sexta-feira, setembro 02, 2016

Scorpions Retornam para sempre em São Paulo

Escrever sobre uma das maiores bandas do planeta parece ser tarefa fácil, mas não é. Quando se trata de Scorpions, uma das poucas bandas dos anos 60 em ativa, me questiono se aqueles integrantes ali em cima do palco do Citibank Hall são realmente deste planeta. Suas músicas falam de superação, família, amizade e claro, de seus fãs - o combustível que certamente move uma das maiores bandas do Mundo. Com três datas em São Paulo completamente esgotadas, o Scorpions vem ao Brasil divulgar seu novo álbum Return to Forever, mostrando que estes extraterrestres não perderam a alma de sua música: o rock n roll.
Abrindo seu show com Going Out With a Bang a banda entra com Mikkey Dee (ex-Motörhead) na bateria substituindo James Kottak, Rudolf Schenker (guitarra), Matthias Jabs (guitarra), Klaus Meine (vocais) e Pawel Maciwoda (baixo) sendo estes recepcionados com muito carinho pelo público que lotava o Citibank Hall. Seguindo com Make it Real, do álbum Animal Magnetism (1980), a banda volta no tempo para trazer ao público músicas de um de seus melhores álbuns, seguida por The Zoo, uma das músicas que melhor retrata um tigre á espreita com os grandes dedilhados de Matthias Jabs utilizando sua grandiosa talk box/guitarra falada. Com Coast to Coast a banda traz aquilo pro palco que hoje em dia deixou de existir: a existência dos guitar heroes e seus momentos de grandes instrumentais. Aqui representado e muito bem por Matthias Jabs e Rudolf Schenker intercalando religiosamente suas partes. Por falar em intercalação de partes, os músicos conseguiram juntar as músicas Top of the Bill, Steamrock Fever, Speedy's Coming e Catch Your Train em uma música apenas. Todas elas de discos completamente diferentes. É de impressionar que a banda possui tantos sucessos, que fica até difícil tocar todas elas sendo eles obrigados a juntar todas elas em uma música de oito minutos.
Com We Built this House, a banda retorna ao álbum novo Return to Forever, mostrando que a banda tem cheiro para compôr grandes sucessos. A música é basicamente um ode a carreira da banda, que certamente passou por muita coisa ruim nestes anos que passaram e tiveram que se manter unidos para superá-los. Num dos momentos mais próximos ao público, a banda fez um momento acústico num corredor elevado que atravessava a casa de shows - um prolongamento do palco. Lá eles tocaram as fantásticas Always Somewhere (Lovedrive - 1979), Send Me An Angel (Crazy World - 1990) e a nova Eye of the Storm (Return to Forever - 2015) levando o pessoal na grade á loucura. Era de impressionar a grande simpatia dos músicos em relação aos fãs e o grande carinho que tinham com todos que estavam ali na frente. Mas um dos sucessos mais estrondosos estava por vir, Wind of Change (Crazy World - 1990) era anunciada com Klaus Meine dizendo que esta era uma música dedicada á esperança - um dos momentos mais lindos da noite. Os fãs fizeram a sua parte e a cantaram em alto e bom som. A banda continuou seu show com a música Rock n Roll Band logo emendando com a grandiosa Dynamite (Blackout - 1982).
Com In the Line of Fire, Matthias Jabs fez o seu incrível solo, que estranhamente não teve Rudolf Schenker acompanhando o músico em cima do palco. No lugar dele, um outro guitarrista fez a base para a música. O que veio depois seria o Kottak Attack, mas se tornou o Mikkey Dee Attack com o seu solo de bateria incrível! Óbviamente o baterista levou o pessoal a loucura de seu jeito, mais Metal, vamos dizer. O músico termina seu solo de bateria para emendar com Blackout que, desta vez, não teve Rudolf Schenker utilizando as ataduras na face como na capa do álbum - um dos melhores da longa discografia da banda. Claro que não poderia faltar outra do mesmo álbum - No One Like You, levando o público á loucura. Que impressionante performance de Klaus Meine em todas as músicas, atingindo até as notas mais difíceis. Love at Frst Sting (1984) afinal, teve seu representante com Big City Nights - um dos grandes tributos ao rock n roll encerrando assim o show.
Mas para quem conhece uma verdadeira banda de Hard Rock, sabe que aquilo não era o fim ainda. A banda se despede do público para retornar para o bis com um de seus grandes sucessos dos anos 80 - Still Loving You. Responsável por um dos "Baby Booms" na França naquela década, o Scorpions certamente fincou seu cajado na pedra da eternidade com esta que certamente é uma das músicas mais tocadas em todo o Mundo. Cantada pelo público do começo até o final, a música teve até direito a iluminação especial feita pelos fãs com as luzes de seus celulares - um clássico para os dias de hoje. Mas o Scorpions terminou seu show com o maior sucesso de sua carreira - Rock You Like a Hurricane, encerrando seu show de 50 anos com chave de ouro. O que se viu nesta noite não foi apenas uma apresentação de rock n roll e sim um grande tributo aquilo que muitos dizem que morreu: o rock n roll. Enquanto tivermos o Scorpions na estrada e sua grande horda de fãs lotando seus shows, certamente teremos o rock n roll do nosso lado para todo o sempre. Que o retorno seja para todo o Sempre, como o título de seu novo álbum diz. Para sempre Scorpions!

