nós deixamos rapidamente de ser uma banda pequena de porão e ter
bebidas grátis com nossos heróis para tocar em grandes festivais. Foi um sonho
se tornando realidade.
Você acha que bandas de heavy metal
como o Hammerfall são referência para o NWOTHM, ou você acha que eles seguem
uma cena completamente diferente na cena?
AL – Hammerfall
começou nos anos 90 quando o Heavy Metal estava totalmente morto no mainstream,
especialmente na Suécia, mas ainda conseguiram construir um nome para eles que
vale muito respeito. Nós fizemos turnês com eles por alguns anos e eles são
ótimas pessoas.
O que você acha do Heavy Metal hoje em
dia?
AL – Eu penso
que o Accept é uma das bandas “antigas” que continuam mantendo a chama do Metal
viva dirante os anos e ainda lançam excelentes álbuns. Blood of Nations é um
clássico na minha opinião. Accept sempre foi a inspiração, mas indo contra o
que outros dizem, não roubamos nada deles. Entretanto, nós roubamos nosso
logotipo do Adam Bomb. Hampus procurou em revistas antigas e achou o logotipo,
pensou que ninguém conhecesse o cara e o roubou. No entanto, seis anos depois,
nós vimos nossos logotipos um ao lado do outro e tocamos no mesmo festival
(risos). Festejamos juntos em nosso ônibus e ele até escreveu uma música sobre
este roubo.
HK – Sim,
isto foi muito divertido, ele estava sentado com um violão cantando:
- Bullet
roubou meu maldito logotipo...
Nós
preenchemos com Adam Bomb, lixo de Los Angeles. Ele mais tarde encontrou o amor
com uma garota na casa de Hell Hofers (risos).
Muito obrigado pela entrevista e eu
espero vê-los no Brasil em breve. Deixem sua mensagem aos fãs do Bullet no
Brasil.
AL –
Continuem loucos!
HK – Bang your heads!