Vou escolher um dos álbuns mais toscos que conheço para iniciar esta nova coluna que abordará discos antigos. O artigo é sobre o primeiro
álbum do Sodom - Obsessed by Cruelty. Toda vez eu tento encontrar palavras que
seriam justas em relação á ele, sem sucesso. Esta “justiça” com palavras sempre depende do ponto de vista
da perspectiva do ouvinte. Para os ouvidos deste que vos escreve, este debut de
30 anos é uma grande confusão. Mas agora que o novo lançamento do Sodom, "Decision Day", está próximo, eu encontrei coragem para tirar o Obsessed by
Cruelty da prateleira e dar outra ouvida. Pode ser inspiração, nostalgia, pode
ser Peter Steel me chamando das labareda
s do inferno. Apesar de achar Persecution Mania, Agent Orange e M-16 mais fáceis de descrever, Obsessed by Cruelty faz parte da história. Uma que merece meu respeito e sua menção.
s do inferno. Apesar de achar Persecution Mania, Agent Orange e M-16 mais fáceis de descrever, Obsessed by Cruelty faz parte da história. Uma que merece meu respeito e sua menção.
Entre as linhas de composição do Obsessed by Cruelty existe
um som mais cru, sujo, mais Sodom. Um som que fez Sodom ter uma roupagem
mais escurecida do estilo do Venom. Tudo começou em 1984 com o EP In the Signo f Evil.
Sodom pegou aquela formula old-school do Venom e a fez mais agressiva e mais
obscura. O resultado foi o EP de cinco faixas que seria o primeiro álbum da
banda. Talvez possua uma produção de Neandertal e músicas muito longas para seu
próprio bem, mas como o Venom antes deles, In the Signo f Evil tinha poder de
presença. Sons como “Blasphemer” e “Burst Command til War” me cativam toda a
vez que as ouço. E isto causou uma impressão nos fãs naquele tempo, rendendo ao
Sodom a marca de trio mais cru e mais obscuro da Alemanha.
Assim, o que deveria ser o primeiro álbum do Sodom chegou e
foi. Não era thrash e não era o melhor deles, mas foi um bom início. Após uma
mudança pequena de guitarrista, com a saída de Grave Violator para a entrada de Destructor, 1985 encontrou o
trio (junto com Tom Angelripper e Witch Hunter) que entrou no estúdio para
gravar o álbum mais obscuro de sua discografia. O resultado foi um álbum de
onze faixas e de 37 minutos das músicas mais mal produzidas, incoerentes e estranhas já
compostas pela banda. As guitarras estão fora do tom, a banda está mais solta
que o pudim de tapioca da vovó e a organização do álbum é pior que uma
coletânea de melhores de uma banda de quinta. A música sinistra que abre o álbum dá ênfase ao assalto
violento de “Deathlike Silence” o que representa perfeitamente o Sodom de 1986.
Os riffs obscuros no estilo Venom e a mesma atitude sangram pelo resto do
álbum. “Brandish the Sceptre” e “Equinox” usam a fórmula introduzindo seus
próprios e sutis temperos á mixagem. Aquelas quebradas no meio das músicas e a grande quantidade de bateria misturadas
aos riff supersônicos de Angelripper se unem ao que na época se definia de
thrash metal. Há também músicas como “Proselytism Real” e “Obsessed by Cruelty”
que marcham para dentro da tentativa de mixar todas as inspirações mais pra frente. “Proselytism
Real” talvez tenha a pegada de guitarra mais cativante do álbum, mas se arrasta para um tipo de arrastado no estilo Autopsy – o que não funcionou. A música
título sofre com uma introdução estranha, mas retoma como uma das melhores do álbum.
Se você possui a versão européia de 1986 do álbum, você
ganha três coisas que os americanos não receberam. Um guitarrista diferente (Assator),
uma produção “melhor” e uma faixa adicional. “After the Deluge” não é uma
audição necessária, mas é uma adição legal – redondando a primeira parte do álbum muito
bem. A parte de trás do álbum (segunda parte) é mais fraca e seria uma lástima
se não fosse pela “Pretenders of the Throne e a animal “Witching Hammer”.
Também acho que seria bem mais respeitável se eles não tivessem escolhido a
chata “Volcanic Slut” para o trabalho. Sim, eu entendo por que muitos fãs amam
esta música. Mas ela é tão ruim que ela me faz encolher num canto e não querer
mais sair de lá.
Apesar de tudo em 1987 com o EP Expurse of Sodomy e com o
álbum Persecution Mania a banda apagou tudo que foi feito até este ponto, Obsessed
by Cruelty é um lindo momento para aquele tempo. Sodom continuaria, lançando o
álbum mais popular de sua carreira e é o que faz Obsessed by Cruelty tão
interessante. Talvez exista uma razão para tudo. E eu como, gosto de pensar que
Persecution Mania e Agent Orange nunca teriam acontecido se não fosse pelo Obsessed
by Cruelty. Não sei por que eu acho isto, mas na verdade tenho medo de
questionar, pois Sodom pode muito bem regravá-lo e me provar o contrário.
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