Crédito Fotos: Flávio Hopp









terça-feira, agosto 09, 2016

Destaques de Julho 2016


Witherscape // The Northern Sanctuary - O nome Dan Swanö se tornou sinônimo de qualidade e seu último projeto Witherscape não é uma exceção para a quantidade de projetos do músico. O primeiro álbum do Witherscape foi bem surpreendente, mas The Northern Sanctuary levam as coisas para algo maior, mais grandioso onde death metal melódico, prog e tradicional conseguem coexistir em perfeita harmonia. Emprestando os melhores elementos de projetos antigos como Edge of Sanity e Nightingale, Mr.Swanö reveste com maestria sua música com elementos escuros e claros, pesadas e melódicas sem nunca perder de vista os ganchos para as canções. Ragnar Widerberg, colaborador e Homem de muitas barbas parecem o encaixe perfeito para as conotações malucas de músicas compostas por Swanö, emprestando suas melodias de guitarra e solos no estilo Symphony X á rodo. Quando você recebe esta quantidade de excelência técnica junto á esta composição incrível de músicas, você sabe que está num lugar bom e é exatamente isto que The Northern Sanctuary é. Animal!

Menções honrosas:

Inter Arma // Paradise Gallows  - Uma pessoa não pega simplesmente elementos do southern rock, doom, sludge, prog e death metal e solda com algo coerente e cativante como o Inter Arma fez exatamente com Paradise Gallows. No processo eles me impressionaram e muito com seus ganchos pesadíssimos de bom gosto. O resultado foi um trabalho fantástico ao casar tantas influências juntas criando assim sua identidade. A última vez que algo assim foi feito foi na área do doom com prog metal com o Mastodon, o que deveria revelar a quão reverenciada esta banda será em pouco tempo – se já não o for com este álbum. Impressionante.




Caïna // Christ Clad in White Phosphorus - Esta banda é simplesmente diferente por sua perplexidade e natureza amorfa que se compromete com um som que na verdade nenhuma banda deveria se comprometer. Christ Clad in White Phosphorus é mais um tipo de experimento dentro do estranho, incômodo e imprevisível, levando o core do black metal pra dentro do Mundo da Darkwave dos anos 80 com sua anti-música. É um álbum muito bom, mas necessariamente não é uma audição fácil. Espero que o mercado do underground dê uma chance para este petardo, pois é muito exclusivo. No final das contas, todos nós amamos algo exclusivo.




