Marrero, a banda de abertura, faz ótimo show mas seu stoner rock ficou um pouco perdido para um público sedento por metal industrial.
Quando foi divulgado amplamente na imprensa de que o Fear
Factory tocaria o Demanufacture inteiro, fiquei um pouco receoso, afinal, há 20
anos este petardo foi lançado no Mundo como uma pedrada na cara dos fãs mais
mente fechada dentro do segmento heavy metal. Este grande álbum foi um impacto
tão grande no mercado, que aqueceu ao máximo o mercado do metal industrial,
causando um impacto estrondoso na mídia e no mercado nos anos 90. Iniciava-se
um novo nicho de mercado por causa deste álbum. Nem Rhys Fulber (grande fã de
Led Zeppelin e Kraftwerk), responsável pela produção do álbum e produtor de
bandas como Frontline Assembly, imaginou que bandas como Paradise Lost (Symbol
of Life, In Requiem) e Nailbomb (Proud
To Commit Commercial Suicide) procurariam mais tarde seus serviços por
causa deste grande álbum. Será que teria o mesmo impacto sobre o público 20
anos depois? Esta era a minha pergunta da noite. Mas antes de saber a resposta,
ficaríamos com a banda de abertura Marrero e seu stoner metal. A banda, que
nasceu através do vocalista e baixista Voodoo Shyne – que juntou seus amigos
Estevan Sinkovitz (guitarrista), Anderson Kratsch (voz) e Felipe Maia (bateria)
– deixou a banda e os remanescentes decidiram continuar como um trio. Com
músicas como Pense Por Dois, Au e Aquele Mesmo Lance a banda mostrou uma
interessante solução para a ausência do baixo, já que Estevan faz sua guitarra
soar como se um baixo estivesse acoplado ao seu instrumento. Muito
interessante. A simplicidade do som faz a voz grave de Anderson destacar
trazendo um efeito muito legal á banda. Achei ousado por parte da banda abrir
para o Fear Factory, já que o som de Marrero, mal tinha algo haver com a música
dos norte-americanos – o público no entanto aplaudiu e respeitou muito a banda
durante o show. Com a saída da banda
Marrero do palco, já se via um público ansioso.
Quando Burton C.Bell, Dino Cazares, Mike Hellner e Tony Campos pisam no
palco, uma viagem no tempo aconteceu logo com a pedrada Demanufacture e os
riffs pegados de Dino Cazares – sem contar que os vocais de Burton C.Bell estão
impecáveis. Rodas eram abertas no público para o delírio da banda, que se
empolgou junto com os fãs. Sem muita cerimônia a banda continuou com Self Bias
Resistor e Zero Signal, músicas que foram recepcionadas com stage diving e mosh
pit. A cozinha Tony Campos e Mike Hellner estava afinadíssima e máquina de
“guitar shredding” Dino Cazares, estava muito bem! O quarteto não fez muita
cerimônia e seguiu a pedrada com o clássico Replica e a absurdamente
contagiante New Breed. Destaque para Burton C.Bell que o tempo todo interagia
com o público e pouco se incomodava com os milhares de flashes de câmera que
insistiam em persistir durante o show inteiro mesmo com um nível tão intenso de
agito por parte do público. Seguiu o show anunciando Dog Day Sunrise e logo
emendaram com a minha preferida do álbum: Body Hammer! Que som incrível é este!
Ninguém ficou parado quando esta foi tocada. A banda continuou com Flashpoint, H-K (Hunter-Killer),
Pisschrist e finalizou o álbum Demanufacture com A Therapy for Pain. Para quem
estava extasiado e ainda com pernas bambas por causa das rodas de mosh, mal
imaginavam que Fear Factory ainda não havia terminado seu set. A banda deixou o
palco por cinco minutos mas voltou para o bis. Com a grandiosa Shock e a
incrível Edgecrusher, ambas do álbum Obsolete (1998) Fear Factory mostra que
veio para pôr a Clash Club abaiixo. Com Dielectric, Burton C.Bell se permite
juntamente com Dino Cazares, Mike Hellner e Tony Campos, tocar uma música do
álbum novo, Genexus (2015) – muito bom por sinal. O quarteto ainda toca
Archetype, do álbum Archetype (2004) e encerra o show com Martyr, que conforme
Burton C.Bell foi a primeira música composta para o Fear Factory para o grandioso álbum Soul of a New Machine (1992).
Um grande show, que demonstrou que o Fear Factory ainda desperta o mesmo
sentimento nos fãs atuais, o que despertava nos anos 90. E sinceramente, mesmo
com o álbum novo Genexus, tem como não despertar? Bravo!
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