sexta-feira, outubro 02, 2015

São Pedro frustra fãs de Mastodon na Arena Anhembi

Slipknot faz show memorável tendo como banda de abertura os azarados do Mastodon

Pano de Fundo Mastodon

Com o advento do Monsters of Rock do ano passado, não imaginava que veria Slipknot passar pelo Brasil tão cedo. Mas como o futuro só a Deus pertence, a banda retorna ao Brasil um ano depois escalado para tocar no Rock in Rio. Aproveitando a deixa, os americanos do Slipknot não poderiam deixar de visitar os fãs mais ávidos da banda no Brasil, os paulistas. O mais interessante, no entanto, é a banda trazer os seus compatriotas do Mastodon para abrir seus shows na América Latina. Já com fama estabelecida na Europa e nos Estados Unidos, os americanos oriundos de Atlanta, especificamente da Geórgia, aterrissam em solo tupiniquim pela primeira vez. Com uma Arena Anhembi lotada, a banda traz a sua mescla de metal progressivo, hard rock, sludge e até hardcore para um público curioso, pois o show deles no Rock in Rio foi simplesmente impecável. Infelizmente havia São Pedro novamente, que insistia em querer fazer parte dos shows do fim de semana. 
Troy Sanders - baixista do Mastodon
Brann Dailor, Brent Hinds, Bill Kelliher e Troy Sanders sobem no palco e iniciam os trabalhos divulgando seu mais recente álbum, Once More ‘Round the Sun (2014) com Tread Lightly, que possui uma pegada meio folk no início para explodir num heavy metal empolgante. Troy Sanders, que liderava os vocais naquele momento, se impressionava com a recepção do público que surpreendentemente agitava e muito com a música. A banda não demorou em emendar Once More ‘Round the Sun desta vez com Brent nos vocais. Não tardou para começar a chover e após Blasteroid, do álbum The Hunter (2011) um riacho caía do céu molhando á todos, inclusive a banda. O quarteto ainda tentou aquecer o público com The Motherload, Chimes at Midnight e a grandiosa High Road, esta última cantada pelo baterista Brann Dailor para perceberem que a chuva não parava e começava a molhar retornos e equipamentos. Logo a produção interveio e pediu que a banda terminasse seu show. A sensação de frustração era grande para o a banda ter que deixar o palco e para o público que foi abandonado após Aqua Dementia do também elogiado Leviathan (2004).
#8 (Corey Taylor) - vocalista Slipknot
Interessante é que o aguaceiro termina logo na apresentação do Slipknot – para a alegria dos fãs. Com uma montagem de palco incrível, a banda contava com uma espécie de pista de desfilar, acompanhada por luzes e no final dela um espelho onde logo acima dele havia uma cabeça de porco (?) pendurada que acendia os olhos! Com direito a dupla introdução -  Running With the Devil do Van Halen e XIX, todos os integrantes entram em cena para começarem o show com, apenas Corey Taylor, entrar cantando depois com a música Sarcastrophe estas últimas do recente trabalho da banda .5: The Grey Chapter. Com o público agitando muito com as fortes labaredas de fogo fátuo vindas do palco, a banda emendou com The Heretic Anthem, uma das músicas mais fortes do pesadíssimo Iowa (2006) – o impacto visual fica para as cabeças de bode nos tambores que subiam e desciam do lado direito e esquerdo do palco com os malucos do #3 e o famoso palhaço, o #6. Para não deixar a bola cair, Corey Taylor logo emenda anunciando Psychosocial, um dos grandes clássicos da banda do bom All Hope Is Gone (2009) – com muitos elogios e “Muito Obrigado”, Corey Taylor diz que este era um dos momentos mais incríveis, estar junto de seus fãs seguindo o show com a mais lenta The Devil in I – um dos momentos em que Corey Taylor realmente mostra seu potencial de cantor. 
#4 (James Root) - guitarrista Slipknot
A terceira marcha é apenas engatada com a incrível AOV – na minha opinião a melhor música do .5:The Grey Chapter – mistura a violência musical de Slipknot com o grande talento vocal de Corey Taylor. Um dos momentos em que banda ensaia uma pegada mais thrash metal em seu estilo. As rodas agradeciam naquele momento. A calmaria se aproximou com a Vermilion, do bom Subliminal Verses (2004) com destaque para o ótimo trabalho de guitarra do #7 ou Mick Thompson se preferirem. Era o momento de um clássico da banda, Wait and Bleed, onde a pegada mais nu-metal fica mais evidente com a clara participação do DJ Sid Wilson, ou #0. Enquanto isso Jay Weinberg, o novo baterista, fazia um ótimo trabalho substituindo Joey Jordison, o eterno #1, que deixou a banda no ano passado. Alessandro Venturella vem substituindo Paul Gray, falecido em 2010 nos shows ao vivo e vem fazendo um bom trabalho no baixo. Os samplers entram em ação com o #5 (Craig Jones) e era a hora de Killpop uma das músicas menos cadenciadas do álbum novo – interessante que são exatamente estas que destacam e muito o conjunto, o trabalho da banda como um todo.Ouve-se exatamente a participação de cada integrante. O agito começa novamente com a pesadíssima Before I Forget do bom Subliminal Verses e Sulfur que contou com rodas imensas do público. O grande hit para rádio, Duality do álbum Subliminal Verses também não foi esquecido – os mascarados em seus grandes tambores batiam com vontade enquanto o DJ sapateava pelo palco em seus momentos de “intervalo”. 
#7 (Micke Thompson) - guitarrista Slipknot
Com Disasterpiece, a banda volta a criar o caos nas rodas que se criavam entre os fãs, em um dado momento, na música Spit it Out, Corey Taylor pára o show e pede para que os fãs fiquem agachados – já é tradicional nos shows do Slipknot – e faz as pessoas pularem para cima. Acho empolgante este tipo de interação com os fãs e termina a seleção com Custer – uma das músicas mais insanas de seu set. A banda ainda volta para o bis com (sic), People=Shit e Surfacing, encerrando a noite do terror com chave de ouro. Um show empolgante que satisfez os fãs tocando músicas de sua discografia inteira. [MF]

Crédito Fotos : Edi Fortini (https://www.flickr.com/photos/efortini/)

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