Fates Warning // Theories of Flight - O Fates Warning parece estar numa ascenção em sua carreira desde o álbum de 2013 Darkness in a Different Light e esta impressão fica ainda mais evidente com Theories of Flight. Traçando o caminho entre o prog-metal e o rock acessível estes veteranos sabem o que estão fazendo e o provam compondo músicas fortes mas técnicas para deixar o ouvinte atento e ao mesmo tempo emocionalmente disponível. O vocalista Ray Adler parece revitalizado e as ligações com o clássico álbum Parallels  são muito legais. Estou impressionado com este álbum e Theories prova que Darkness in a Different Light não foi apenas um resfriado. O bom gosto voltou para ficar.

quarta-feira, agosto 03, 2016

Metal Véio// Sodom - Obsessed By Cruelty

Vou escolher um dos álbuns mais toscos que conheço para iniciar esta nova coluna que abordará discos antigos. O artigo é sobre o primeiro álbum do Sodom - Obsessed by Cruelty. Toda vez eu tento encontrar palavras que seriam justas em relação á ele, sem sucesso. Esta “justiça” com palavras sempre depende do ponto de vista da perspectiva do ouvinte. Para os ouvidos deste que vos escreve, este debut de 30 anos é uma grande confusão. Mas agora que o novo lançamento do Sodom, "Decision Day", está próximo, eu encontrei coragem para tirar o Obsessed by Cruelty da prateleira e dar outra ouvida. Pode ser inspiração, nostalgia, pode ser Peter Steel me chamando das labareda
s do inferno. Apesar de achar Persecution Mania, Agent Orange e M-16 mais fáceis de descrever, Obsessed by Cruelty faz parte da história. Uma que merece meu respeito e sua menção.

Entre as linhas de composição do Obsessed by Cruelty existe um som mais cru, sujo, mais Sodom. Um som que fez Sodom ter uma roupagem mais escurecida do estilo do Venom. Tudo começou em 1984 com o EP In the Signo f Evil. Sodom pegou aquela formula old-school do Venom e a fez mais agressiva e mais obscura. O resultado foi o EP de cinco faixas que seria o primeiro álbum da banda. Talvez possua uma produção de Neandertal e músicas muito longas para seu próprio bem, mas como o Venom antes deles, In the Signo f Evil tinha poder de presença. Sons como “Blasphemer” e “Burst Command til War” me cativam toda a vez que as ouço. E isto causou uma impressão nos fãs naquele tempo, rendendo ao Sodom a marca de trio mais cru e mais obscuro da Alemanha.

Assim, o que deveria ser o primeiro álbum do Sodom chegou e foi. Não era thrash e não era o melhor deles, mas foi um bom início. Após uma mudança pequena de guitarrista, com a saída de Grave Violator para a entrada de Destructor, 1985 encontrou o trio (junto com Tom Angelripper e Witch Hunter) que entrou no estúdio para gravar o álbum mais obscuro de sua discografia. O resultado foi um álbum de onze faixas e de 37 minutos das músicas mais mal produzidas, incoerentes e estranhas já compostas pela banda. As guitarras estão fora do tom, a banda está mais solta que o pudim de tapioca da vovó e a organização do álbum é pior que uma coletânea de melhores de uma banda de quinta. A música sinistra que abre o álbum dá ênfase ao assalto violento de “Deathlike Silence” o que representa perfeitamente o Sodom de 1986. Os riffs obscuros no estilo Venom e a mesma atitude sangram pelo resto do álbum. “Brandish the Sceptre” e “Equinox” usam a fórmula introduzindo seus próprios e sutis temperos á mixagem. Aquelas quebradas no meio das músicas  e a grande quantidade de bateria misturadas aos riff supersônicos de Angelripper se unem ao que na época se definia de thrash metal. Há também músicas como “Proselytism Real” e “Obsessed by Cruelty” que marcham para dentro da tentativa de mixar todas as inspirações mais pra frente. “Proselytism Real” talvez tenha a pegada de guitarra mais cativante do álbum, mas se arrasta para um tipo de arrastado no estilo Autopsy – o que não funcionou. A música título sofre com uma introdução estranha, mas retoma como uma das melhores do álbum.

