sexta-feira, abril 28, 2006

Destruction, Leave's Eyes, Atrocity & Scars no Via Funchal, São Paulo, 21/04

Já não é novidade que o Destruction é uma das grandes lendas do thrash metal no mundo, muito menos que o Atrocity e o Leave’s Eyes são praticamente a mesma banda. Novidade para mim foi a banda Scars abrindo a noite que foi dominada por alemães. Com um som horrível e embrulhado por estar alto demais, a banda subiu ao palco para divulgar seu EP The Nether Hell. É impressionante como não se conseguia entender sequer uma música do grupo. A performance, no entanto, foi algo até que interessante, já que a banda conseguia transmitir sua empolgação em partes. Ao término do show, o Scars acabou se despedindo e deixando um certo vácuo, com fãs sem saber direito o que aconteceu. Não demorou muito para que o Atrocity subisse ao palco. Alex Krull, com suas enormes madeixas de praticamente um metro de comprimento, foi um show a parte. Seu microfone em forma de “A” de Atlantis, nome do álbum novo, dava um tom mais industrial àquela banda de death metal por ser algo que remete a tecnologia e mundos desconhecidos. O restante do conjunto subiu empolgado, o contrário do grande público que apenas levantou por curiosidade, sentando-se novamente. Os que estavam lá na frente, na maioria, eram fãs do Leave’s Eyes e agitavam sempre quando Liv Kristine subia ao palco para fazer os backing vocals. Após tocarem todos os grandes hits de Atlantis, como “Reich of Phenomena”, “Necropolis”, “God Of Nations”, “Clash Of The Titans”, “Enigma” e a interessante cover para “The Great Commandment” (do Depeche Mode), os integrantes do Atrocity continuaram seu set tocando “Seasons In Black”, “B.L.U.T.”, “Apocalypse”, “Omen” e “Cold Black Days”. O momento em que houve vaias no público foi quando a banda tocou a segunda cover. A música “Shout”, do álbum Werk 80, onde a cantora Liv subiu junto com o marido – desta vez desacompanhado do pedestal. Ao término do show, o grupo saiu do palco e voltou novamente com o Leave’s Eyes, desta vez com Liv Kristine comandando os vocais. A meiga garota dos cabelos loiros subiu ao palco com o vestido igual ao de seu último álbum, The Vinland Saga. A ex-vocalista do Theatre of Tragedy fez uma ótima apresentação, demonstrando muita técnica e carisma. Músicas como “Norwegian Lovesong”, “Tale Of The Seamaid”, “Farewell Proud Men”, “Ocean's Way”, “Lovelorn”, “The Dream”, “Secret”, “Solemn Sea”, “For Amelie”, “Temptation”, “Into Your Light”, “Return To Life” foram tocadas, finalizando seu show com a ótima “Elegy”. Gostaria de destacar a ótima performance do guitarrista Mathias Röderer e do baixista Christian Lukhaup que, com suas técnicas apuradas, fizeram destes dois shows uma verdadeira aula de como se deve tocar um instrumento. O som de ambas as bandas estava bom mas, por incrível que pareça, alguns samplers ficaram meio que de fora ou inaudíveis.
Era a vez da grande lenda do thrash metal subir. O Destruction se atrasou um pouco, mas foi devido aos ajustes de perfeccionista que foram feitas nas luzes do local. Quando o conjunto entrou no palco, o público já se concentrava bem na frente sedentos por thrash metal. A banda – que é formada por Schmier (baixo), Mike (guitarra) e Marc (bateria) – subiu ao palco com uma intro bem interessante começando logo com a fantástica “Soul Collector” do novo álbum Inventor of Evil. O grupo não demorou para lançar os verdadeiros clássicos como “Mad Butcher”, “Nailed to the Cross”, a clássica “Unconscious Ruins”, “The Defiance Will Remain”, o fenomenal medley “The Ritual/Antichrist/ Release from Agony”, “Thrash till Death”, “Eternal Ban” e “Life without Sense”. O momento de Marc foi algo simplesmente destruidor. Seu solo, que durou uns três minutos mais ou menos, foi algo (no mínimo) interessante.
“Tormentor”, “Thrash Attack” – que criou uma roda gigantesca no meio do público – “Metal Discharge”, “Death Trap”, “Desecrators of the New Age”, “Confused Mind”, “Invincible Force” e “Curse the Gods” vieram em seguida. Mas se você acha que o set-list termina aqui, você está bem enganado. Prometendo fazer o maior set-list já feito para uma turnê, a banda continuou com a grandiosa seleção da noite. Para terminar, ainda tocou “Bestial Invasion”, “Total Desaster” e a fabulosa “The Butcher Strikes Back”. Um show único, feito por três músicos já bem experientes na arte de praticar o peso do thrash metal. A banda deixou o palco prometendo que irá voltar pela sexta vez, esperando que o Brasil vença pela sexta vez o campeonato mundial de futebol. Fico imaginando: seria uma boa idéia misturar futebol e thrash metal?