Se você possui a versão européia de 1986 do álbum, você ganha três coisas que os americanos não receberam. Um guitarrista diferente (Assator), uma produção “melhor” e uma faixa adicional. “After the Deluge” não é uma audição necessária, mas é uma adição legal – redondando a primeira parte do álbum muito bem. A parte de trás do álbum (segunda parte) é mais fraca e seria uma lástima se não fosse pela “Pretenders of the Throne e a animal “Witching Hammer”. Também acho que seria bem mais respeitável se eles não tivessem escolhido a chata “Volcanic Slut” para o trabalho. Sim, eu entendo por que muitos fãs amam esta música. Mas ela é tão ruim que ela me faz encolher num canto e não querer mais sair de lá.

Apesar de tudo em 1987 com o EP Expurse of Sodomy e com o álbum Persecution Mania a banda apagou tudo que foi feito até este ponto, Obsessed by Cruelty é um lindo momento para aquele tempo. Sodom continuaria, lançando o álbum mais popular de sua carreira e é o que faz Obsessed by Cruelty tão interessante. Talvez exista uma razão para tudo. E eu como, gosto de pensar que Persecution Mania e Agent Orange nunca teriam acontecido se não fosse pelo Obsessed by Cruelty. Não sei por que eu acho isto, mas na verdade tenho medo de questionar, pois Sodom pode muito bem regravá-lo e me provar o contrário.


terça-feira, julho 26, 2016

Destaques de Junho 2016

The Vision Bleak // The Unknown - Se The Vision Bleak fosse uma banda de death metal eles seriam louvados por sua incrível arte da capa “old school”. Infelizmente, eles são uma banda de metal gótico, então, tenho certeza que estes mesmos fãs de death metal irão me acusar de não ter credenciais de headbanger por gostar do The Unknown como eu gosto. Como nenhum outro álbum que ouvi este mês, The Unknkown cativou os meus sentidos e me levou para dentro de seu Universo. A chave pra mim é a composição das músicas. The Unknown é uma combinação de sons incomuns para a cena hoje em dia e após tantos anos, isto parece um chamado de uma sereia para mim. A combinação daquele Type O Negative dos anos 90 e os vocais baixos no estilo Moonspell, misturados com as faixas ríspidas e muito bem executadas, tornam este um ótimo álbum. Todas as faixas são muito bem balanceadas, “balanceado entre a beleza e o venenoso” se aproximando da escuridão com aquele clima desesperador da falta de esperança e sua atmosfera escura. Esta combinação de atmosferas e composições muito bem compostas fazem do The Unknown um grande álbum e possui seu lugar fixo em minha playlist.


Thrawsunblat // Metachtonia – Este ano tem sido fantástico para o revival do black metal melódico. Com bandas como Sacrilegium, Moonsorrow, Winterhorde e Mistur, estas bandas me mostraram que o black metal em algum momento deixou de ser absurdamente repetitivo. Eu sei, parece ser um choque, mas em algum momento pessoas compuseram músicas que são interessantes de ouvir e que fazem uma pessoa “bater cabeça” e contar aos seus amigos sobre a banda. Enquanto Thrawsunblat perdeu pontos por terem não apenas um, mas dois títulos de álbuns que ninguém consegue pronunciar, eles estão muito ocupados destruindo nos palcos em sua turnê na Escandinávia junto com Mangarm, Moonsorrow e Mistur para se importar. Este álbum é cheio de ótimas composições, ambientes/atmosferas muito bem compostas e com uma mão do post-black metal de Agalloch. E esta uma hora de duração? Por sorte Metachthonia é um álbum conceito muito bem composto que enriquece e premia a cada audição. O material é muito superior ás suas falhas e sua duração de uma hora, mesmo com suas falhas, é cativante e nunca é longo demais.



Be’lakor // Vessels – O glamour dos garotos do melo-death da Australia voltaram rugindo com mais uma dose pesada no estilo “Insomnium Gatherum” e me surpreenderam com sua qualidade musical. Leio na internet que alguns acharam meio cansativo outros defenderam que era belo e atmosférico. Mesmo os que defendem a banda, no entanto admitem que Vessels não possui o impacto dos álbuns anteriores, mas ainda são os melhores no estilo melodic death.  Ainda é muito recomendado se você gostou dos álbuns anteriores ou se você curte bandas como Insomnium Gatherum. No entanto, achei que faltou um pouco de qualidade na produção do álbum e os problemas ficam ainda mais fáceis de ouvir desta vez.

quinta-feira, junho 23, 2016

Dream Theater em São Paulo foi um convite para outra realidade

        A expectativa para The Astonishing se concretiza e público é levado para outra dimensão através da música e temática do álbum novo.

Marcos Franke

           Dream Theater retorna á cidade da garoa para divulgar o elogiado álbum The Astonishing, um dos álbuns definidos por muitos fãs como um retorno á magia deixada para trás após o lançamento do grande clássico da banda: o Metropolis Pt.2: Scenes of a Memory. Com uma configuração totalmente diferente da convencional, o Espaço das Américas escolheu cadeiras para acomodar o público, que ansioso estava para ver um dos melhores lançamentos da banda tocado na íntegra. Com um atraso de meia hora no cronograma, o Dream Theater inicia seu show ás 21:30 da noite. Com um palco todo temático, inspirado na história contada no álbum, bandeiras dos clãs GNEA e Ravenskill e postes de luz antigos fazem contraste com a tecnologia do fundo do palco. Com o escurecer das luzes da casa de shows, somos recepcionados pelos NOMACs, os mascotes e a razão pelo colapso do Mundo futuro retratado pela banda em The Astonishing, pois são a única fonte de música que pode ser ouvida. Eles, pelo ponto de vista da banda, são uma inteligencia artificial que automatiza a cacofonia sem alma. Em entrevistas recentes de John Petrucci, a banda pretende explorar mais estas criaturas em uma futura novelização de suas músicas. A história atual no entanto é mais direcionada aos personagens Humanos e suas lutas internas/externas.
           O show foi longo. Foram aproximadamente três horas de muita música e tivemos direito a um intervalo entre os dois atos do álbum The Astonishing. Para muitos fãs, o fim do show foi o fim do primeiro ato, pois muitos ficaram com medo de ficar sem o serviço do metrô. Mas os que assistiram ao primeiro ato testemunharam grandes momentos como a carro chefe do álbum The Gift of Music, a maravilhosa The Answer, que quase acústica é acompanhada pelo teclado de Jordan Rudess e pelo violão de John Petrucci e a incrível voz de James Labrie - na minha opinião um dos momentos mais lindos e harmônicos do show. Em Lord Nafaryus percebe-se claramente que a competência de Mike Mangini nas baquetas é desafiada, variando de estilos na música inteira - impressionante. The Astonshing tem baladas muito boas como A Savior In The Square, outro momento muito belo do primeiro ato com John Petrucci tocando sua guitarra com muita alma, sem ser desafiado - os momentos sempre mais belos do guitarrista em ação emendada com, a When Your Time Has Come - que prova que a banda precisa deixar de querer mostrar que é técnica e deixar florir mais a grande habilidade de criar melodias como esta e a muito boa Act of Faythe. A grande influência que o palco e as imagens do fundo trazem para a música é simplesmente incrível. Os momentos pesados ficaram com Three Days, A Life Left Behind - esta última um exemplo clássico por que Dream Theater são já os mestres do metal progressivo que se conhece hoje em dia. Com poucos momentos de agito, o primeiro ato passou meio que sem muito retorno do público, que mais estava extasiado com os grandes momentos de viagem musical com Ravenskill, Chosen e A Tempting Offer - que em raros momentos mostrou John Petrucci preocupado em agitar o público, que estava em catarse absorvendo a quantidade absurda de informação vinda do palco. Tratando-se de um trabalho ainda recente, era o que o público podia fazer. O primeiro ato termina com músicas pesadas - as incríveis A New Beginning e The Road to Revolution, com grandes interpretações de John Myung e Mike Mangini.
           O segundo ato do show se inicia após um intervalo de 15 - 20 minutos. Mais uma vez somos brindados com os Nomacs, com o público retornando ao Mundo de luta entre clãs e o amor entre duas pessoas. Moment of Betrayal é um dos momentos mais incriveis do segundo ato, deixando os que continuam no show perplexos com a técnica de John Myung no baixo, que acompanha com uma aparente facilidade a velocidade da bateria e da harmonia de John Petrucci. Impressionante. Com Begin Again, a banda retoma a melodia acústica que acompanha o álbum inteiro, deixando-a ainda mais bela com a grande interação Jordan Rudess e John Petrucci. O peso retorna em The Path That Divides e possui o seu ápice em The Walking Shadow, que até possui uns gritos ousados de James Labrie, que dramatiza assim a morte de um dos personagens da trama retratada no painel dos fundos. Percebe-se que agora que o ápice toma conta com My Last Farewell, com interpretações incríveis de John Myung, John Petrucci, Mike Mangini e James Labrie - nem parece que a banda é apenas composta por quatro integrantes. O clima fica mais triste e lento com as lentas Losing Faythe e Whispers On The Wind. A banda retoma o clima mais feliz com Hymn of a Thousand Voices com uma das melhores interpretações de James Labrie na noite. Com Our New World a banda termina seu segundo ato e retorna para o bis com a última música do álbum The Astonishing, que se chama Astonishing, que encerra o show reprisando a melodia principal do álbum - que momento belo foi este. Esta noite foi uma experiência que pode sim ser retratada como um teatro dos sonhos - que nós possamos testemunhar mais momentos como estes e sonhar com uma das bandas mais incríveis da atualidade. Bravo!


sábado, abril 30, 2016

Marillion renega seu passado com bom show em São Paulo

Os monstros do rock progressivo vem ao Brasil e se concentram em seus sucessos mais recentes renegando cada vez mais o que os tornou tão bem sucedidos




             O Marillion já possui um relacionamento de amor com os brasileiros. É de se saber que a banda tem como quase certa uma casa bem cheia quando vem para São Paulo. Foi o que aconteceu nesta sexta-feira (30/04). Com um público bom, a casa de shows Tom Brasil foi mais que o suficiente para abrigar aqueles sedentos por rock progressivo. Foi mais ou menos isto que o Marillion trouxe em seu setlist. Iniciando seu show ás 22:20 a banda levou o já impaciente público ao delírio. Percorrendo álbuns com muitos sucessos como o aclamado Seasons End (1989) e aqueles que hoje vivem no underground, como o Sounds That Can't Be Made (2012) a banda trouxe seus integrantes em uma fase mais introspectiva, utilizando-se de imagens no fundo do palco que abrangem desde os sentimentos internos Humanos e reciclagem - seja ela sonora ou interna. A performance de Steve Hogarth nos vocais é sempre uma grande incógnita, pois sempre abrangeu do mais ou menos para o excelente - esta noite Hogarth estava muito bem inspirado, principalmente nos momentos em que sua voz precisava de seus alcances como em Easter ou até em King - um dos momentos do show em que Hogarth precisou da ajuda da platéia para não deixar a peteca cair.
             A grande figura da noite no entanto foi Pete Trewavas (baixo) que se soltou muito mais esta noite, percorrendo o palco inteiro e se comunicando com o público. O guitarrista Steve Rothery no entanto, sempre sorridente, teve momentos de complicação com o seu instrumento na hora do ápice da música Sounds That Can't Be Made. A tranquilidade do músico para resolver seu problema demonstra a experiência de um verdadeiro músico, que calmamente trocou a guitarra e continuou seu som até o fim. Mark Kelly também teve momentos de falhas como em 80 Days (do álbum This Strange Engine) onde seu teclado que imita uma trumpete perdeu o fio da meada por alguns segundos, mas logo recomposto pelo músico. A banda percorreu músicas de seus álbuns que mais sucessos radiofônicos obtiveram, como Clutching at Straws (1987) e Afraid of Sunlight (1995) e Marbles (2004). Destaque para longa The Invisible Man que foi tocada no primeiro bis da noite, do fantástico Marbles (2004) demonstrando mais uma vez por que a banda hoje é tão prestigiada pelos fãs da boa música progressiva.
 Acho no entanto que a banda deveria uma vez vir ao Brasil tocar somente clássicos dos álbuns Fugazi, Script for a Jesters Tear e  talvez tocar Missplaced Childhood na íntegra para os fãs mais assíduos. Na noite, a única menção a este passado distante ficou para Kayleigh (Missplaced Childhood) e Garden Party (Script for a Jester's Tear). Queria muito uma vez poder ouvir ao vivo a sequência Pseudo-Silk Kimono, Kayleigh, Lavender ou até a grandiosa Bitter Suite com a sua grandiosa sequência de músicas que se encaixa maestralmente uma na outra. Queria uma vez também ouvir o clássico Script for a Jester's Tear emendando com He Knows You Know do álbum Script for a Jester's Tear (1983). Também acharia incrível testemunhar músicas do tão renegado Fugazi (1994) com as grandiosas Assasing seguida por Punch and Judy.
             O quinteto inglês no entanto se limita e muito trazendo mais do mesmo, apesar de que o público presente, mesmo utilizando camisetas destes respectivos álbuns, saiu feliz e satisfeito do show após ouvir Garden Party, Pour My Love, Afraid of Sunrise e Beautiul - estas duas últimas ambas do álbum que mais divulgou o Marillion no Brasil - Afraid of Sunlight (1995) que teve Beautiful na novela Cara & Coroa da Globo.
              Um bom show, mas que teve um certo sabor de decepção por mais uma vez não trazer músicas de seus álbuns que os levaram a ser uma das bandas de rock progressivo mais bem sucedidas do Mundo.


SETLIST

The King of Sunset Town
Cover My Eyes
Power
Pour My Love
80 Days
Sugar Mice
Afraid of Sunrise
Easter
You're Gone
Kayleigh
King

Encore
The Invisible Man

Encore 2
Beautiful
Garden Party


quinta-feira, abril 28, 2016

Avantasia traz Ghostlights para São Paulo com direito a gravação de Clipe e Show

A ópera rock voadora chegou a São Paulo com grandes astros do rock e gravou um dos melhores shows da banda em solo tupiniquim.


Um dos melhores projetos de heavy metal de todos os tempos, o Avantasia, veio ao Brasil divulgar seu mais novo álbum Ghostlights (2016) e como presente para os fãs, fizeram a gravação do clipe para a música Draconian Love em solo brasileiro e a gravação do show para um futuro DVD. A fase de Tobias Sammet não poderia ser melhor. Acompanhado dos melhores músicos da cena, o show do Avantasia não poderia ser menos que um dos melhores shows do ano. Com ninguém mais, ninguém menos que Michael Kiske (Unisonic, ex-Helloween), Jorn Lande, Ronnie Atkins (Pretty Maids), Amanda Somerville (Aina), Herbie Langhans (Beyond the Bridge, ex-Seventh Avenue), Oliver Hartmann (Hartmann, ex-At Vance), Eric Martin (Mr.Big), Sascha Paeth, Felix Bohnke (Edguy), Robert Hunecke-Rizzo (Luca Turilli) a tropa Tobias Sammet (Edguy) veio ao Brasil destruir as metas de alguma banda da cena alternativa do heavy metal fazer um show tão épico quanto este.

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